Topo

Acuada com Brexit, premiê britânica mantém cargo, mas abre mão de reeleição

Theresa May - Isabel Infantes/Xinhua
Theresa May Imagem: Isabel Infantes/Xinhua

Do UOL, em São Paulo

12/12/2018 19h01Atualizada em 12/12/2018 19h34

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, conseguiu manter-se no cargo após a votação da moção de desconfiança, impulsionada por seus próprios correligionários do Partido Conservador, em meio às incertezas sobre o processo de saída britânica da União Europeia. Mas os custos para que May fosse mantida no posto foram altos: a premiê se comprometeu a não disputar a reeleição para um novo mandato em 2022.

"Ela disse que não tinha intenção de liderar (a campanha) para as eleições de 2022", afirmou o deputado Alex Shelbrooke, ao fim de uma reunião entre a chefe de governo e os legisladores de seu partido.

May precisava de 159 votos para conquistar o voto de confiança e permanecer como líder dos conservadores --teve 200 votos a favor e 117 contra. Em declaração após o resultado, a premiê reconheceu que um "número significativo" de parlamentares votou contra ela, e afirmou que vai "ouvi-los". Mas ela destacou que seguirá adiante com a sua proposta para o Brexit.

Outra votação similar não poderá ser realizada no período de um ano, de acordo com as regras do partido. A ação interna do Partido Conservador ocorreu enquanto May enfrenta um descontentamento generalizado no Parlamento britânico com o acordo negociado por ela sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 29 de março.

Antes da votação, May defendeu que a escolha de um novo líder conservador seria um "risco" para o futuro do país e destacou que um outro chefe não teria tempo suficiente para reabrir as negociações com a União Europeia (UE) sobre o Brexit. Para a premiê, uma nova liderança teria que adiar a retirada do país da UE ou revogar a notificação em que é baseada, o Artigo 50° do Tratado de Lisboa, que permite a retração de um país-membro do bloco e que o Reino Unido invocou em março de 2017, dando início ao processo para a saída britânica do bloco comunitário europeu. Na opinião de May, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, seria o beneficiário da chegada de uma nova cabeça à frente dos conservadores, que estão no poder.

Para organizar um desafio de liderança à chefe de Governo e líder do partido era necessário que 15% dos deputados de seu partido, ou seja 48, apresentassem um pedido neste sentido ao Comitê 1922, responsável pela organização interna dos 'tories'.

Um grupo de rebeldes eurocéticos, irritados com o acordo do Brexit que May negociou com Bruxelas por considerar que o texto faz concessões inaceitáveis à União Europeia, tentava reunir este número há algum tempo.

E eles finalmente conseguiram depois que a primeira-ministra cancelou na última hora, na segunda-feira, a votação sobre o texto que estava prevista para terça-feira 11 de dezembro no Parlamento e que deveria ratificar ou rejeitar o documento de 585 páginas acordado com os líderes de outros 27 países europeus.