'Novo Itamaraty' estreia em reunião que decidirá medidas contra Venezuela

Os ministros das Relações Exteriores dos países-membros do Grupo Lima se reúnem nesta sexta-feira (4), na capital peruana, com a participação sem precedentes dos Estados Unidos para definir ações contra o novo mandato de Nicolás Maduro na Venezuela, reunião que também contará com o chanceler do novo governo de Jair Bolsonaro.
Será a estreia do governo de Bolsonaro neste fórum e primeira participação no exterior de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty. Bolsonaro e Mourão classificam o governo de Maduro, que se preparara para iniciar um segundo mandato em 10 de janeiro, de ditatorial.
Antes da reunião, Araújo participou de uma reunião na residência do embaixador chileno em Lima que reuniu outros cinco ministros das Relações Exteriores do continente. "Nós admiramos aqueles que lutam contra a tirania da Venezuela e de outros lugares", disse Araújo ao tomar posse como chanceler na quarta-feira.
A reunião começou assim que a imprensa saiu da sala onde foram feitas as primeiras imagens. Não houve declarações iniciais. A consulta continuará a portas fechadas e um comunicado está marcado para as 17h30 locais (20h30 de Brasília).
De acordo com o comunicado divulgado pela diplomacia peruana à imprensa na quinta-feira, "os ministros das Relações Exteriores do Grupo de Lima se reunirão para analisar a situação na Venezuela e tomar medidas antes do início, em 10 de janeiro, do novo mandato presidencial de Nicolás Maduro, resultado de eleições ilegítimas".
As últimas eleições da Venezuela ocorreram em maio do ano passado e foram descritas como fraudulentas pela oposição. Essas eleições não foram reconhecidas pelos Estados Unidos, nem pela União Europeia, nem por grande parte da comunidade internacional.
Em função da grave crise econômica, a Venezuela enfrenta um êxodo migratório com 2,3 milhões de venezuelanos abandonando o país desde 2015, segundo dados da ONU.
Os venezuelanos fogem da escassez de alimentos e de remédios e uma inflação estimada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 10.000.000% para 2019.
Grupo de Lima + EUA
Criado em 2017 em meio à onda de protestos contra Maduro, o Grupo de Lima é integrado por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lúcia.Na última hora de quinta, o governo dos Estados Unidos anunciou que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, participará da reunião do grupo por videoconferência, apesar de não fazer parte do mesmo.
Durante sua visita ao Brasil para a posse de Bolsonaro, Pompeo acertou com o chanceler peruano, Néstor Popolizio, "aumentar a pressão" sobre o governo Maduro para restaurar "a democracia e a prosperidade" na Venezuela.
A decisão acontece em um momento em que os Estados Unidos aumentam seus contatos com os países sul-americanos e endureceram seu discurso contra o governo de Maduro.
A convocação do Grupo de Lima foi feita na mesma semana em que Pompeo foi recebido em Cartagena, na quarta-feira, pelo presidente colombiano, Iván Duque.
Na reunião, os dois governos concordaram em unir esforços para isolar diplomaticamente o governo de Nicolás Maduro e "recuperar" a democracia na Venezuela.
O presidente da Colômbia pediu aos "países defensores da democracia" que não reconheçam o novo governo de Maduro. O mandato começa em 10 de janeiro e deve se estender até 2025.
Segundo Maduro, os Estados Unidos estão coordenando um complô para gerar incidentes armados nas fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil e justificar uma intervenção militar.
Durante a reunião em Lima - acrescenta o governo peruano -, os participantes "vão considerar iniciativas de coordenação regional para a restauração da democracia e do respeito aos direitos humanos na Venezuela e para enfrentar o êxodo de cidadãos venezuelanos".
*Com AFP e Estadão Conteúdo
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