Topo

Em 1ª visita de Estado, Bolsonaro e Macri debaterão Mercosul e Venezuela

Mauricio Macri, presidente da Argentina - Nicolás Celaya/Xinhua
Mauricio Macri, presidente da Argentina Imagem: Nicolás Celaya/Xinhua

Luciana Amaral e Talita Marchao*

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

16/01/2019 04h01

Apesar de não ter participado da posse de Jair Bolsonaro (PSL), o presidente argentino, Mauricio Macri, é o primeiro chefe de Estado a ser recebido em visita oficial pelo novo governo brasileiro. Os líderes das duas maiores economias sul-americanas deverão abordar assuntos que são caros a ambos: a flexibilização do Mercosul e o endurecimento contra o venezuelano Nicolás Maduro.

Macri deve chegar ao Palácio do Planalto, sede do Executivo brasileiro, às 10h30 desta quarta-feira (16). Ele passará em revista às tropas, subirá a rampa externa do prédio e, no alto da estrutura, será cumprimentado por Bolsonaro. Ambos assistirão à execução dos hinos nacionais e, ao entrarem no salão nobre, posarão para fotos.

Em seguida, os presidentes seguirão para uma sala lateral reservada onde terão uma reunião fechada. Alguns ministros serão convidados a participar de encontro posteriormente. Segundo a assessoria da Presidência, para essa etapa estão confirmados Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia).

Macri traz em sua comitiva os ministros das Relações Exteriores, da Produção, da Defesa, da Fazenda, de Segurança e Justiça e dos Direitos Humanos.

Após a conversa ampliada, Bolsonaro e Macri farão uma declaração conjunta à imprensa para apresentar os resultados da reunião e, possivelmente, anunciar novas medidas. Do Planalto, seguem para almoço no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Há duas semanas, Macri optou por não interromper as férias com a família na Patagônia e deixou de vir à posse de Bolsonaro. Mandou em seu lugar o chanceler argentino, Jorge Faurie, que havia confirmado a presença de Macri na posse do brasileiro.

Mercosul, Venezuela e fronteira na pauta

Apesar das declarações do ministro de Economia, Paulo Guedes, ainda durante a transição de governo, de que o Mercosul não seria prioridade, o futuro do bloco entrará nas discussões dos dois presidentes.

Ambos defendem a mudança das regras do bloco, como a liberação para a negociação de acordos bilaterais sem a participação de outros integrantes --hoje, o Mercosul obriga que seus estados-membros negociem em bloco.

O acordo do Mercosul com a União Europeia, negociado há anos sem perspectiva de conclusão rápida, também devem ser debatidos no encontro, além da simplificação tarifária e da redução de barreiras internas no bloco.

A pressão ao venezuelano Nicolás Maduro, cujo novo mandato não é reconhecido nem por Brasil, nem por Argentina, deverá ser costurada também. A América do Sul sente os reflexos da crise de Caracas, com o crescente afluxo de refugiados venezuelanos para os países vizinhos.

A segurança e o monitoramento da fronteira entre Brasil e Argentina dois países também serão discutidos. Segundo o jornal argentino Clarín, Macri deve apresentar a Bolsonaro um plano de cooperação de segurança para a tríplice fronteira, com o apoio dos Estados Unidos. Proposta semelhante havia sido feita, mas enterrada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner.

Outros pontos em debate devem ser o combate ao crime organizado e à corrupção, a indústria de defesa, o desenvolvimento espacial e a energia nuclear. (Com Agência Brasil)