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Empresa diz vender lenços de papel contaminados com o vírus do resfriado

O lenço contaminado da Vaev vem em uma elegante caixa  - Divulgação
O lenço contaminado da Vaev vem em uma elegante caixa Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

26/01/2019 04h01

Uma startup americana sediada em Los Angeles afirma estar vendendo lenços de papel contaminados com vírus do resfriado. Por US$ 79,99 (cerca de R$ 300) é possível, supostamente, comprar o produto e ficar doente.

"Acreditamos que o uso de um lenço que transporta o resfriado humano é mais seguro do que agulhas ou pílulas", diz a nota que acompanha o produto, escrita pelo fundador da Vaev Tissue, a empresa que fabrica e comercializa a criação.

A empresa tem site oficial, perfis nas principais redes sociais e até mesmo fez um vídeo explicativo no YouTube. 

A imprensa americana ficou em polvorosa. Uma busca simples pelo termo "Vaev Tissue" no Google traz dezenas de reportagens feitas por veículos de comunicação nos EUA. Muitas, questionando a veracidade da mercadoria.

A revista americana Time é um exemplo. A repórter Mandy Oaklander entrou em contato com o dono da Vaev Tissue, Olivier Niessen, 34. Segundo ele, a ideia por trás do lenço é, de fato, ficar doente. 

Segundo Niessen, com o Vaev Tissue a pessoa escolhe quando vai ficar resfriada.  "Se você limpar o nariz com um lenço Vaev alguns dias antes de sair de férias, por exemplo, você tiraria o resfriado do caminho antes da sua viagem", argumentou.

No entanto, de acordo com especialistas, não é assim que os vírus funcionam. Só de resfriado, existem diversos tipos de vírus. Justamente por isso é que não existe vacina contra essa doença. 

Além disso, para se manter vivo, o vírus deve estar refrigerado e preservado, algo que não pode ser garantido no caso do Vaev Tissue. 

Existe até risco de morte caso uma pessoa idosa ou com problemas no sistema imunológico entre em contato com o vírus do resfriado. 

Segundo Niessen, a empresa garante que uma pessoa doente espirrou nos lenços vendidos e cerca de mil foram vendidos até agora.

O típico cliente são jovens na faixa dos 20 anos, que desconfiam de vacinas. 

De acordo com a reportagem, Niessen não está em nenhuma rede social e não teve a "existência" confirmada pela repórter. Na entrevista, ele apenas afirmou que já trabalhou como editor de vídeo para uma empresa na Filadélfia, mas não disse o nome da companhia. 

Niessen também se recusou a dar detalhes sobre a empresa, mesmo os mais simples. A reportagem não conseguiu confirmar nem mesmo se a companhia existe mesmo na Califórnia. Tanto o site quanto o perfil no Twitter estão localizados em Copenhague, na Dinamarca. Vaev, inclusive, significa lenço em dinamarquês. 

O ator e modelo Grant Eastey, 28, é a única outra pessoa que pode ser ligada à empresa. Ele participou de uma sessão de fotos do produto e afirma que usou o lenço, mas não sentiu nada. 

No site da Vaev, o lenço está "esgotado", por causa de problemas na cadeia de suprimentos, segundo Niessen. Mesmo assim, ele garante que sua empresa --e o produto-- realmente existem. 

"As pessoas acham que é falsa. Não é", afirmou à revista Time. Niessen diz que espera reabastecer o produto dentro de algumas semanas, assim que conseguir um novo lote de espirros.