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EUA não mudaram posição sobre Brasil na OCDE, diz vice da entidade

24.set.2019 - Bolsonaro e Trump - Alan Santos/PR
24.set.2019 - Bolsonaro e Trump Imagem: Alan Santos/PR

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

10/10/2019 18h24

O alemão Ludger Schuknecht, um dos vice-secretários-gerais da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), disse hoje em São Paulo que os EUA não mudaram a posição de apoio à entrada do país na entidade, mas lembrou que a decisão sobre o ingresso de novos membros é "política".

"Os EUA tomaram a posição de apoiar a entrada do Brasil na OCDE, e não tenho evidências sobre uma mudança nesta posição", afirmou Schuknecht no Fórum de Investimentos Brasil, evento promovido pelo governo brasileiro.

Segundo o dirigente da OCDE, o timing da entrada de novos membros "é uma decisão política", que depende da decisão dos Estados-membros. Hoje, são 36 países.

De acordo com Schuknecht, além do Brasil, outros cinco países já pediram para entrar na OCDE: Argentina, Peru, Romênia, Bulgária, Croácia. Colômbia e Costa Rica estão perto da conclusão de seu ingresso.

Mais cedo hoje, a agência Bloomberg noticiou que os EUA enviaram uma carta à OCDE em agosto manifestando apoio à entrada de Argentina e Romênia, sem citar o Brasil.

Schuknecht não quis comentar se a carta dos EUA foi uma resposta a alguma consulta da OCDE sobre que países deveriam entrar na organização.

Após a repercussão da notícia da Bloomberg, a Embaixada dos EUA no Brasil divulgou nota na qual reafirma o apoio ao ingresso brasileiro na OCDE e diz que apoia a expansão da organização "a um ritmo controlado que leve em conta a necessidade de pressionar as reformas de governança e o planejamento de sucessão."

Por que a Argentina?

Ainda não está claro, no entanto, porque os EUA optaram por declarar apoio à Argentina neste momento em vez do Brasil.

Segundo o UOL apurou com uma fonte que tem conhecimento das negociações para a entrada do Brasil na OCDE, a manifestação dos EUA em apoio ao ingresso da Argentina tem a ver com dois motivos: uma disputa entre americanos e europeus pela composição da entidade e o atual momento político da Argentina.

Enquanto os EUA gostariam de tornar a OCDE menos europeia, países da Europa fariam um movimento no sentido contrário, disse a fonte, que falou sob condição de anonimato. Assim, no atual momento, haveria um impasse sobre como a expansão da OCDE deveria acontecer, e quem deveria entrar primeiro.

Os EUA teriam optado por declarar apoio à Argentina neste momento por causa da disputa eleitoral no país, avaliando que a entrada argentina na OCDE poderia ajudar o presidente Mauricio Macri, alinhado a Washington e com grandes riscos de não conseguir se reeleger no pleito de outubro.

Ainda de acordo com a fonte ouvida pelo UOL, a entrada no Brasil na OCDE depende muito mais da resolução da disputa política entre americanos e europeus do que do apoio dos países-membros da entidade, o que pode se dirimir no ano que vem, quando a OCDE trocará seu comando.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que fora informado no penúltimo parágrafo, as eleições na Argentina serão realizadas em outubro, e não em novembro. A informação foi corrigida.