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Antes de veto dos EUA, Brasil foi elogiado e cobrado por vice da OCDE

OCDE: Vice elogiou Brasil antes de anúncio dos EUA - Reprodução/Flickr OCDE
OCDE: Vice elogiou Brasil antes de anúncio dos EUA Imagem: Reprodução/Flickr OCDE

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

10/10/2019 15h17

Pouco antes de vir a público a notícia de que os EUA não declararam apoio, no momento, à entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o economista alemão Ludger Schuknecht, um dos vice-secretários-gerais da entidade, elogiou hoje em São Paulo a agenda de reformas planejadas no país, mas afirmou que o avanço delas é necessário para um melhor ambiente econômico.

Schuknecht fez uma das falas de abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2019, promovido pela Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), órgão ligado ao Itamaraty. O evento contou com discursos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que buscaram mostrar o Brasil como um país estável e próspero para uma plateia de investidores.

Segundo Schuknecht, o Brasil atende a mais padrões da OCDE do que qualquer outro país parceiro da organização ?o Brasil tem desde 2007 o status de "parceiro-chave". No entanto, segundo o dirigente da entidade, o setor público precisa criar "condições macroeconômicas favoráveis" para a atuação da iniciativa privada.

Dentro deste tema, Schuknecht destacou a necessidade de contas públicas sustentáveis, o que segundo ele passa pela reformas da Previdência e a simplificação tributária.

O vice da OCDE elogiou o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, mas também defendeu que o país tenha regras mais favoráveis ao investimento estrangeiro e destacou a importância da responsabilidade social e ambiental na criação de um ambiente atrativo para investimentos.

"Se vocês não se importam que eu diga, houve progresso significativo, mas ainda há espaço para melhorar", afirmou.

Segundo Schuknecht, o fato de o Brasil manter sua candidatura à OCDE significa que o país está comprometido com a agenda de reformas.

No fim da manhã, a Bloomberg noticiou que os EUA recuaram no apoio à entrada do Brasil na OCDE, voltando atrás após uma série de demonstrações públicas no sentido contrário.

Segundo a publicação, o secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, rejeitou um pedido para discutir o aumento do clube dos países mais ricos. A informação foi obtida a partir da cópia de uma carta enviada ao secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, em 28 de agosto. Ele acrescentou que Washington apenas apoiou as ofertas de membros da Argentina e da Romênia.

Em março, o presidente Donald Trump declarou, em conferência com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), na Casa Branca, que ele apoiaria o Brasil na tentativa de entrar no grupo de 36 países. Em julho, o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, reiterou o apoio de Washington ao Brasil, que apresentou seu pedido de adesão à OCDE em maio de 2017.