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Protestos na Colômbia somam 13 mortos e 403 feridos; governo pede desculpas

Do UOL, em São Paulo

11/09/2020 21h54Atualizada em 11/09/2020 22h24

Subiu para 13 o número de mortos nos protestos contra a violência policial que aconteceram nos últimos dias em diversas cidades da Colômbia. Pelo menos 403 pessoas ficaram feridas, sendo 209 civis e 194 policiais, segundo o jornal El Tiempo. Os atos foram motivados pelo caso do advogado Javier Ordóñez, 43, morto na noite de terça-feira (8) após levar sucessivos choques elétricos quando estava sob custódia policial.

Ônibus foram destruídos, comércios foram saqueados e delegacias, incendiadas. Com a escalada da violência, a prefeita de Bogotá, Claudia López, pediu que as pessoas não saiam de casa à noite e anunciou a suspensão do transporte público a partir das 20h (horário local, 22h em Brasília).

"Hoje o sistema público de transporte fechará às 20h. Peço à população que, por favor, se organize desde já para voltar a suas casas o mais cedo possível. Muito obrigada e um abraço para todos", escreveu ela em uma rede social.

Ainda que condene os atos de vandalismo, a prefeita apoia os protestos pacíficos contra e tem defendido uma reforma estrutural na polícia. Claudia se reuniu hoje com o presidente Iván Duque e agradeceu à Procuradoria-Geral do país por ter aceitado as 119 denúncias de abuso policial feitas durante as manifestações.

Mais cedo, o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, pediu perdão público, em nome da polícia, pela morte de Ordóñez.

"A polícia da Colômbia pede perdão por qualquer violação da lei, ou desconhecimento das normas por parte de qualquer um dos membros da instituição", disse o ministro. Ele também prometeu celeridade nas investigações dos crimes de homicídio e abuso de autoridade supostamente cometidos pelos agentes.

Enquanto a Procuradoria apura o caso, a polícia abriu um processo interno contra dois agentes "pelo suposto delito de abuso de autoridade e de homicídio", segundo anunciou Trujillo pela manhã. Outros cinco policiais foram suspensos.

Entenda o caso

Protesto em Cali - Luis Robayo/AFP - Luis Robayo/AFP
"Policiais assassinos e estupradores", diz cartaz de manifestante que participa de ato em Cali
Imagem: Luis Robayo/AFP

Vídeos que circulam nas redes sociais desde quarta-feira (8) mostram policiais se ajoelhando em Ordóñez enquanto o advogado leva choques elétricos e diz: "Estou sufocando". O caso gerou comparações com George Floyd, um homem negro morto em maio pela polícia, nos Estados Unidos.

"Atenção: isso aconteceu ontem à noite [8], na zona oeste de Bogotá. O homem detido por dois policiais, que usaram armas de choque, morreu horas depois em uma clínica. A polícia afirma que reagiu às agressões dessas pessoas [do vídeo]. Grave denúncia de abuso policial", relatou um jornalista da BluRadio Colombia.

Os policiais dizem ter sido chamados por conta de uma briga e, ao chegarem no local, encontraram oito pessoas alcoolizadas e discutindo. "A polícia teve que controlá-las, e uma destas pessoas foi conduzida ao CAI [delegacia]. Uma delas apresentava ferimentos e imediatamente foi levada ao centro médico mais próximo. Infelizmente chegou sem sinais vitais", explicou o coronel Alexander Amaya.

Já a defesa da Ordóñez, que alega ter imagens da vítima depois da abordagem, chamou o episódio de "massacre". "Tenho as fotos de como a vítima ficou. Javier foi massacrado. Cometeu-se um crime de homicídio, um delito de tortura, um abuso de autoridade", disse o advogado Vadith Gómez à BluRadio.

*Com AFP