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Pence diz que não invocará 25ª Emenda; impeachment deve ser votado nesta 4ª

16.dez.2019 - O presidente americano Donald Trump na Casa Branca, com o vice Mike Pence ao fundo - Brendan Smialowski/AFP
16.dez.2019 - O presidente americano Donald Trump na Casa Branca, com o vice Mike Pence ao fundo Imagem: Brendan Smialowski/AFP

Do UOL, em São Paulo

12/01/2021 22h25Atualizada em 13/01/2021 00h52

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, afirmou em carta enviada à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que não invocará a 25ª Emenda para remover o presidente Donald Trump do cargo, após a invasão de apoiadores do republicano ao Capitólio, na semana passada. Assim, Pence abre caminho para que o Congresso americano vote o impeachment de Trump. A votação provavelmente acontece amanhã (13).

"Não acredito que tal curso de ação seja do melhor interesse de nossa Nação ou consistente com a nossa Constituição", ressaltou Pence, na carta. (Leia a carta, na íntegra, em inglês, abaixo)

A 25ª Emenda permite que o vice assuma a liderança do país quando o presidente estiver impossibilitado de continuar suas funções — por exemplo, se ficar incapacitado devido a uma doença física ou mental. Os democratas veem Donald Trump como "desequilibrado" e perigoso, principalmente depois de ele ter incentivado seus apoiadores a invadir o Capitólio na quarta-feira passada (6).

Mais cedo, Trump já havia afirmado que discussões em torno da 25ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos representariam "risco zero" a ele.

"A 25ª Emenda representa risco zero para mim", resumiu Trump em Álamo, no Texas, durante cerimônia de inauguração de trecho do muro construído na fronteira dos Estados Unidos com México.

A posse do democrata Joe Biden, que venceu Trump nas eleições de novembro, acontece no próximo dia 20 de janeiro.

Processo de impeachment

Pelosi nomeou na noite de hoje os chamados "gerentes" do impeachment, segundo informação da CNN. O "gerente" principal será o deputado Jamie Raskin, um democrata de Maryland.

Outros gerentes serão:

  • Diana DeGette, do Colorado
  • David Cicilline, de Rhode Island
  • Joaquin Castro, do Texas
  • Eric Swalwell, da Califórnia
  • Ted Lieu, da Califórnia
  • Stacey Plaskett, das Ilhas Virgens
  • Joe Neguse, do Colorado
  • Madeleine Dean, da Pensilvânia

Ao longo do dia, dois deputados republicanos anunciaram que irão votar a favor da destituição de Trump.

Considerada a número 3 do partido Republicano, a deputada Liz Cheney disse em um comunicado enviado à imprensa que Trump convocou os manifestantes e "acendeu a chama deste ataque".

"Tudo o que se seguiu foi obra dele. Nada disso teria acontecido sem o presidente. O presidente poderia intervir imediata e energicamente para deter a violência. Ele não fez. Nunca houve uma traição maior por parte de um Presidente dos Estados Unidos de seu cargo e seu juramento à Constituição", disse ela. Cheney é filha do ex-vice-presidente e secretário de Defesa Dick Cheney.

O deputado John Katko também disse hoje, em mensagem no Twitter, que apoiará o impeachment do atual presidente.

Presidente é acusado de incitar invasão ao Congresso

Na semana passada Trump tentou convencer a maioria do Congresso a se recusar a certificar parte dos votos conquistados pelo democrata Joe Biden nas eleições de 2020 por meio de postagens no Twitter. O presidente pressionou seu vice, Mike Pence, que presidiu a sessão, a não certificar a vitória rival. Em resposta, Pence declarou não ter poder para invalidar os resultados da urna.

Após Trump discursar a apoiadores afirmando, sem provas, que as eleições foram fraudadas, o Capitólio — prédio onde fica o Congresso americano — foi invadido por um grupo que interrompeu a sessão de certificação de Biden. O vice-presidente e parlamentares que estavam no edifício foram retirados às pressas por seguranças e muitos tiveram de se esconder atrás de móveis. Cinco pessoas morreram.

A plataforma também foi usada pelo presidente para se dirigir a seus apoiadores e divulgar imagens das manifestações. Durante os atos, Trump pediu, no Twitter, que os manifestantes não atacassem a polícia e que retornassem às suas casas. No entanto, em vez de criticá-los, ele disse "entender a dor" dos apoiadores, chamando-os de "especiais".

Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado Rudy Giuliani — ex-prefeito de Nova York — podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio. Em entrevista à emissora ABC, na manhã de hoje, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de "justiça combativa" nos manifestantes.