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Ex-funcionários da gestão Bush deixam partido Republicano: 'Culto a Trump'

"O Partido Republicano como eu o conhecia não existe mais. Eu diria que é o culto a Trump ", disse Jimmy Gurulé, que integrou governo Bush - Saul Loeb/AFP
"O Partido Republicano como eu o conhecia não existe mais. Eu diria que é o culto a Trump ", disse Jimmy Gurulé, que integrou governo Bush Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

01/02/2021 10h58

Dezenas de republicanos que integraram o governo do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush estão deixando o partido pelo fato de correligionários eleitos não terem, em sua avaliação, repudiado o ex-presidente Donald Trump, depois que as falsas alegações sobre fraude eleitoral desencadearam na invasão ao Capitólio em janeiro, que deixou cinco pessoas mortas. As informações são da agência Reuters.

Essas pessoas disseram que esperavam que uma derrota de Trump levasse os líderes do partido a se afastar do ex-presidente e denunciar suas alegações infundadas de que a eleição presidencial de novembro foi roubada.

"O Partido Republicano como eu o conhecia não existe mais. Eu diria que é o culto a Trump ", disse Jimmy Gurulé, que foi subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira no governo Bush.

Kristopher Purcell, que trabalhou no escritório de comunicações da Casa Branca de Bush por seis anos, disse que cerca de 60 a 70 ex-funcionários da gestão Bush decidiram deixar o partido ou estão cortando laços com ele. "O número está crescendo a cada dia", disse.

O Comitê Nacional Republicano encaminhou à Reuters uma entrevista recente que sua presidente, Ronna McDaniel, deu ao canal Fox Business. "Estamos tendo uma pequena briga agora. Mas vamos ficar juntos. Precisamos", disse McDaniel, prevendo que o partido se unirá contra a agenda do presidente Joe Biden, que é democrata.

Impeachment

De acordo com a agência, a maioria dos senadores republicanos indicou que não apoiaria o impeachment de Trump, tornando quase certo que o ex-presidente não será condenado em seu julgamento no Senado.

Menos de uma semana antes de deixar o cargo, em 13 de janeiro, Trump teve seu impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados. Pela primeira vez na história, um presidente dos EUA sofreu um pedido de impeachment por duas vezes em um mesmo governo.

A relutância dos líderes do partido em repudiar Trump foi a gota d'água para alguns ex-funcionários republicanos do governo. "Se continuar a ser o partido de Trump, muitos de nós não vamos voltar", disse Rosario Maarin, ex-tesoureira dos EUA no governo de Bush, à Reuters. "A menos que o Senado o condene e se livre do câncer Trump, muitos de nós não voltaremos a votar em líderes republicanos".

Outros republicanos, por sua vez, acreditam que é importante permanecer no partido para se livrar da influência de Trump. Suzy DeFrancis, que atuou nos governos dos ex-presidentes Richard Nixon e George W. Bush, disse que votou em Biden em novembro, mas que dividir o partido agora só beneficiará os democratas.

"Eu entendo perfeitamente porque as pessoas estão frustradas e querem sair do partido. Tenho essa sensação há 4 anos", disse. Mas ela considerou fundamental que o partido se una em torno de princípios republicanos.

Trump contrata novos advogados

O ex-presidente anunciou ontem que contratou dois novos advogados para liderar sua defesa, poucos dias antes de seu histórico segundo julgamento político, enquanto os republicanos se preparam para uma batalha a respeito do futuro do partido.

O julgamento de Trump no Senado deve começar em 9 de fevereiro, mas o empresário surpreendeu a todos ao dispensar os advogados depois que, segundo vários meios de comunicação, a equipe legal se negou a concentrar a defesa em suas afirmações infundadas de fraude nas eleições em que foi derrotado em novembro, optando por destacar as questões constitucionais.

Mas o ex-presidente anunciou ontem que contratou dois novos advogados para comandar a sua defesa. Trump informou em um comunicado os nomes dos "altamente respeitados advogados litigantes" David Schoen e Bruce L. Castor Jr.

Trump, que deixou a Casa Branca e se radicou na Flórida antes da posse de Biden, disse que quer continuar ativo na política de alguma forma.

* Com informações da AFP