EUA: Mais de 50 pessoas são detidas em protestos após morte de jovem negro
Mais de 50 pessoas foram detidas em Minneapolis e em Minnesota, nos Estados Unidos, no segundo dia de protestos pela morte de um jovem negro numa ação policial.
No protesto em frente de uma delegacia na cidade de Brooklyn Center, em Minnesota, subúrbio onde Daunte Wright, 20 anos, foi morto por uma policial, 40 pessoas foram presas. Já em Minneapolis, outras 13 foram detidas.
Os manifestantes em Brooklyn Center desafiaram a polícia através da cerca instalada ao redor da delegacia e exibiram cartazes com frases como "prendam todos os policiais assassinos racistas". A polícia usou gás lacrimogêneo em vários momentos do protesto.
Além do toque de recolher decretado pelos prefeitos das cidades de Minneapolis e Saint Paul e nos três condados da área metropolitana, incluindo Hennepin, onde aconteceu o incidente, mil soldados da Guarda Nacional patrulham as ruas para evitar mais distúrbios.
"Descarga acidental"
Esta foi a segunda noite consecutiva de protestos em Minneapolis, depois que Wright morreu ao ser atingido por um tiro da polícia quando dirigia ao lado da namorada.
Durante um controle de trânsito, uma agente "sacou a arma de fogo ao invés do taser", uma pistola que dispara choques elétricos, e atirou, afirmou o comandante da polícia da localidade, Tim Gannon.
"Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte de Wright", disse Gannon.
Autoridades judiciais do estado de Minnesota publicaram em um comunicado a identidade da agente envolvida. Kimberly Potter, policial de Brooklyn Center há 26 anos, foi suspensa.
No vídeo do incidente, registrado pela câmera da policial, os agentes retiram o jovem do veículo e tentam algemá-lo. Mas ele resiste e volta a sentar o carro. É possível ouvir a policial gritar "Taser, Taser". Mas o que se ouve é um tiro.
"Que merda, eu atirei nele", afirmou a oficial, enquanto Wright, mortalmente ferido, avançou com o carro, que bateu algumas ruas adiante.
Não é possível determinar como a agente confundiu a arma com o taser.
O presidente Joe Biden chamou a morte de "trágica", mas advertiu contra qualquer possível manifestação violenta. "Não há "absolutamente nenhuma justificativa para saques", disse.
Morte por asfixia
A nova morte reacendeu o trauma de uma cidade que sofreu várias noites de incidentes após a morte do também negro George Floyd em 25 de maio de 2020.
As partidas da NBA (liga profissional de basquete), MLB (liga profissional de beisebol) e NHL (liga profissional de hóquei sobre gelo) previstas para ontem na região foram suspensas.
Após os incidentes, a defesa do ex-agente acusado pela morte de Floyd, Derek Chauvin, pediu ao juiz que conduz o processo que isolasse o júri, preocupado que as manifestações pudessem influenciar sua decisão.
Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a isolar o júri.
Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa.
Ontem, a acusação interrogou o renomado cardiologista Jonathan Rich, que abalou a linha de defesa de Chauvin, cujo advogado alega que George Floyd morreu por overdose de fentanil somado a fatores de saúde.
Rich afirmou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela "asfixia posicional" a que foi submetido. "Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd", ressaltou.
Philonise Floyd, um dos irmãos da vítima, apresentou um quadro da personalidade de George Floyd, ao recordar com emoção histórias de sua infância.
Com a ajuda de fotos, ele contou sobre a predileção de George Floyd por sanduíches de maionese e banana, seu amor pelos esportes e sua proximidade com a mãe, que morreu em 2018. O irmão não conseguiu conter as lágrimas.
A conhecida organização de direitos civis ACLU afirmou que 260 pessoas morreram em ações da polícia em 2021.
* Com informações da AFP e da Ansa
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