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Corpo de mais um brasileiro é achado com recado na fronteira com o Paraguai

Brasileiro Carlos Limar foi encontrado morto em Pedro Juan Caballero, no Paraguai Imagem: Reprodução/ Polícia Nacional do Paraguai

Simone Machado

Colaboração para o UOL

28/09/2021 17h54

Foi identificado, na manhã de hoje, mais um brasileiro morto em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O corpo do paulista Carlos Limar de Souza Lima, de 38 anos, foi encontrado ontem à tarde, próximo ao quartel do Exército paraguaio. Um bilhete assinado por um suposto grupo denominado "O crime" foi deixado ao lado da vítima, junto à promessa de resposta à ação de justiceiros na área. Já são quatro os casos de brasileiros assassinados na região da fronteira entre os dois países desde sábado (25).

Segundo os registros policiais, o corpo de Carlos foi deixado por um carro em um terreno localizado a 5 km da fronteira com o Brasil. A vítima tinha sinais de tortura, um corte no abdômen, havia sido decapitada e a cabeça estava em um saco plástico.

No local, ainda foi achado um bilhete escrito à mão que dizia: "Nós do crime estamos deixando claro que não iremos mais admitir covardias cometidas por esses justiceiros, seja quem for. Assinado: O crime".

Sem documentos, a vítima foi identificada com a ajuda de tatuagens espalhadas pelo corpo, entre elas, a de um palhaço, o que fez a investigação acreditar que ela seria integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A suspeita é que o brasileiro tenha sido capturado no último sábado, junto a outro rapaz, que não teve a identidade revelada e ainda não foi localizado.

A polícia paraguaia trabalha com duas hipóteses: a primeira é que o bilhete tenha sido deixado para despistar as investigações e a segunda é que Carlos tenha sido uma vítima do novo grupo criminoso da fronteira, identificado como "Crime".

Essa facção teria sido criada para disputar território com os "Justiceiros da Fronteira", conhecidos por agir de forma organizada desde 2014 e atuar matando pessoas que julgam suspeitas de praticarem furtos e roubos nos dois lados da fronteira do Paraguai com o Brasil.

Em nota, o Itamaraty, por meio do Consulado-Geral em Pedro Juan Caballero, disse que "está à disposição para prestar toda a assistência cabível aos familiares da vítima, respeitando-se os tratados internacionais vigentes e a legislação local", mas não deu mais detalhes do ocorrido.

Brasileiros na mira

A morte de Carlos Limar se assemelha ao assassinato de Rógerio Laurete Buosi, de 26 anos, morto com treze tiros, em casa, no mesmo município, no último sábado (25). Segundo a polícia local, na ocasião, o corpo também estava junto a um recado. Nele, estava escrito "não roubar na fronteira". A morte foi atribuída ao grupo criminoso "Justiceiros da Fronteira".

Ontem, na mesma cidade, Jorge Ortega, de 28 anos, foi morto com 9 tiros, dentro do carro que dirigia, quando chegava em casa. O jovem chegou a ser socorrido, mas morreu após dar entrada no hospital.

Mais cedo, no mesmo dia, do outro lado da fronteira, em Ponta Porã (MS), o empresário Joanir Subtil Viana, de 53 anos, também foi assassinado com disparos de arma de fogo. A polícia investiga uma possível conexão entre as mortes.

O UOL buscou o Ministério Público paraguaio, que acompanha os casos de homicídios de brasileiros na região da fronteira, para esclarecer se já há indícios que sustentem a ligação entre os crimes, porém, até a publicação da reportagem, não obteve retorno.

"Justiceiros de la Frontera"

O "Justiceiros de La Frontera" é um grupo que atua tanto do lado do Paraguai quanto em terras brasileiras. Ele age com uso de armas de fogo e supostamente faz questão de assumir a autoria dos assassinatos em que se envolve.

Segundo a polícia paraguaia, os "justiceiros" começaram a atuar em 2010 e ficaram um tempo sem agir, mas, nos últimos dois meses, diversos crimes registrados no país estão sendo atribuídos a eles, incluindo alguns contra brasileiros.

Um desses casos é o dos assassinatos de Robson e Jeferson Martinez de Souza de 19 e 21 anos, respectivamente, baleados com 29 tiros no dia 1º de agosto, na cidade de Pedro Juan Caballero. Na ocasião, um bilhete também teria sido deixado no local, indicando que a ação seria do grupo.

Poucos dias antes, em 26 de julho, um casal de brasileiros também foi morto a tiros na mesma cidade. No local onde foram localizadas as vítimas Luis Mateo Martínez Armoa, 21, e Anabel Centurión Mancuello, 21, foi achado um outro recado com assinatura dos justiceiros, desta vez com a mensagem "por favor, não roubar".

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