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Bolsonaro deveria visitar Ucrânia após viagem à Rússia, diz embaixada

Anatoliy Tkach cobra posicionamento a favor do país - Divulgação
Anatoliy Tkach cobra posicionamento a favor do país Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

31/01/2022 08h19Atualizada em 08/02/2022 14h56

O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach, disse, em entrevista ao jornal O Globo ontem, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria visitar os ucranianos após anunciar viagem à Rússia em meio ao conflito entre os países.

"Acreditamos que uma visita do presidente do Brasil à Ucrânia equilibraria sua visita à Federação Russa", afirmou Tkach.

Os Estados Unidos e a União Europeia veem o envio de tropas russas para a fronteira com o país vizinho como preparação para uma guerra com o intuito de evitar que a Ucrânia entre para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar que constitui em um sistema de defesa coletiva através de seus Estados-membros.

Moscou nega a intenção de iniciar uma ofensiva, mas, em contrapartida, exige garantias de que a Ucrânia não venha a se tornar membro da Otan. Além disso, Moscou insiste que os aliados renunciem à presença militar em algumas partes do leste da Europa.

O encarregado de negócios da embaixada ressalta que o Brasil é membro não permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e que deve defender a autodeterminação dos povos e não intervir em assuntos internos, além de pregar pacificação de conflitos.

"No Brasil são mais de meio milhão de brasileiros de origem ucraniana que têm suas famílias na Ucrânia sob a ameaça russa e esperam um posicionamento do Brasil ao respeito da agressão russa contra a Ucrânia."

Apoio à Ucrânia

Anatoliy Tkach torce para que Bolsonaro se manifeste a favor da Ucrânia. "Não temos informações sobre isso, mas gostaríamos de acreditar que o presidente do Brasil se manifestará em apoio à Ucrânia em seu diálogo com seu colega russo."

Apesar da presença de milhares de soldados russos na fronteira com a Ucrânia, o encarregador de negócios da embaixada diz que o foco deve ser a diplomacia. "Apesar de a Rússia ter deslocado mais de 100 mil soldados para as fronteiras da Ucrânia, não há indicadores sugerindo que o Kremlin já decidiu atacar. Sendo este o caso, deveríamos estar fortemente focados na diplomacia. A agressão russa não tem apenas dimensões militares, mas também econômicas, financeiras, campanhas de desinformação, bem como ataques cibernéticos em massa."

Na sexta-feira (28), os Estados Unidos elevaram o alarme sobre o risco de invasão russa à Ucrânia. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que "embora nós não acreditemos que o presidente Putin tinha tomado uma decisão final de usar suas forças contra a Ucrânia, ele claramente tem agora essa capacidade".