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Rússia: 'Haverá forte retaliação se Suécia e Finlândia entrarem na Otan'

Bandeiras de países membros da Otan em frente à sede da organização em Bruxelas, na Bélgica - Francois Lenoir/Reuters
Bandeiras de países membros da Otan em frente à sede da organização em Bruxelas, na Bélgica Imagem: Francois Lenoir/Reuters

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

25/02/2022 14h23

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, sinalizou hoje eventual retaliação contra Finlândia e Suécia se esses dois países passarem a integrar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O grupo militar internacional está no centro dos conflitos entre Ucrânia e o governo do presidente Vladimir Putin.

"Todos os Estados-membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa [OSCE] em sua capacidade nacional, incluindo Finlândia e Suécia, reafirmaram o princípio de que a segurança de um país não pode ser construída à custa da segurança de outros", disse ela no mesmo dia em que representantes dos dois países europeus se reuniram com o conselho da Aliança Atlântica.

A OSCE é a maior organização regional de segurança do mundo, abrangendo todos os Estados europeus, a Federação Russa, os países da Ásia Central, a Mongólia, os EUA e o Canadá, totalizando 57 membros.

Acompanhe as últimas notícias sobre o conflito na Ucrânia no UOL News:

Se Ucrânia, Finlândia e Suécia se juntarem à Otan, a Rússia teme que as forças dos países-membros da aliança ocupem suas fronteiras.

"A adesão à Otan provocaria graves retaliações militares e políticas", afirmou a porta-voz do MRE russo.

Procuradas pelo UOL, as embaixadas da Finlândia e da Suécia no Brasil não haviam se manifestado sobre a declaração do governo russo até a última atualização desta reportagem.

A manifestação do governo russo sobre a possível entrada de Finlândia e Suécia na Otan ocorre depois de o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, convidar esses dois países para participarem de cúpula virtual sobre a situação dentro e ao redor da Ucrânia.

Rússia x Otan: 7 décadas de rivalidade

Fundada no fim da década de 1940, a Otan é uma aliança militar com o mandato de trabalhar em uma política de segurança comum. Se um país membro da Otan for invadido, isso será considerado uma invasão a todos os países membros do grupo, que devem, então, reagir.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA e a União Soviética eram duas superpotências.

Em dezembro de 1991, a União Soviética foi dividida em 15 novos países: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. Depois disso, os EUA continuaram sendo a única superpotência.

Liderada pelos norte-americanos, a Otan continuou sua expansão e os países que saíram da União Soviética começaram a aderi-la. Estônia, Letônia e Lituânia entraram em 2004. Geórgia e Ucrânia receberam oferta de adesão à Otan em 2008, mas não puderam aderir à aliança militar.

Putin se opõe à expansão da Otan. "A América está à nossa porta com mísseis. Como os EUA se sentirão se mísseis forem implantados nas fronteiras do Canadá ou do México?", disse o presidente russo em dezembro ao pedir aos EUA garantias de que a Ucrânia não se juntaria à Otan.

Mapa Otan - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O que a Ucrânia tem a ver com isso?

A Rússia quer que a Otan pare sua expansão na Europa Oriental.

Além de exigir garantia da Otan de que a Ucrânia não receberá sua adesão, Putin também quer que o grupo recue para o status anterior a 1997 e interrompa a implantação de armas na vizinhança da Rússia.

Além disso, a Rússia contestou a adesão de 14 países que faziam parte do Pacto de Varsóvia, que foi assinado em resposta à formação da Otan em 1955.

Seu objetivo era fornecer proteção militar aos países membros. No entanto, após a desintegração da União Soviética, o tratado tornou-se redundante.

Antes de 1917, a Rússia e a Ucrânia faziam parte do Império Russo. Quando o Império Russo se desfez após a Revolução Russa, a Ucrânia declarou sua independência. Mas juntou-se à União Soviética em poucos anos.

A Ucrânia obteve a independência em 1991, após a desintegração da União Soviética. Existem duas partes da Ucrânia: oriental e ocidental. Os ucranianos que vivem na parte oriental consideram-se mais próximos da Rússia e os da parte ocidental estão alinhados com a União Europeia.

Os rebeldes apoiados pela Rússia têm controle sobre grandes áreas dos territórios do leste da Ucrânia. Nessa região, a Rússia reconheceu Donetsk e Luhansk como nações separadas. Em 2014, a Rússia anexou a Crimeia.

O exército ucraniano é consideravelmente menor em comparação com o da Rússia: enquanto as forças do país europeu têm 261 mil militares, o número de soldados russos chega a 900 mil.

Além disso, o orçamento de defesa da Rússia é 10 vezes superior ao da Ucrânia. Dadas as circunstâncias, a Ucrânia precisa de uma organização militar que possa garantir sua proteção.