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Extrema-direita avança: o que Le Pen e Orbán têm em comum com Bolsonaro?

Os discursos de Viktor Orbán, da Hungria, e Marine Le Pen, na França, tem muitos pontos em comum com o de Bolsonaro - MARCOS CORREA/AFP
Os discursos de Viktor Orbán, da Hungria, e Marine Le Pen, na França, tem muitos pontos em comum com o de Bolsonaro Imagem: MARCOS CORREA/AFP

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL

04/04/2022 16h31

A extrema-direita conseguiu bons resultados na Europa. Neste domingo (03), o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi reeleito para exercer seu quarto mandato consecutivo como primeiro-ministro e seu partido Fidesz obteve 53,1% dos votos (cerca de 2,8 milhões de cédulas), que representam 135 assentos no Parlamento.

Enquanto isso, na França, a candidata da oposição Marine Le Pen vem subindo nas pesquisas e se aproximando do atual presidente Emmanuel Macron. O primeiro turno das eleições presidenciais francesas acontece no próximo domingo (10).

Ambos são conhecidos por suas políticas populistas e discursos radicais. Saiba mais sobre eles:

Viktor Orbán

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, participa de uma sessão plenária com líderes do grupo V4, organizada pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson como parte da cúpula V4 + UK, na Lancaster House, em Londres, Grã-Bretanha, em 8 de março de 2022 - Leon Neal/Reuters - Leon Neal/Reuters
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, é reeleito e segue como um dos principais líderes da extrema-direita na Europa
Imagem: Leon Neal/Reuters

Chamado de patriota por seus apoiadores e autocrata por seu crítico, Viktor Mihály Orbán é atualmente uma das principais lideranças de extrema-direita da Europa. Logo que assumiu o poder, em 2010, adotou medidas consideradas autoritárias e, a exemplo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), teve atritos com os poderes Legislativo e Judiciário, com a imprensa e com o setor da educação.

Ornán já havia ocupado o cargo de primeiro-ministro de 1998 a 2002. Ele também preside o Fidesz, desde 1993, com uma breve pausa entre 2000 e 2003.

Com forte apoio do Legislativo, impulsionou reformas institucionais e introduziu uma nova Constituição, empurrando sua versão "antiliberal" de democracia. Ele também alterou as regras eleitorais do país para favorecer o seu partido Fidesz e foi reeleito em 2014 e 2018 com uma maioria legislativa de dois terços.

O líder húngaro está em frequente embate com a União Europeia, mas rejeita as críticas ao seu governo, insistindo que defende os interesses da Hungria. É um crítico feroz da imigração, dos direitos LGBTQIA+ e dos "burocratas da UE".

Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpriu agenda na Hungria onde chamou o primeiro-ministro, Viktor Orbán, de "irmão".

"Essa nossa passagem por aqui é rápida. Mas deixará um grande legado para os nossos povos. Acredito na Hungria e no prezado Orbán, que eu trato praticamente como um irmão, dadas as afinidades que nós temos na defesa dos nossos povos e na integração dos mesmos", disse o brasileiro.

Bolsonaro também comentou sobre os laços entre o Brasil e a Hungria, que segundo ele se resumem a quatro palavras: Deus, pátria, família e liberdade.

Marine Le Pen

Marine Le Pen é a lider da extrema direita com maior projeção na França  - Getty Images - Getty Images
Marine Le Pen ameaça reeleição de Emmanuel Macrón na França
Imagem: Getty Images

Marion Anne Perrine Le Pen é uma advogada e política de extrema-direita da França. Esteve como deputada do Parlamento Europeu de 2004 a 2017, e foi eleita presidente da Frente Nacional em 16 de janeiro de 2011, em substituição a seu pai, Jean-Marie Le Pen. É conselheira regional da região administrativa de Nord-Pas-de-Calais desde março de 2010 e conselheira municipal da comuna de Hénin-Beaumont desde março de 2008.

Em maio de 2017, ela foi derrotada por Emmanuel Macron na disputa presidencial. Um mês depois, seu partido, a Frente Nacional, também não conseguiu se eleger nas eleições parlamentares. Após a derrota, a legenda mudou de nome e virou o Agrupamento Nacional, onde Le Pen vem tentando melhorar a imagem de racista e xenofóbico.

Logo em seguida, em 2018, ela passou a rejeitar qualquer comparação com Jair Bolsonaro. "Ele tem dito coisas que são extremamente desagradáveis, que não podem ser transferidas para nosso país, é uma cultura diferente", comentou ela sobre declarações polêmicas do brasileiro sobre homossexuais e mulheres.

Ela ainda complementou dizendo que as declarações de Bolsonaro não o fazem de "extrema-direita".

Mas isso também faz parte de um movimento dela de se afastar do radicalismo. Ela deixou de lado o discurso racista e de culpar sempre a União Europeia pela imigração em massa, se posicionando contra o euro, para adotar uma fala voltada ao custo de vida —basta abrir seu programa eleitoral, no entanto, para descobrir frases como "a França para os franceses" e a proposta de um referendo sobre a imigração.

A candidata recebeu um empréstimo de cerca de 10,7 milhões de euros do banco húngaro MKB, cujo maior acionista é um associado de Viktor Orbán. O dinheiro foi entregue ao partido para financiamento da campanha.

Mas, a guinada parece ter funcionado. Nas últimas pesquisas de opinião, o partido dela aparece muito perto do partido de Macron na disputa pelo Parlamento Europeu em 2022.