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Time: indígena e pesquisador brasileiros ficam entre os 100 mais influentes

A indígena Sonia Bone Guajajara nos bastidores do Rock in Rio 2017 - Felipe Branco Cruz/UOL
A indígena Sonia Bone Guajajara nos bastidores do Rock in Rio 2017 Imagem: Felipe Branco Cruz/UOL

Colaboração para o UOL, em Brasília

23/05/2022 12h19

A líder indígena Sonia Guajajara e o pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira integram a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo feita pela revista norte-americana Time, divulgada hoje. Nela, também aparecem nomes como os presidentes Vladimir Putin (Rússia), Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Joe Biden (EUA), e o millennial Gabriel Boric (Chile).

Num texto de apresentação, o pré-candidato a deputado federal pelo PSOL Guilherme Boulos lembra que os pais de Sônia não sabiam ler e ela teve que sair de casa aos 10 anos para trabalhar.

"Apesar disso, ela desafiou as estatísticas e conseguiu se formar na universidade. Desde tenra idade, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos", escreve o ativista.

Em 2018, Sonia se tornou a primeira mulher indígena em uma chapa presidencial no Brasil. No pleito, concorreu ao lado de Guilherme Boulos, que liderava a candidatura. O trabalho dela junto à COP26 também fomentou a criação de um fundo de US$ 1,7 bilhão aos povos indígenas.

"Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista. Ela é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que salda suas dívidas com o passado e finalmente acolhe o futuro", escreve Boulos.

Destaque na ciência

Diretor do Centro de Resposta e Inovação Epidemiológica da África do Sul, o pesquisador Tulio de Oliveira aparece na publicação ao lado de Sikhulile Moyo, diretor de laboratório do Laboratório de Referência de HIV de Botswana-Harvard.

"Eles identificaram e relataram o surgimento da variante ômicron em novembro passado. Foi um momento de transformação e uma mudança de paradigma - que para mim simbolizava que a excelência na ciência pode ter origem na África", diz o texto da revista, assinado pelo virologista John Nkengasong.

"A resposta internacional às notícias dessa descoberta — que incluiu proibições de viagem impostas a países africanos por outras nações — foi complexa. Isso me fez refletir sobre como deve ser a cooperação e a solidariedade globais quando lutamos contra uma ameaça comum como a covid-19", diz.

"Sikhulile e Tulio têm potencial para ser isso para pessoas que trabalharão em saúde pública e genômica. Não vimos o fim de suas contribuições."

Presidentes viram destaque da lista

Na apresentação do presidente do Chile, Gabriel Boric, o vencedor do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz destaca que a vitória nas eleições presidenciais chilenas "representa uma troca de guarda, mas algo mais importante: marcou uma mudança na direção da economia do Chile e possivelmente do mundo".

Stiglitz destaca que Boric conseguiu demonstrar capacidade de comunicação, empatia e profundo conhecimento da história e cultura chilenas e, com tudo isso, "está fazendo do Chile novamente o laboratório do mundo".

O artigo sobre o presidente russo Vladimir Putin foi escrito pelo líder da oposição russa preso, Alexei Navalny, que atualmente cumpre nove anos numa colônia penal de segurança máxima. Na coluna fala sobre o "teste do pato", que significa que "se algo se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, provavelmente é um pato".

Navalny continua: "A mesma lógica aplicada neste caso a Putin. Se alguém destrói a mídia independente, organiza assassinatos políticos e se apega às suas ilusões imperiais, então ele é um louco capaz de causar um banho de sangue no centro da Europa no século 21".

O presidente Volodymyr Zelensky, que se tornou o rosto da resistência ucraniana contra a invasão russa, também aparece na lista dos 100 mais influentes do ano.

A descrição dele foi escrita pelo presidente dos EUA, Joe Biden.

"Em Zelensky, o povo da Ucrânia tem um líder digno de sua bravura e resiliência", escreveu Biden. "As nações do mundo livre, inspiradas no exemplo do presidente Zelensky, são mais unidas, mais determinadas, mais determinadas do que em qualquer momento de nossa memória recente", disse o norte-americano.

Outros líderes que chegaram à lista são o primeiro-ministro chinês Xi Jinping, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o podcaster Joe Rogan.