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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia: Itamaraty diz buscar informação após relato de morte de brasileiro

Hack André Bahi, brasileiro que teria morrido na Ucrânia - Reprodução/Instagram
Hack André Bahi, brasileiro que teria morrido na Ucrânia Imagem: Reprodução/Instagram

Herculano Barreto Filho e Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

06/06/2022 10h32

O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) diz buscar informações sobre a situação de André Hack Bahi, 43, um dos combatentes brasileiros que se aliaram às tropas ucranianas para combater na guerra com a Rússia.

Após receber informações neste domingo (5) de que o voluntário teria morrido em confronto contra os russos em Sieverodonetsk, principal campo de batalha no leste do país, a família procurou pelo órgão governamental.

A informação da suposta morte em combate foi repassada pelo brasileiro André Kirvaitis, que também combate na guerra. Segundo ele, um colega da mesma unidade foi hospitalizado após se ferir no confronto e disse ter visto André morrer. "Um amigo que estava com ele no combate viu ele sendo morto no tiroteio", relatou ao UOL.

Em nota enviada hoje à tarde para a reportagem, o Itamaraty confirmou que busca informações sobre o caso. Contudo, disse ainda não ter a confirmação da morte do combatente brasileiro.

"A Embaixada do Brasil em Kiev segue buscando mais informações sobre o caso e permanecerá à disposição para prestar a assistência cabível [à família], em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local", informou um dos trechos do texto enviado pelo Itamaraty.

O órgão ainda se posicionou contrário ao deslocamento de voluntários brasileiros. O Ministério da Defesa da Rússia rastreou 635 combatentes estrangeiros aliados aos ucranianos —13 deles são brasileiros, segundo apurou o UOL.

"Assim como tem feito desde o começo do conflito, o Itamaraty continua a desaconselhar enfaticamente deslocamentos de brasileiros à Ucrânia, enquanto não houver condições de segurança suficientes no país", escreveu o Itamaraty.

Nas redes sociais, Kirvaitis se despediu do amigo. "Obrigado por tudo, irmão", escreveu, em seu perfil no Instagram. Se confirmado, este seria o primeiro caso de brasileiro morto na guerra na Ucrânia.

Combatente brasileiro André Hack disse ter deixado base militar em direção a Kiev horas antes de ataque russo - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Combatente brasileiro André Hack disse ter deixado base militar em direção a Kiev horas antes de ataque russo
Imagem: Reprodução da internet

"Éramos mais do que irmãos. Estávamos juntos desde o começo, fizemos missões juntos. Era para eu estar com ele nessa última missão", relatou Kirvaitis, que foi impedido de acompanhar a unidade em decorrência de problemas de saúde.

Letícia Hack Bahi, irmã de André, diz que a família aguarda por um posicionamento oficial do governo brasileiro. "Recebi a notícia [da suposta morte de André] pelo colega dele, mas nada de concreto. Falamos com a Embaixada do Brasil na Ucrânia, que ainda não confirmou. A família está aflita, é difícil de acreditar. Vamos aguardar", disse ao UOL.

Brasileiros que se alistaram como voluntários junto às tropas ucranianas registram a guerra em fotos nas redes sociais - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Hack (com a bandeira do Brasil) em grupo de voluntários na guerra contra a Rússia
Imagem: Reprodução da internet

'Perdi amigos lá', disse Hack após ataque russo

Há mais de três meses na zona de confronto, Hack fazia parte do primeiro grupo de voluntários brasileiros que se alistou junto às tropas do país invadido. "A gente veio pra ajudar", disseram os integrantes do grupo.

Em entrevista ao UOL, André Hack relatou ter deixado a área militar atacada pelos russos na região de Lviv horas antes de um bombardeio que deixou ao menos 35 mortos na madrugada de 13 de março, segundo o governo ucraniano. "Perdi amigos lá", disse à época.

Natural de Porto Alegre (RS), Hack se formou em Enfermagem em uma universidade do Ceará. Com passagens pelo Exército brasileiro e pela legião estrangeira francesa, ele morava em Portugal antes de se alistar. Segundo a família, Hack tem sete filhos. A caçula tem apenas 3 anos.

Os brasileiros ganharam notoriedade por compartilhar a rotina deles no campo de batalha, com registro até de um vídeo de confronto próximo à capital Kiev.

Em uma série de vídeos, é possível ouvir o som de tiros, bombas e rajadas, enquanto as imagens mostram o grupo se posicionando atrás de árvores e na grama.

Em um dos registros, que foi deletado, um deles diz: "se juntem a nós, seus covardes", em resposta a críticas de internautas por compartilharem imagens da guerra nas redes sociais.

Os brasileiros também registraram o momento em que chegaram à capital Kiev, em meados de março. Em vídeo postado nos stories Hack registrou o próprio fuzil dentro de um veículo com a localização em Kiev. Em seguida, captou imagens suas em uma área residencial da cidade.