Topo

Favorito a suceder Boris Johnson já caiu em trote da Rússia; saiba quem é

Luan Martendal

Colaboração para o UOL

07/07/2022 14h45

A renúncia de Boris Johnson ao título de primeiro-ministro britânico — anunciada hoje (7) — encerra uma passagem turbulenta nos dois anos e meio em que ele ficou à frente do cargo e coloca o Reino Unido em busca de um novo líder capaz de recuperar a confiança do Parlamento.

Não há um franco favorito ao posto, mas o nome de Ben Wallace, de 52 anos, aparece como forte candidato à sucessão. Ele é o preferido entre os membros do Partido Conservador, segundo pesquisa do instituto YouGov, mas um "trote" atendido por ele em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia — em que expôs o governo a uma situação vulnerável — pode pesar contra na decisão.

Nomeado Secretário de Estado da Defesa há três anos, Ben Wallace tornou-se respeitado e um dos protagonistas do Partido Conservador devido ao seu pulso firme nas posições diplomáticas adotadas pelo Reino Unido em relação à guerra na Ucrânia (de mediar e apaziguar o conflito) e na maneira com a qual lidou com a retirada das tropas e de cidadãos britânicos do Afeganistão no ano passado.

Como Ministro da Defesa, cabe a Ben Wallace a responsabilidade pelas operações estratégicas do Reino Unido para assuntos do Conselho de Segurança Nacional, além de planejamento de defesa, programa e destinação de recursos para a pasta e operações, políticas e organizações nucleares.

Boris Johnson (à dir.) e Ben Wallace (à esq.), favorito a assumir o posto de primeiro-ministro britânico - John Sibley - WPA Pool/Getty Images - John Sibley - WPA Pool/Getty Images
Boris Johnson (à dir.) e Ben Wallace (à esq.), favorito a assumir o posto de primeiro-ministro britânico
Imagem: John Sibley - WPA Pool/Getty Images

O político também lidera parcerias estratégicas internacionais com países como Estados Unidos, França, Alemanha, Arábia Saudita e Golfo, além da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Contraste com Johnson e trote

Tamanha importância o credencia como forte candidato para substituir Boris Johnson como primeiro-ministro britânico, conforme destacam jornais e agências de notícias como Bloomberg e The Guardian, que o apontam como uma figura que marcaria um forte contraste de estilo com Johnson e que, por isso, vem conquistando a simpatia do Partido Conservador.

No entanto, Ben Wallace também tem pontos que podem prejudicar uma possível nomeação. Analistas políticos e veículos de imprensa do Reino Unido destacam seu pouco perfil público, apesar do respeito que possui no Parlamento.

Além disso, Ben Wallace ficou exposto em março deste ano quando atendeu uma ligação falsa atribuída ao primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal. A chamada de vídeo teria partido da Rússia, em meio ao conflito na região, e foi citada como 'sofisticada' pelo governo britânico. A ligação foi encerrada com pouco mais de dez minutos de duração.

No entanto, houve o temor de que as falas dele fossem utilizadas para alguma propaganda pró-tropas russas, uma vez que ele reiterou o apoio do Reino Unido à Ucrânia. Na ligação, ele disse que o governo britânico apoiaria a Ucrânia "como um amigo em qualquer escolha que fizer".

Vida pública em ascensão e dedicação ao esporte

Segundo o perfil do político no site oficial do governo britânico, Ben Wallace é egresso da Real Academia Militar de Sandhurst, centro de treinamento inicial dos oficiais militares do exército britânico, onde serviu como Oficial da Guarda Escocesa. Na década de 1990, defendeu Irlanda do Norte, Alemanha, Chipre e América Central até entrar para a política em 1999 como membro do Parlamento Escocês.

Em 2005, candidatou-se e foi eleito para o Parlamento do Reino Unido, e teve seu primeiro trabalho no governo como Secretário Particular Parlamentar do Ministro do Gabinete Veterano, Rt. Hon Ken Clarke QC, então Secretário de Justiça. Ele serviu também como assistente dos ministros da Irlanda do Norte e do ministro da Segurança mais antigo do Reino Unido entre 2014 e 2015.

Em 2008, Ben Wallace foi eleito pela revista britânica The Spectator o "Ativista Comunitário do ano" no Parlamento após liderar os apelos por uma maior transparência e reforma das despesas parlamentares. Também já foi escolhido como deputado pelo Partido Conservador por Wyre e Preston North para diferentes mandatos entre os anos de 2005 e 2010.

Antes de assumir a Defesa, chegou a ser Ministro de Estado da Segurança entre julho de 2016 e julho de 2019, quando foi nomeado para o cargo que ocupa hoje. No período em que esteve à frente da Segurança, enfrentou os ataques terroristas de 2017 e o ataque do Estado Russo em Salisbury, em 2018.

Fora do ambiente político, Ben Wallace leva uma rotina dedicada à família e aos esportes: ele reside com a família no condado de Lancashire e tem como hobbies jogar rugby, esquiar, além de se aventurar em esportes motorizados e corridas de cavalos.

Antes de entrar para as Forças Armadas, Wallace chegou a trabalhar como instrutor de esqui na Áustria, num total contraste com sua atual vida pública.