Em entrevista na Argentina, Bolsonaro leva Eduardo para traduzir respostas
Amanda Cotrim
Colaboração para o UOL, em Buenos Aires
08/12/2023 10h28Atualizada em 08/12/2023 14h36
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi responsável pela tradução durante entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) hoje (8) em uma rádio na Argentina. A conversa com o jornalista Eduardo Feinmann durou cerca de 30 minutos.
O que aconteceu
Durante a entrevista, Bolsonaro citou o presidente Lula (PT) em diversas ocasiões. Repetiu que seu adversário político é "corrupto" e que é pré-terrorismo.
Bolsonaro criticou a nomeação de Flávio Dino (PSB) ao STF e disse que o magistrado é um comunista. "Ele integrou o Partido Comunista do Brasil, ele fala que é apaixonado por Lenin e Stalin."
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O ex-presidente também disse que Michelle Bolsonaro não tem planos de se candidatar a algum cargo público. O jornalista argentino afirmou que a ex-primeira-dama é "muito querida do povo brasileiro". Bolsonaro respondeu que a mulher fez um bom trabalho na área social durante o governo dele, mas que ela não gosta e não teria interesse em se envolver na política.
Sobre o ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro, o ex-presidente negou envolvimento e disse que "não foi um ato terrorista" nem tentativa de golpe. "Nos acusam de tentar tomar o poder, mas não tinham armas. Não foi encontrada nenhuma arma", defendeu. Para ele, foi um "ato legítimo de manifestação popular".
Bolsonaro ainda disse que, no Brasil, "qualquer pessoa" pode ser presa. "Ate você, se for para o Brasil, pode ser preso", disse ao jornalista, colocando em dúvida os critérios da Justiça brasileira. "Até o Lula foi preso", provocou o jornalista. "Mas Lula foi preso por corrupção. É diferente", respondeu o ex-presidente.
Comparações e risadas
A entrevista teve um tom de "roda de amigos". Finmann chegou a comparar Lula com Cristina Kirchner ao dizer que o brasileiro alega sofrer perseguição jurídica. "É o mesmo que acontece aqui na Argentina", afirmou o apresentador. "É populismo puro."
Feinmann e o ex-presidente deram risada quando mencionaram um ditado popular da Argentina, que diz que "o ladrão acredita que todos são iguais a ele".
No fim da entrevista, uma pessoa imitando a voz de Lula entrou ao vivo no programa e disse que espera 2030 para poder votar em Bolsonaro — todos riram no estúdio. O ex-presidente está inelegível e não pode participar das eleições de 2026.
Bolsonaro terminou a participação na rádio argentina desejando sorte ao novo presidente do país, Javier Milei. O brasileiro viajou para a capital portenha para a posse de Milei. Ele chegou quatro dias antes da cerimônia oficial e deve ter tratamento de chefe de Estado.
Quero pedir a Deus que abençoe o povo argentino.
Jair Bolsonaro