Equador aposta em prisões, mas números não aliviam medo da população

Forças de segurança do Equador prenderam 1.534 pessoas desde a última terça, quando estourou a crise de violência no país. A reação não mudou o sentimento de medo de voltar às ruas da população.

O que aconteceu

O número de prisões representa 4,7% da população carcerária do país, formada por 32 mil detentos. Mantendo este ritmo e sem relaxar as detenções, as cadeias terão o dobro de presos em menos de cinco meses. A média diária é de 219 detenções.

Em estado de exceção, o Equador viu a rotina mudar com toque de recolher, militares nas ruas e nas penitenciárias e hospitais e escolas fechados. O comércio não esquenta, mesmo com o pagamento de parte do salário aos trabalhadores.

Algumas lojas reabriram, mas faltam clientes. Gerente de um posto de gasolina numa esquina, ponto estratégico de comércio, Darwin Saavedra dispensou duas atendentes por falta de motoristas querendo abastecer. O normal para o horário visitado era ter fila de quatro ou cinco carros.

O ponto de ônibus estava tranquilo. Acostumados a se acotovelar para entrar, os passageiros viajavam sentados, já que os bancos sobravam. Do outro lado da rua, uma loja funcionava com apenas uma porta aberta, outro sinal da anormalidade sentida em Guayaquil.

Gerente desanima com todas as bombas vazias no posto
Gerente desanima com todas as bombas vazias no posto Imagem: Felipe Pereira/UOL

Explosão de presos

Os 1.534 detentos representam mais do que a população carcerária de 32 cadeias equatorianas, de acordo com o jornal local El Universo. O sistema penitenciário do país tem 36 unidades prisionais.

Durante esta semana, foram registradas cinco mortes de "terroristas". É assim que o país chama qualquer integrante de quadrilhas. Também houve dois policiais mortos entre a última terça (9) e ontem (15).

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Volta tímida às ruas

A cidade tinha até congestionamento ontem. Mas só em quadras específicas do centro. O movimento nas calçadas não ocorre na mesma proporção.

Continua o receito de ser assaltado ou assassinado. A feirante Maruja Almeida sai de casa cedo e atravessa a cidade, mas só viu 25% do movimento habitual. Ela também reclama de prejuízo. Não havia vendido nem um terço do que costumava até o final da tarde de ontem.

Calçada que leva a estação de transporte público no centro está quase vazia
Calçada que leva a estação de transporte público no centro está quase vazia Imagem: Felipe Pereira/UOL

Estatísticas não convencem população

As estatísticas divulgadas pelo governo não tranquilizaram os moradores. Os números robustos ressaltam o tamanho do problema. O saldo de uma semana de estado de exceção é:

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15.461 operações das forças de segurança realizadas;

1.534 presos;

478 explosivos apreendidos;

580 veículos recuperados;

575 armas apreendidas

5 criminosos mortos;

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2 policiais mortos.

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