Promotor assassinado no Equador investigou conexão entre crime e políticos
O promotor César Suárez, assassinado a tiros ao investigar os ataques a uma emissora de televisão no Equador, participou de uma das maiores operações contra a corrupção no país que apontou relações entre o narcotráfico e agentes públicos.
O que aconteceu
Suárez é conhecido por atuar em investigações que miram o crime organizado no país. Ele participou da operação Metástase, que apurou conexões de um narcotraficante com políticos e membros do Judiciário e das polícias.
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O promotor esteve à frente do combate a casos de corrupção em hospitais do Equador. Suárez trabalhou para identificar irregularidades em unidades hospitalares durante a pandemia da covid-19.
Participou também de uma investigação que mirava casos de corrupção envolvendo Daniel Salcedo. Ele é acusado de envolvimento em irregularidades hospitalares e foi um dos nomes investigados no caso Mestástase. Salcedo estava preso no Panamá e deve ser levado a Quito.
Ele trabalhou em uma investigação que apurou um golpe nos fundos do Instituto de Segurança Social da Polícia (Isspol). O coronel do instituto se manifestou nas redes sociais: "Total rejeição, indignação e impotência diante do assassinato do doutor César Suárez", afirmou Renato González.
Promotor não costumava andar com forte esquema de segurança. Para Gonzalo Albán Molestina, consultor de segurança do Observatório de Políticas Públicas de Guayaquil, o Estado deve dar garantias para que as autoridades possam cumprir suas funções "contra o terrorismo que afeta o país".
No momento atual, a morte de Suárez se soma a uma situação complexa, já que ele investigava casos que têm relação com o crime organizado internacional. Isso dificulta a apuração pela justiça.
Gonzalo Albán Molestina, consultor em segurança pública
Baleado ao dirigir
O carro em que Suárez estava foi atingido por ao menos 12 tiros. O promotor dirigia um SUV que foi interceptado por pistoleiros. As balas atingiram a janela e a porta do motorista, na altura entre o abdômen e a cabeça dele.
O crime ocorreu por volta das 13h30 (15h30 no horário de Brasília) em uma das principais avenidas de Guayaquil. Suárez investigava qual facção criminosa havia participado dos atentados na emissora local. O ataque foi transmitido por cerca de 20 minutos e é considerado um dos momentos de maior terror da crise de segurança que atinge o país nos últimos dias.
O que dizem as autoridades
A procuradora-geral do Estado, Diana Salazar, pediu garantias de segurança às autoridades e lamentou a morte do colega. "É impossível não ficar arrasada com a morte de um companheiro de luta conta o crime organizado", afirmou. "Seguimos firmes em seu nome: por ele, pelo país, pela Justiça", postou.
A juíza da Câmara Penal do Tribunal Provincial de Justiça de Guayas, Fabíola Gallardo, destacou que os ataques continuam. "Os atentados contra nossos companheiros judiciais continuam. O assassinato de César Suárez não pode ficar impune. Minha solidariedade à família e companheiros fiscais."