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Família de palestino é retida pela PF em aeroporto; juíza nega repatriação

Laila Nery

Do UOL, em São Paulo

22/06/2024 21h14Atualizada em 23/06/2024 15h29

Uma família de palestinos e malaios, vinda da Malásia, está retida pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos desde sexta-feira (21).

O que aconteceu

A PF pediu a repatriação dos quatro parentes — o que foi negado pela Justiça Federal de São Paulo neste sábado (22). O palestino Muslim Abuumar chegou ao país acompanhado de sua mulher, que está grávida, do filho de cinco anos e da sogra dele.

Presidente do Instituto Brasil-Palestina diz que Abuumar foi interrogado assim que desembarcou e alega xenofobia. Segundo Ahmad Shehada, o palestino foi informado de que seria repatriado após ser questionado sobre seus posicionamentos políticos, se apoia ou não a resistência palestina e a ocupação da Faixa de Gaza por Israel.

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Família veio pela primeira vez ao Brasil visitar o irmão do palestino, diz a defesa. O advogado Bruno Henrique de Moura afirma que eles vivem na Malásia, onde Abuumar trabalha como diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia, que tem sede em Kuala Lumpur.

Pedido de extradição foi feito pelo Departamento Antiterrorismo da PF em Brasília, afirma o Instituto Brasil-Palestina. A solicitação foi negada pela juíza federal substituta Milenna Marjorie Fonseca da Cunha — a família permanece sob controle da PF em um hotel dentro do aeroporto, sem poder entrar em território brasileiro.

A PF não explicou porque barrou a família, diz defesa. Abuumar afirmou ainda em seu depoimento que não teve acesso a um tradutor ou a um advogado no interrogatório e que os policiais que o abordaram não explicaram o que estava acontecendo.

Juíza determina que PF explique em até 24 horas a razão para impedir a entrada do grupo. O UOL procurou a PF do aeroporto de Guarulhos e a Inteligência da PF no Distrito Federal, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

A autoridade policial, informalmente, comunicou que ele voltaria o quanto antes à origem, qual seja a Malásia, e colocou sua repatriação forçada, sob responsabilidade da Qatar Airways.
versão da família, relatada à Justiça Federal

Decisões, ainda que administrativas, não podem se sustentar em boatos ou achismos: precisam de provas suficientes da conduta que se alega. Aguardamos a manifestação da Polícia nos autos do Mandado de Segurança para prestarem os esclarecimentos.
advogado da família, Bruno Henrique de Moura

Não tenho dúvidas que existe uma cooperação entre os serviços de inteligência e este caso comprova isso. Muslim Abuumar é um professor universitário, tem boas relações com o governo da Malásia, onde mora há anos. Ele é sim um ativista pelos direitos do povo palestino, como eu também sou. Esse é mais um caso de xenofobia.
Ahmad Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina

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