Rússia utiliza motocicletas em ataques na linha de frente da Ucrânia

A Rússia usa motocicletas em sua estratégia militar para romper a linha de frente ucraniana há meses, diz reportagem do The New York Times. Os veículos de duas rodas apresentam como vantagem a maior velocidade em comparação com blindados, mas também tornam os pilotos mais vulneráveis ao ataque dos oponentes.

Ao descrever a nova modalidade do ataque que presenciou, o tenente Mykhailo Hubtisky disse que "eles se moveram rapidamente, se espalharam e deram guinadas". Os veículos adicionam um novo elemento à luta já violenta e caótica na Ucrânia, reporta o jornal.

Em algumas linhas de frente, soldados russos pilotando motocicletas, quadriciclos, mountain bikes e buggies de areia já correspondem a metade dos ataques.

Moscou tenta usar a velocidade em espaços abertos em que veículos blindados pesados são alvos fáceis, para obter pequenas vitórias táticas de algumas centenas de metros. Até o momento, o maior avanço russo foi de 24 km a partir de seu ponto inicial.

Uma tática letal

Com drones de reconhecimento no céu de Donbas, os veículos de duas rodas se tornaram uma alternativa mais ágil para fugir da artilharia. Por outro lado, os condutores ficam expostos a rajadas de metralhadora ao se aproximarem das trincheiras e aos ataques de drones quadricópteros guiados por um operador usando óculos de realidade virtual.

Às vezes, os pilotos de moto são bem-sucedidos, se o bombardeamento russo consegue evitar que o exército ucraniano coloque a cabeça para fora da trincheira. Se conseguem atravessar o campo e chegar até os ucranianos, os soldados iniciam um combate de perto. Eles pulam do veículo já atirando, segundo relatos colhidos pelo NYT.

A invasão de motos resulta em muitas mortes, mas esses ataques não superam a estratégia russa de utilizar armas de artilharia e a quantidade de munições. É apenas uma tática adicional.

Outra vantagem é que os pilotos das motocicletas têm boa visibilidade e conseguem evitar minas que blindados não conseguem ver. Ou então, eles fazem o trajeto que veículos armados fizeram antes, onde sabem que não há minas. Ainda assim, os soldados não têm proteção contra a artilharia explodindo ao seu redor.

"Como eles encontram pessoas dispostas a fazer isso eu não sei", afirmou um sargento que não quis se identificar à reportagem do NYT.