'Donald Trump é incapaz de liderar', diz editorial do New York Times
Do UOL, em São Paulo
11/07/2024 12h34
O New York Times, jornal mais influente dos Estados Unidos, afirmou em um editorial publicado nesta quinta-feira (11) que o candidato republicano a presidência dos EUA Donald Trump é "incapaz de liderar".
O que aconteceu
O editorial diz que Trump é "perigoso" nas palavras e ações. O jornal diz também que Trump é uma "escolha aterrorizante" para o momento do país. O New York Times afirma que o texto foi escrito por um conselho editorial, formado por um grupo de jornalistas de opinião, com experiência em pesquisa, debate e valores de longa data.
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O artigo afirma que o republicano "se coloca à frente do país" e que detesta as leis vigentes dos EUA. O texto descreve Trump como "um homem cujos valores, temperamento, ideias e linguagem se opõem diretamente do que tornou este país grande".
Mas o que está em jogo nestas eleições não se prende fundamentalmente a divergências políticas. O que está em jogo é mais fundamental: quais as qualidades que mais importam no presidente e no comandante-chefe dos Estados Unidos. Trump demonstrou um carácter indigno das responsabilidades da presidência. Ele demonstrou uma total falta de respeito pela Constituição, pelo Estado de direito e pelo povo americano.
Editorial do New York Times
"Trump é animado por uma sede de poder político", diz outro trecho do editorial. Segundo o artigo, o candidato republicano usa as alavancas do governo para promover os seus interesses.
Trump, candidato do Partido Republicano, deve enfrentar o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais em novembro. O texto cita como positivo o debate entre os democratas se Joe Biden é o ideal candidato, mas sinaliza que os republicanos não tiveram um debate semelhante. "É uma tragédia nacional que os republicanos não tenham conseguido realizar um debate semelhante sobre a inaptidão moral e temperamental do seu porta-estandarte, deixando de lado os seus valores de longa data", diz.
Faltam menos de quatro meses para o dia das eleições. O editorial pede que os norte-americanos ouçam as palavras de Donald Trump. "Prestem atenção ao que ele fez como presidente". "Os eleitores frustrados pela inflação e pela imigração ou atraídos pela força da personalidade do Sr. Trump deveriam fazer uma pausa e tomar nota das suas palavras e promessas. Tem muito a ver com tornar as divisões e a raiva na nossa sociedade mais amplas e intensas do que já são".
O jornal classifica a presidência dos EUA como o trabalho mais importante do mundo e diz que Trump não deveria ocupar tal cargo. "O Partido Republicano fará a sua escolha na próxima semana. Em breve todos os americanos poderão fazer a sua própria escolha. O que Trump faria em um segundo mandato? Ele disse aos americanos quem ele é lhes mostrou que tipo de líder ele seria. Quando alguém falha em tantos testes fundamentais, você não dá a ele o trabalho mais importante do mundo".
Leia alguns trechos do editorial
Ele mente descaradamente e maliciosamente, abraça racistas, abusa de mulheres e tem o instinto de um valentão de escola para atingir os mais vulneráveis da sociedade. Ele tem prazer em tornar pública, grosseira e polarizada uma linguagem cada vez mais divisiva e incendiária. Trump é um homem que anseia por validação e justificação, tanto que preferiria as mentiras de um líder hostil às verdades das suas próprias agências de inteligência e abalaria um aliado vulnerável em busca de vantagens políticas a curto prazo.
Os presidentes republicanos e os candidatos presidenciais usaram a sua liderança em momentos críticos para estabelecer um tom que a sociedade deveria seguir. Reagan enfrentou o totalitarismo na década de 1980, nomeou a primeira mulher para o Supremo Tribunal e trabalhou com os democratas em reformas fiscais e de imigração bipartidárias. George H.W. Bush assinou a Lei dos Americanos Portadores de Deficiência e defendeu decisivamente um aliado, o Kuwait, contra a agressão iraquiana. George W. Bush, apesar de todos os seus fracassos após o 11 de Setembro, não alimentou o ódio nem demonizou os muçulmanos ou o Islã.
Caráter é a qualidade que dá credibilidade, autoridade e influência a um líder. Durante a campanha de 2016, os ataques mesquinhos de Trump aos seus oponentes e às suas famílias levaram muitos republicanos a concluir que lhe faltava esse caráter. Outros republicanos, incluindo aqueles que apoiaram as políticas do antigo presidente no cargo, dizem que já não podem, em sã consciência, apoiá-lo para a presidência. "É um trabalho que exige o tipo de caráter que ele simplesmente não tem", disse Paul Ryan, ex-presidente republicano da Câmara, sobre Trump em maio.
Editorial do New York Times
Jornal também pediu que Biden desista da candidatura
Desistência de Biden. Em dois editoriais, publicados nos últimos dias, o conselho editorial do New York Times, ao presidente Joe Biden que desista de sua campanha pela reeleição e permita que outro democrata enfrente Donald Trump em novembro.
No editorial publicado após o primeiro debate eleitoral, considerado catastrófico para Biden, o jornal descreveu o presidente, 81, como "a sombra de um líder". O texto publicado no dia 28 de junho argumentou que o presidente "fracassou em seu próprio teste".
"O Sr. Biden tem sido um presidente admirável. Sob a sua liderança, a nação prosperou e começou a enfrentar uma série de desafios de longo prazo, e as feridas abertas pelo Sr. Trump começaram a cicatrizar. Mas o maior serviço público que o Sr. Biden pode prestar agora é anunciar que não continuará concorrendo à reeleição", publicou o conselho editorial.
Segundo editorial contra candidatura de Biden foi publicado no dia 9 de julho. O jornal afirmou que Biden está "passando vergonha" e "colocando o seu legado em risco". O artigo diz ainda que ele "parece inapto" para um novo mandato. "Parece ter perdido a noção do próprio papel nesse drama nacional", acrescenta o texto em referência a Joe Biden. "Ele não parece entender que agora ele é o problema —e que a melhor esperança para os democratas manterem a Casa Branca é que ele desista".