Países pedem respeito a resultados na Venezuela em comunicado conjunto
Do UOL, em São Paulo
29/07/2024 00h11
Em comunicado conjunto, chanceleres de países latino-americanos pediram respeito aos resultados das eleições venezuelanas, realizadas neste domingo (28). O Brasil não aparece na nota.
O que aconteceu
Argentina, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai assinam a nota. Na mensagem, os países dizem que estão acompanhando de perto os últimos acontecimentos na Venezuela e pedem garantias de respeito ao resultado do pleito.
Relacionadas
[Os países] consideram essencial ter garantias de que os resultados eleitorais respeitarão plenamente a vontade popular expressada pelo povo venezuelano nas urnas. Isto só pode ser conseguido através de uma contagem de votos transparente, que permita a verificação e controle dos observadores e delegados de todos os candidatos.
Trecho do comunicado
Todos os países que assinam o comunicado conjunto são formados por presidentes alinhados à direita.
Eleições foram marcadas por confusões
Houve atraso e intimidação em algumas cidades no pleito de hoje. Centros eleitorais chegaram a registrar atraso de uma hora para início da votação em Táchira, estado que faz fronteira com a Colômbia. Na região, também foram registradas intimidações de grupos de homens encapuzados que realizaram disparos para o alto em meio às filas de eleitores. No município de Antonio Rómulo Costa, por exemplo, homens não identificados espalharam panfletos com mensagens intimidatórias próximo aos centros de votação.
Voluntários pró e contra o governo de Maduro se enfrentaram. O incidente ocorreu no entorno de um centro de votação de Andrés Bello, estado de Miranda. Segundo fotos, militantes pró-governo tentaram impedir que um voluntário de oposição entrasse no centro de votação.
Um homem também foi preso por tirar foto da urna. Segundo o comandante estratégico operacional da Força Armada Nacional Bolivariana, Domingo Hernandéz Lárez, um homem foi detido por tirar fotos de uma máquina eleitoral. Ele estava com dois comprovantes de voto.
Observadores internacionais foram barrados às vésperas do pleito. O governo de Maduro proibiu a entrada de avião com ex-presidentes e uma comissão formada por dez deputados e senadores da Europa. No sábado (27), um ex-deputado espanhol —que participaria como observador das eleições a convite da oposição— também foi expulso.
Cerca de 17 milhões de eleitores foram às urnas neste domingo. Outros 4 milhões de venezuelanos que vivem no exterior foram registrados para votar, mas apenas cerca de 69 mil atenderam aos requisitos estabelecidos pelo governo para votar no exterior.
Regime de Maduro
O chavismo completou 25 anos no poder. Os últimos 11 foram liderados por Nicolás Maduro, após a morte de Hugo Chávez, em 2013. A reeleição do chavista em 2018 foi chamada de fraudulenta pela oposição —que boicotou a votação—, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, que impuseram uma bateria de sanções para tentar tirá-lo do poder.
Para Maduro, apenas sua vitória garantia a "paz" no país. O presidente da Venezuela chegou a alertar para a possibilidade de um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso não vencesse as eleições. "Quanto mais contundente for a [nossa] vitória, mais garantias de paz vamos ter", disse Maduro durante discurso, na ocasião.
A declaração foi duramente criticada pelo presidente Lula (PT), apesar de o petista ser um aliado tradicional de Maduro.
Denúncia contra Maduro
Veículos foram sabotados. Na semana passada, María Corina Machado denunciou que os carros que usa para se deslocar durante a campanha eleitoral foram alvo de sabotagem —segundo ela, um deles teve os freios cortados.
A ex-deputada mostrou em um vídeo duas caminhonetes manchadas com tinta prateada estacionadas em um condomínio fechado em Barquisimeto, no estado de Lara. Ela afirmou que a tampa do cárter do motor de uma delas foi retirada, para que perdesse todo o óleo, e que "cortaram as mangueiras dos freios" da outra.
Segundo a ONG Foro Penal Venezolano, dedicada à defesa de presos políticos, mais de cem prisões já foram feitas relacionadas com a campanha da oposição.
*Com informações das agências AFP, ANSA e DW