Quem é a brasileira condenada à prisão perpétua que fugiu na Argentina
A brasileira que fugiu da penitenciária onde estava detida em Bariloche, na Argentina, foi condenada à prisão perpétua por matar a mulher que ela contratou para ser barriga de aluguel, no mesmo país. Ela é procurada pela polícia.
O que aconteceu
Brasileira fugitiva foi identificada como Amanda Alves Ferreira, de 30 anos. Ela é natural do estado de São Paulo, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Mudança de gênero ocorreu 10 meses após prisão pelo crime. Quando cometeu o assassinato, a brasileira não se identificava como mulher — como atualmente — e usava o nome de batismo, Fernando. No processo, o juiz do caso aceitou o pedido da defesa para ela ser tratada como "Amanda" nos documentos judiciais e expedidos pelo serviço penitenciário.
Para o Ministério Público, a mudança foi uma estratégia para evitar a acusação de feminicídio. O Código Penal argentino pune esse crime com prisão perpétua, segundo o site local Diario Río Negro. Apesar da tentativa, ela foi condenada por assassinar a vítima, entre outros, com uso de traição, que tem a mesma pena. As informações são do jornal argentino La Nación.
Fontes judiciais apontaram que Amanda e a vítima se conheceram anos antes do crime no Brasil. Por motivo não especificado, Amanda (que se chamava Fernando à época) se mudou para Bariloche e casou com um homem, identificado apenas como Marcelo. Como o casal não podia ter filhos, eles contrataram Eduarda, de 26 anos, amiga de Amanda, para fazer barriga de aluguel, segundo o site local Diario Río Negro.
A jovem foi para Bariloche e teve gêmeos (que foram registrados por Amanda) em 2019, mas depois voltou com os bebês para o Brasil, onde acabou engravidando de outra pessoa. Na ocasião, Amanda pediu que a amiga voltasse para a Argentina e afirmou que também registraria a terceira criança. Marcelo morreu em 2021.
Eduarda retornou à Argentina, mas Amanda teria começado a se incomodar por dividir a educação dos filhos com a vítima. Ela começou a dizer que queria voltar para o Brasil, mas Eduarda não concordava. Os investigadores acreditam que essa foi a motivação para o crime.
Júri popular descartou o agravante de feminicídio no crime em julho de 2023. Segundo o La Nácion, a presa evitou condenação por feminicídio porque afirmou ao tribunal que se identificava como mulher. Amanda foi condenada por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado por ter sido cometido com arma de fogo, traição e pela posse ilegal do armamento.
Fuga da prisão
Fuga da prisão ocorreu por volta das 21h30 (horário local). Amanda vestia roupa escura, chapéu e tênis claro no momento da ação. As circunstâncias que permitiram a fuga continuam sob investigação.
Após Amanda escapar, os policiais penais iniciaram as buscas pela detenta. As unidades policiais também foram informadas e iniciaram operações de busca, que se prorrogaram ao longo de quarta-feira (7). Ações administrativas e judiciais foram instauradas para esclarecer como a fuga foi realizada, informou a Secretaria de Comunicação do governo de Rio Negro em nota. Até a quinta-feira (8), ela não havia sido encontrada.
Relembre o crime
Amanda foi condenada por matar Eduarda Santos de Almeida, de 26 anos, em fevereiro de 2022. O crime ocorreu próximo a uma rodovia em Bariloche. A vítima, que também era brasileira, era mãe dos filhos de Amanda.
A mulher foi morta com 6 a 9 tiros de pistola, a uma distância menor que 1,2 metro. Na ocasião, após o assassinato, Amanda voltou para a casa em Bariloche e avisou a polícia sobre o suposto desaparecimento de Eduarda. O corpo foi encontrado por um turista. Amanda acabou presa e confessou o crime.
Procurador disse que o homicídio foi "traiçoeiro". Martín Lozada apontou que a vítima não teve opção de se defender, pois estava com a agressora em um local escuro e distante da residência onde viviam. A violência de gênero sofrida pela vítima foi enfatizada no julgamento. O Ministério Público apontou que Eduarda era mãe, dependia financeiramente de Amanda e não tinha familiares ou amigos.
Newsletter
DE OLHO NO MUNDO
Os principais acontecimentos internacionais e uma curadoria do melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email.
Quero receberDefesa de Amanda pediu que a prisão perpétua fosse desconsiderada. Nelson Vigueiras ponderou que a pena "ultrapassava o limite da culpa nos diversos graus, é cruel, desumana e degradante". Ele apontou ainda que a cliente tinha "características paranoicas" no momento do assassinato.
Juiz rejeitou o pedido da defesa para analisar as possíveis características paranoicas. O magistrado Juan Martín Arroyo ainda citou que o relatório psiquiátrico feito em Amanda demonstrou que ela não foi afetada ou sofreu perda de realidade durante o crime.
Deixe seu comentário