Conteúdo publicado há 23 dias

Maduro afirma 'respeitar' decisão de González de se exilar na Espanha

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (9) que acompanhou de perto as gestões para o salvo-conduto concedido ao seu rival nas eleições de julho, Edmundo González Urrutia, e que "respeita" sua decisão de se exilar na Espanha.

O que aconteceu

Maduro citou o nome de González em seu programa semanal. "Posso dizer ao [ex-]embaixador González Urrutia, com quem tive confrontos duros após o dia 29 de julho, que estive atento a tudo isso", declarou, se referindo às conversas para o exílio do opositor.

O presidente venezuelano disse entender a decisão tomada pelo diplomata. "Compreendo o passo que ele deu, respeito, e espero que ele se saia bem em seu caminho e em sua nova vida", acrescentou, afirmando que, "acima que qualquer coisa, a paz vai reinar na Venezuela". O mandatário foi proclamado reeleito em meio a denúncias de fraude por parte da oposição.

"Posso ter muitos defeitos, mas um dos valores que pratico é a palavra", ressaltou. "Conduzi esse processo coletivamente com uma equipe, mas também em cunho pessoal. Tenho palavra para cumprir os acordos e também para guardar os segredos. Eu poderia contar muitas coisas, de como foi o processo, mas me reservo ao direito constitucional do segredo de Estado."

Ele acrescentou que tudo que foi realizado no processo de negociação foi feito de forma "impecável". "A Venezuela é maior que qualquer pessoa e qualquer ego", concluiu.

González diz não ter ressentimento

González falou nesta segunda-feira (9) em "política do diálogo". Ele está exilado na Espanha após a Justiça venezuelana determinar a prisão dele.

Na carta divulgada nas redes sociais, González afirma que se exilou "pensando na Venezuela". "Tomei esta decisão pensando na Venezuela e que o nosso destino como país não pode, nem deve ser, o de um conflito de dor e sofrimento", destacou.

O candidato da oposição na disputa presidencial escreveu que levou em consideração a família dele e as de todo o país. "Sou incompatível com o ressentimento. Só a política do diálogo pode fazer-nos reunir como compatriotas. Só a democracia e a realização da vontade popular podem ser o caminho para o nosso futuro como país e continuarei empenhado nisso", diz um trecho.

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González também cita a líder da oposição, María Corina Machado, que segue na Venezuela. "Quero ressaltar o trabalho e o esforço de María Corina Machado, que liderou este processo eleitoral e da Plataforma Unitária [aliança de oposição] pelo seu trabalho e compromisso".

O texto é assinado de Madri, capital da Espanha.

Exílio

Edmundo Gonzalez deixou a Venezuela e pediu asilo na Espanha. Ele era alvo de uma ordem de prisão por parte do regime, e pousou no domingo (8) numa base militar na Espanha.

A negociação para a fuga do opositor começou há dias, com o envolvimento e mediação sigilosa de José Luiz Zapatero, ex-presidente do governo da Espanha. Enquanto o processo era discutido, um avião oficial do governo espanhol o aguardava na República Dominicana. No sábado (7), diante do acordo com Caracas, o avião pousou na capital venezuelana para retirar o candidato do país.

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Na semana passada, a Procuradoria-Geral em Caracas anunciou um pedido de prisão do candidato opositor nas eleições de julho. Horas depois, um tribunal de primeira instância acatou a solicitação. Os órgãos são ligados a Maduro.

González, segundo a denúncia, é alvo de uma investigação sobre disseminação de informações por parte do site "Resultados com VZLA", responsável por divulgar dados sobre a eleição. Maduro anunciou que foi o vencedor do pleito, mas nunca foi divulgada as atas das sessões eleitorais. González, por sua vez, também declarou ter vencido.

No site mantido pelos grupos de oposição, os resultados mostram que González venceu a eleição, a partir de uma amostra de atas. A ONU considerou que as atas obtidas eram verídicas, assim como a União Europeia.

(Com AFP)

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