OPINIÃO
Reinaldo: Israel ignorará votação histórica na ONU; 'pagers' e uma questão
Colaboração para o UOL
18/09/2024 15h31Atualizada em 18/09/2024 16h08
O colunista Reinaldo Azevedo disse no Olha Aqui! desta quarta (18) que a sinalização da ONU (Organização das Nações Unidas) para Israel desocupar a Palestina tem um peso simbólico importantíssimo. Ele destacou ainda que as explosões de pagers e walkie-talkies em Beirute, no Líbano, deixam claro que Israel está infiltrado no Hezbollah.
É uma resolução da Assembleia Geral, ela não é de cumprimento obrigatório, mas ela tem um peso simbólico importantíssimo: 124 países, o Brasil está entre os que votaram [favoráveis], 14 votaram contra, 43 abstenções. Houve ali, o [colunista] Jamil [Chade] relata, aplausos bastante efusivos à decisão, que nada mais é do que: o que se está pedindo é o cumprimento de uma resolução do Conselho de Segurança [da ONU] que nunca foi cumprido. Ao contrário, não só a desocupação não aconteceu, como está em curso a franca, e aberta, e escancarada, e escandalosa e criminosa colonização da Cisjordânia, onde em princípio não há estado de guerra, embora já tenham morrido centenas desde o começo dos conflitos em Gaza. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo ressaltou que na Cisjordânia colonos judeus armados por Israel se comportam como terroristas.
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É uma ocupação criminosa, de caráter colonialista que está em curso. E sempre se usa, claro: 'Ah, é porque tem os terroristas disso daquilo'. Ok, houve o tempo em que esses fatores não estavam dados, não dessa maneira, e se produziu guerra em vez de se produzir paz. Essa colonização é inaceitável, assim como ações de guerra que Israel empreende hoje, inaceitáveis também, como é inaceitável, obviamente, o ataque terrorista. Não há dúvida.
Agora, as coisas têm de ter uma medida. O que está em curso hoje em Gaza é um massacre, indiscriminado. Não há plano nenhum — todos os analistas internacionais já apontaram — para o depois. Não há plano nenhum parece que não seja a destruição e tornar impossível a vida em Gaza. E aí, então, se pergunta: o que fazer com aquelas pessoas? E nunca se tem resposta pra isso. É uma questão delicada. Então, que se vote. 'Eu voto pra Cisjordânia'. E vamos ver como o governo de Israel tratou o moderado governo da Autoridade Palestina. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Segundo Reinaldo, parte importante dos conflitos atuais se deve ao fato de que Israel desmoralizou a Autoridade Palestina e o seu presidente, Mahmoud Abbas.
Desprezou, ignorou, humilhou. E nesse tempo, enquanto fazia isso, mantinha uma espécie de parceria, ainda que tensa, com o Hamas. A verdade é essa. Porque nunca interessou fortalecer a Autoridade Palestina, até porque a Autoridade Palestina, como se vê, tem reconhecimento internacional, o Hamas não. E, portanto, os falcões de Israel, a extrema direita israelense, sempre viu o fortalecimento.
O fortalecimento de Autoridade Nacional Palestina torna mais próximo — ainda que seja distante — a criação do Estado Palestino, uma vez que eles contam com apoio internacional. Então, a melhor maneira de tornar muito distante o Estado Palestino é desmoralizar o Mahmoud Abbas e ficar mantendo uma parceria, ainda uma parceria de inimigos, com o Hamas. Até que o Hamas fez o que fez. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo afirmou que a ação coordenada para a explosão de pagers e walkie-talkies do Hezbollah mostra o quanto Israel está infiltrado nessa organização.
Havia explosivos nesses aparelhos. Então, nós estamos falando, não são pagers quaisquer, não são walkie-talkies quaisquer. Quando o Hezbollah foi comprar esses aparelhos, certamente, Israel interferiu no processo. Primeira coisa: Israel está infiltrado no Hezbollah, zero de dúvida. Tanto está infiltrado no Hezbollah que sabia da compra desses aparelhos. Mais do que saber, a compra acabou sendo condicionada a um vendedor que estava vendendo os aparelhos desse modo, mexidos. Olha a sofisticação dessa operação, olha o requinte dessa operação. Como olha o requinte da operação que conseguiu se infiltrar na Guarda Revolucionária Iraniana e matar um representante da Autoridade Palestina que foi lá, pra posse do presidente (...).
Como é que esse país conseguiu, como é que as forças de segurança desse país permitiram o ataque terrorista do Hamas? Quem, com essa precisão, com essa competência, interfere na compra de aparelhos do Hezbollah? Isso ignifica infiltração na cúpula do Hezbollah, infiltração na Guarda Revolucionária. Como permitir que o atentado tivesse acontecido ali do outro lado (...)? Como é que isso aconteceu, que é a pergunta que muita gente em Israel, muita gente séria se faz. A investigação está em curso e é claro que não chegará a lugar algum enquanto [Benjamin] Netanyahu estiver no poder. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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