Jamil: Sem referência a Lula, Venezuela foca ataques ao Itamaraty
A Venezuela foca ataques ao Itamaraty, mas sem fazer referências ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou o colunista Jamil Chade durante participação no UOL News, nesta quinta-feira (31).
Após o governo brasileiro ter vetado a entrada do país vizinho no Brics, o ditador Nicolás Maduro decidiu convocar seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, de volta a Caracas para "consultas". Na prática diplomática, isso é um gesto para mostrar repúdio a outro governo e um primeiro passo para uma eventual retirada completa da representação no país. No Itamaraty, diz Jamil, a ordem é não reagir nem comentar o gesto venezuelano.
Em relação a essa crise, ou mais um capítulo dessa crise, eu achei bastante interessante o fato de eles terem focado em Celso Amorim, no caso da Venezuela, e ao Itamaraty.
E lembrar de um episódio, no governo Bolsonaro, o então chanceler da Venezuela disse o seguinte: 'nós temos plena confiança no Itamaraty. O louco, a maluquice toda que está sendo feita em relação à Venezuela é de Bolsonaro, não é do Itamaraty'. Eu lembro até uma mensagem do então chanceler venezuelano. Ele disse: 'a gente sabe como vocês estão resistindo a essa loucura toda'. Passam os anos, a situação fica dessa forma e agora você pega o comunicado do governo venezuelano e o ataque é contra o Itamaraty? Nenhuma referência ao presidente Lula.
Jamil Chade
"A situação, obviamente, ela não vai embora. A Venezuela não mora na fronteira do Brasil. Ela será a vizinha do Brasil de forma permanente. Nós vamos ter de lidar com essa situação", concluiu Jamil.
Escalada de tensão
O Brasil não reconhece a vitória de Maduro nas eleições de junho, mas o chanceler Mauro Vieira conversou com a diplomacia venezuelana tanto em Nova York, em setembro, como às margens da cúpula em Kasan, na Rússia, na semana passada.
O governo brasileiro havia feito um pedido para que o ditador Maduro desse um salvo-conduto para que opositores que estão na embaixada da Argentina, hoje protegida pelo Brasil, pudessem deixar o país. Entretanto, os venezuelanos não deram uma resposta.
O diplomata brasileiro que representa interinamente o país em Caracas também foi convocado pelo governo Maduro. A convocação deveria ser dirigida à embaixadora do Brasil na capital venezuelana, Glivânia Maria de Oliveira — que está em férias. Caracas anunciou que a medida é para "manifestar o seu mais firme repúdio à ingerência recorrente e às declarações grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro".
Os ataques no comunicado oficial de Caracas são dirigidos em especial a Celso Amorim. Segundo o texto, o assessor de Lula vem se "comportando mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano".
"Tem se dedicado impertinentemente a emitir juízos de valor sobre processos que só pertencem aos homens e mulheres venezuelanos e às suas instituições democráticas, o que constitui uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados, ameaçando os laços que unem ambos os países", diz o governo Maduro.
Professor: Direita politiza periferia e tem estratégia de viver em campanha
A direita brasileira politiza a periferia e segue a estratégia de usar as redes sociais para viver em campanha, afirmou João Cezar de Castro Rocha, especialista em extrema direita e professor titular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) durante participação no UOL News desta quinta-feira (31).
Evandro Leitão (PT), prefeito eleito de Fortaleza, disse em entrevista ao UOL que a esquerda precisa aprender a se comunicar melhor com o eleitor, especialmente com alguns segmentos da sociedade. "A extrema direita está tendo uma capacidade de diálogo bem melhor do que a nossa", avaliou.
Para Castro Rocha, este campo político é mais dedicado em criar um contato permanente com a população, e sabe aproveitar as redes sociais não apenas em períodos de campanha.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberQuem é que está politizando a periferia? É a direita. Mas por quê? Porque trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana. Então, não é uma questão simplesmente de comunicação em época de campanha. É uma questão demográfica, do meio de comunicação e da constância com que todos eles trabalham. Eles estão todos os dias publicando um, dois vídeos no TikTok, três, quatro stories no Instagram, um vídeo no YouTube. Todos os dias durante 365 dias por ano.
João Cezar de Castro Rocha, especialista em extrema direita
Assista à íntegra da entrevista:
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