Como o alto número de abstenções ajuda a definir os eleitos nos EUA
Sara Baptista
Colaboração para o UOL
02/11/2024 05h30
Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, outros fatores além da popularidade dos candidatos podem influenciar o resultado das urnas. Em uma eleição com diferença pequena na intenção de votos como a entre Donald Trump e Kamala Harris, a presença nas urnas será crucial para definir o resultado em vários estados.
O que aconteceu
Voto não é obrigatório. Diferentemente do Brasil, os norte-americanos podem se abster de votar. Pessoas a partir dos 18 anos estão aptas a votar.
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Na campanha, candidatos tentam convencer eleitores a irem votar. Sem a obrigatoriedade do voto, os políticos precisam não apenas convencer os eleitores de que são a melhor escolha, mas também de sair de casa e comparecer para votar.
Em 2024, as pesquisas apontam uma diferença muito pequena entre Kamala Harris e Donald Trump. Neste cenário, o comparecimento efetivo às urnas pode fazer a diferença para definir o vencedor.
Muitas pessoas votam de forma intermitente. Segundo o Pew Research Center, a maioria do público vota consistentemente, ou nunca vota. No entanto, o instituto aponta que com o país extremamente dividido, os eleitores irregulares podem determinar o resultado das eleições.
Tanto o partido Democrata quanto o Republicano têm potencial de angariar os eleitores que não votam de forma regular. A informação foi concluída pela pesquisa "Voter turnout, 2018-2022", publicada pelo Pew Research Institute em 2023, que analisou a preferência de quem votou nas três últimas eleições, em um ou dois dos últimos pleitos e em nenhum deles.
Nas eleições de 2020, foi registrado um comparecimento recorde às urnas. Na ocasião, 66,7% dos eleitores registrados para votar compareceram.
No pleito anterior, em 2016, este número foi de 61,4%. Na ocasião, o republicano Donald Trump venceu a democrata Hillary Clinton.
Como funciona o sistema eleitoral americano
Nos Estados Unidos, o presidente não é eleito diretamente. Os eleitores escolhem os representantes do colégio eleitoral (delegados) de seus respectivos estados. Na prática, o partido que vence em cada estado ganha um determinado número de "pontos", representados pelos delegados.
O número de delegados em cada estado varia de 3 a 54. Ele é calculado a partir do tamanho da população e do número de parlamentares.
Candidato recebe todos os votos do estado, independente das porcentagens. Ou seja, se a votação ficar 51% a 49% em um estado com dez delegados, o candidato que teve mais votos levará os dez representantes.
É possível que um candidato receba a maioria dos votos populares, mas perca a eleição. Em 2016, Donald Trump teve quase três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, mas foi eleito porque somou 306 delegados. A mesma situação aconteceu nas eleições presidenciais de 1824, 1876, 1888 e 2000.
Os estados de Maine e Nebraska são os únicos que fogem à regra, usando o método do distrito congressional. Neste caso, os estados indicam dois votos de delegados para o vencedor no estado todo e mais um delegado para o vencedor em cada distrito.
Califórnia, Texas e Flórida são os que valem mais. São 54, 40 e 30 delegados respectivamente. Seis estados (Alasca, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Delaware, Vermont e Wyoming) e a capital Washington são os que têm menos delegados, com três cada um.