Magnata e 'dono' da nova direita: a trajetória de Trump à Casa Branca
Com sua vitória nas urnas, o republicano Donald Trump volta à presidência dos Estados Unidos, cargo que ocupou de janeiro 2017 a janeiro de 2021. Conheça mais sobre a figura mais polêmica da história recente dos Estados Unidos.
Campanha foi marcada por atentado
Trump foi alvo de um ataque a tiros. Em julho, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, atirou contra Donald Trump durante um comício na Pensilvânia. O candidato foi atingido de raspão e uma pessoa da plateia morreu. O atirador foi morto pelo Serviço Secreto. Em setembro, Ryan Wesley Routh foi preso com um rifle AK-47 enquanto se preparava para atirar em Trump, num segundo atentado.
Maiores temas de campanha foram imigração e impostos. Trump prometeu deportação em massa de 15 a 20 milhões de estrangeiros sem documento, embora o número estimado seja de 11 milhões de pessoas. Na economia, quer nacionalização, redução de importações, de impostos e de regulação sobre o mercado.
Ataques contra Kamala Harris e Tim Walz foram constantes. Durante toda a campanha, Trump focou em ofender seus adversários políticos com narrativas falsas e apelidos depreciativos. Trump chamou Kamala de "burra", "mentalmente debilitada" e "com QI baixo". Em uma entrevista, questionou se Harris era negra, e se tinha "mudado sua identidade" por vantagens políticas.
Apoio de Elon Musk. Em outubro, Donald Trump levou o bilionário sul-africano a um comício em Butler, na Pensilvânia, onde ele discursou pedindo votos ao ex-presidente. Mais tarde, no meio de outubro, Musk pagou usuários do X, sua rede social, para responder favoravelmente uma pesquisa sobre Trump.
Herdeiro, empresário e celebridade: os primeiros anos
Filho de herdeiro, negócio da família era grande no ramo imobiliário. Donald John Trump nasceu em 14 de junho de 1946, em Nova York, e foi o terceiro dos quatro filhos de Frederick Christ Trump e Mary MacLeod. O pai, conhecido como Fred Trump, já era herdeiro dos negócios da família, focados no ramo imobiliário.
Trump assumiu a presidência da Trump Organization aos 28 anos, e investiu em cassinos. Assim que se formou em economia pela Universidade de Pensilvânia, Donald Trump começou herdar o império. Sob a presidência dele, o grupo investiu no setor de cassinos na cidade de Atlantic City —em 1990, o Trump Taj Mahal chegou a ser o maior cassino do mundo, antes de falir no ano seguinte.
Também sob seu comando, outros negócios faliram, deixando o grupo com dívidas bilionárias. Ao longo dos anos, a Trump Organization decretou falência de diferentes empresas do grupo pelo menos 11 vezes — o que seria usado no futuro por adversários políticos para questionar sua habilidade com os negócios e sua imagem de empresário de sucesso.
Sua fama de homem de negócios também vinha de sua presença constante na mídia. Seu "American Way of Life" foi extensivamente coberto a partir de seu casamento com a modelo tcheca Ivana Winklmayr, com quem ele teve seus três primeiros filhos — Donald Jr., Ivanka e Eric. Ele teria mais dois casamentos no futuro: com Marla Maples, com quem teria Tiffany, e com Melania Knauss, mãe de Barron Trump e futura primeira-dama.
"Está demitido!". O reality show "O Aprendiz", no qual Trump contratava e dispensava - com a famosa frase "you're fired" (você está demitido)— empreendedores para alguma das empresas da Trump Organization, também ajudou a torná-lo ainda mais conhecido pelo grande público.
Era 'MAGA'
Trump se elegeu à presidência pela 1ª vez em 2016. Como agora, fez promessas que acenavam ao público conservador, como foco em políticas anti-imigração. À época, disse que faria o México pagar por um muro que cortaria toda a fronteira entre os países. Também prometeu tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, que estabeleceu metas climáticas e financiamento dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento, e acenou a uma guerra comercial com a China, a quem culpava pelo desemprego e pela desindustrialização de setores antes estratégicos dos EUA.
Tornou-se "dono" da direita norte-americana. Desde que venceu as primárias republicanas de 2016, Trump ganhou terreno dentro do partido e do campo conservador no país. Hoje, boa parte dos congressistas, governadores e demais políticos republicanos são identificados como "trumpistas", por serem alinhados ao ex-presidente, e não ao conservadorismo norte-americano clássico, representado, por exemplo, pela família Bush, dos ex-presidentes George W. B. e George W.
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Quero receberNo final de 2019, ele sofreria seu primeiro processo de impeachment. Trump foi considerado culpado pela Câmara dos Representantes dos EUA por pressionar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a abrir investigações contra Joe Biden, seu então futuro rival na disputa de 2020. Ele seria poupado pelo Senado, com maioria republicana, em fevereiro de 2020.
Seguidores trumpistas invadiram o Capitólio. Milhares de apoiadores do ex-presidente foram a Washington, D. C., para marchar até o Capitólio e "lutar" por ele em 6 de janeiro de 2021. Horas depois, a multidão invadiu e depredou o Congresso. Senadores, deputados e ex-vice presidente de Trump, Mike Pence, que se recusou a questionar o resultado das urnas, tiveram que ser escoltados pelas forças de segurança. Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram no ataque.
Trump é alvo de condenações judiciais
Após deixar a presidência, em 2020, Donald Trump encarou uma série de processos judiciais - e se tornou o primeiro ex-presidente americano a ser condenado criminalmente.
Compra de silêncio de Stormy Daniels: em 30 de maio de 2024, Trump foi condenado por falsificar registros comerciais relacionados ao pagamento de US$ 130 mil para silenciar a ex-atriz Stormy Daniels, evitando um escândalo sexual nas eleições de 2016.
Interferência no resultado das eleições de 2020: Trump tentou reverter a vitória de Biden em 2020, espalhando falsas alegações de fraude e pressionando oficiais para anular os resultados, culminando na invasão do Capitólio em 6 de janeiro. Há pelo menos quatro processos ativos envolvendo o Capitólio.
Interferência de Trump nas eleições da Geórgia: Trump e aliados tentaram reverter a derrota de 2020 na Geórgia, espalhando mentiras sobre fraude eleitoral, levando a uma acusação de 98 páginas em 14 de agosto de 2023.
Documentos secretos da CIA: procuradores federais acusam Trump de esconder documentos de segurança nacional em sua mansão em Mar-A-Lago após deixar a presidência, obstruindo os esforços do governo para recuperá-los.
*Com informações da AFP
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