Quem é o assessor de Trump interrogado pela PF por ordem de Moraes em 2021

Um dos assessores mais importantes de Donald Trump, Jason Miller, 49, deve ganhar um cargo na Casa Branca quando o presidente eleito dos EUA tomar posse. Ele foi interrogado pela Polícia Federal em setembro de 2021, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Quem é Jason Miller

Miller é um dos aliados políticos mais antigos de Trump e se juntou a ele em sua primeira campanha, em 2016. Ele afirmou que foi contratado por Jared Kushner, genro do futuro presidente dos EUA, com o trabalho de "amplificar o que Trump queria dizer e rebater a mídia", segundo o Columbia Journalism Review.

Empresário tem um longo histórico de trabalhos para republicanos polêmicos. Em uma de suas primeiras campanhas, em 2004, trabalhou para Jack Ryan, candidato ao Senado por Illinois contra o democrata Barack Obama. Ryan desistiu da campanha depois que sua ex-mulher entrou com um pedido de divórcio, afirmando que tinha sido levada por ele a boates "bizarras", onde o político teria pedido que os dois fizessem sexo na frente de estranhos. Ele negou as acusações na ocasião.

Em 2016, Miller trabalhou para a campanha de Ted Cruz, concorrente de Trump à vaga republicana para a Presidência. Ele chegou a criar uma hashtag chamando Trump de "sujo". Em troca, o empresário atacou a aparência da esposa de Cruz, afirmando que Heidi não era "fisicamente atraente". Apesar das ofensas, depois que Cruz foi derrotado nas primárias, o assessor aceitou a proposta de ajudar Trump.

Durante o primeiro mandato de Trump, Miller foi nomeado diretor de comunicações da Casa Branca. No entanto, ele recusou o cargo apenas dois dias depois, alegando que precisava passar mais tempo com sua família.

Analista político da CNN em 2017, deixou a posição depois de ser acusado de induzir um ex-affair a tomar substâncias abortivas, o que ele nega. "Decidi me afastar para me concentrar em limpar meu nome e lutar contra as acusações falsas e difamatórias que estão sendo feitas contra mim", afirmou à época.

Por que Miller foi interrogado no Brasil

Em setembro de 2021, Miller passou alguns dias em Brasília para promover sua rede social, a GETTR. O site, que tem no Brasil o segundo maior país de origem de usuários, propõe abrigar os principais representantes da direita global e se autodenomina livre de qualquer forma de moderação por conteúdo falso ou incitação de violência.

Ele aproveitou a visita para participar da Conferência da Ação Política Conservadora. O evento foi organizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do então presidente.

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O assessor de Trump ainda se encontrou com Bolsonaro no Palácio do Alvorada. Fotos dos dois foram publicadas por Matthew Tyrmand, um dos integrantes da comitiva de Miller.

Jason Miller foi interrogado pela PF no Brasil em setembro do ano passado, após se encontrar com Bolsonaro
Jason Miller foi interrogado pela PF no Brasil em setembro do ano passado, após se encontrar com Bolsonaro Imagem: Divulgação

O norte-americano diz ter se surpreendido ao ser levado para "conversa" na saída do Brasil. Em sua conta de Instagram, Miller afirmou que sua comitiva foi inquirida durante três horas. Ele foi conduzido à sala da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Brasília, em 7 de setembro, para ser ouvido no âmbito do inquérito das fake news, sob relatoria de Moraes, e que tem Bolsonaro como investigado.

Não fomos acusados de nada de errado e eles nos disseram que 'queriam apenas conversar'. Nós os informamos que não tínhamos nada a dizer e eventualmente fomos liberados para tomar nosso voo de volta aos EUA. Nosso objetivo segue sendo compartilhar liberdade de expressão ao redor do mundo. Jason Miller, em rede social, após interrogatório da PF

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O então presidente brasileiro criticou a ação. Bolsonaro afirmou que o ministro tinha "interceptado um cidadão americano."

Advogados do americano afirmaram à época que Miller e os outros membros da comitiva "valeram-se do direito constitucional ao silêncio". Embora tenha saído do país no mesmo dia, Milena Ramos Câmara e João Vinícius Manssur, que representavam Miller, afirmaram na ocasião que o cliente seguia "à disposição das autoridades" brasileiras.

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