Falcões, antivacina, czar e Musk: os indicados de Trump para o governo
Donald Trump já indicou alguns dos nomes que deverão integrar o novo governo em 2025. Entre os escolhidos estão o ativista antivacina Robert F. Kennedy Jr; o bilionário Elon Musk; o homem apontado como "czar das fronteiras", Tom Homan, e dois falcões: Michael Waltz e o latino Marco Rubio.
Pam Bondi, procuradora-geral
A ex-procuradora-geral da Flórida foi escolhida para comandar o Departamento de Justiça e ser procuradora-geral. O cargo é considerado chave. A mudança ocorre após o indicado anterior, o republicano Matt Gaetz, desistir de aceitar a nomeação para o cargo em meio a uma polêmica envolvendo uma investigação federal sobre tráfico sexual que começou ainda durante o primeiro mandato de Trump. O inquérito apontava que Gaetz e o também republicano Joel Greenberg ofereciam dinheiro e presentes a meninas menores de idade, em troca de sexo. Greenberg admitiu o crime em 2021.
Gaetz é um dos congressistas mais polêmicos e criticados nos Estados Unidos. Ele costuma ter posições da extrema direita radical e é odiado pelos democratas e até mesmo por parte dos republicanos.
Após nova escolha, Trump fez elogios. "Pam foi promotora por quase 20 anos, onde foi muito dura com criminosos violentos e tornou as ruas seguras para as famílias da Flórida. Então, como a primeira procuradora-geral mulher da Flórida, ela trabalhou para impedir o tráfico de drogas mortais e reduzir a tragédia das mortes por overdose de fentanil, que destruíram muitas famílias em nosso país", escreveu o presidente eleito em uma declaração no Truth Social.
Linda McMahon, Departamento de Educação
McMahon é ex-executiva da produtora de luta livre WWE e liderou a Administração de Pequenas Empresas no primeiro mandato de Trump. "Linda lutará incansavelmente para expandir a 'escolha' para todos os estados da América e capacitar os pais para tomarem as melhores decisões educacionais para suas famílias", escreveu o presidente em um comunicado.
Trump se refere à campanha "escolha universal de escola", defendida pelo Partido Republicano. Segundo os apoiadores, a ideia é dar mais autonomia aos pais sobre o ensino dos filhos nas escolas.
McMahon é uma das líderes da equipe de transição do republicano. "Linda usará suas décadas de experiência em liderança e profundo conhecimento tanto da educação quanto dos negócios para capacitar a próxima geração de estudantes e trabalhadores americanos e tornar a América o número um em educação no mundo", diz outro trecho do comunicado.
Susie Wiles, chefe de gabinete
Susie Wiles foi o primeiro nome anunciado por Trump para compor seu governo. Wiles é considerada uma das principais arquitetas da sua campanha vitoriosa.
"Susie é dura, inteligente, inovadora, admirada e respeitada em todos os lados", declarou Trump durante o anúncio. Ela será a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete nos EUA.
Nos bastidores, ela também deve agir como conselheira do presidente eleito. A expectativa é de que ela seja uma das peças-chave para colocar em prática o plano de deportação em massa de imigrantes ilegais no país.
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Quero receberTom Homan, chefe da agência responsável pelo controle de fronteiras e imigração (ICE)
Conhecido como o "czar das fronteiras", Tom Homan será chefe da agência responsável pelo controle de fronteiras e imigração (ICE). Trump declarou que Homan será responsável por "todas as deportações de estrangeiros ilegais para seus países de origem".
Homan foi diretor do departamento de Imigração e Alfândega dos EUA no primeiro mandato de Trump. "Conheço Tom há muito tempo e não há ninguém melhor do que ele para monitorar e controlar nossas fronteiras", disse Trump.
Durante sua campanha, Trump prometeu uma grande operação para deportar imigrantes ilegais em seu primeiro dia de mandato. "Tenho uma mensagem para os milhões de imigrantes ilegais que Joe Biden deixou entrar em nosso país: é melhor vocês começarem a fazer as malas agora", declarou Homan durante a Convenção Nacional Republicana em julho.
Robert Kennedy Jr., antivacina e futuro secretário da Saúde
Kennedy vai ajudar a fazer "América grande e saudável novamente", diz Trump. Em publicação na sua rede social Truth Social, o presidente-eleito disse estar "animado em anunciar" RFK Jr. como Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
Área é "a mais importante de qualquer governo", segundo presidente-eleito. "A Secretaria de Saúde e Serviços Humanos desempenhará um papel importante em ajudar a garantir que todos estejam protegidos de produtos químicos nocivos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos alimentares que contribuíram para a crise de saúde avassaladora neste país", publicou.
RFK Jr. é considerado conspiracionista. Várias vezes ele já comparou a vacinação com um "holocausto" e afirmou que os imunizantes "causam autismo" em crianças, o que é falso. Em 2021, o Instagram suspendeu a conta dele por "repetidamente compartilhar informações falsas sobre a Covid-19".
Elon Musk e Vivek Ramaswamy, chefes do Departamento de Eficiência Governamental
O objetivo da dupla será "desmantelar a burocracia governamental", diz o comunicado. "Tenho o prazer de anunciar que o grande Elon Musk, trabalhando em conjunto com o patriota americano Vivek Ramaswamy, liderará o Departamento de Eficiência Governamental".
Trump falou em reestruturar agências federais. "Juntos, esses dois americanos maravilhosos abrirão caminho para que minha administração desmantele a burocracia governamental, corte regulamentações excessivas, corte gastos desnecessários e reestruture as agências federais - essenciais para o movimento "Salve a América".
O bilionário Musk foi um grande apoiador do republicano durante a campanha eleitoral. Ele publicou frequentemente mensagens em sua plataforma em apoio ao presidente e criou um sorteio diário US$ 1 milhão para seus potenciais eleitores, que fez com que a Justiça americana questionasse a ação. Ao todo, o dono do X doou quase US$ 75 milhões (R$ 431,6 milhões) para a campanha do republicano.
Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional
Congressista da Flórida e veterano de guerra, Waltz foi confirmado por Trump como conselheiro de Segurança Nacional nesta terça-feira (12). Ele terá um papel fundamental nas decisões de política externa e segurança nacional. É esperado que Waltz lide diretamente com assuntos como a guerra na Ucrânia e mediação para fim dos ataques na Faixa de Gaza.
"Cético" sobre mais apoio financeiro dos Estados Unidos à Ucrânia, novo conselheiro de Trump apoia pressão para fim da guerra. Em comentários anteriores à sua nomeação, Waltz afirmou que os EUA têm "bastante poder de pressão sobre Zelenski para levá-los à mesa de negociações".
Crítico à China. Além das críticas ao Partido Comunista Chinês durante seu trabalho na Câmara dos Representantes, Mike Waltz já pediu um boicote às Olimpíadas de Inverno de 2022 em Pequim por considerar o país "envolvido na origem da Covid-19".
Stephen Miller, vice-chefe de governo para política
Miller é conselheiro de imigração e ex-assessor de Trump. Ele foi um dos principais conselheiros do republicano em seu primeiro mandato.
Stephen Miller foi uma figura central em muitas decisões políticas de Trump, principalmente sobre imigração. Ele participou, inclusive, na decisão de separar milhares de famílias de imigrantes ilegais em 2018. À época, mais de dois mil menores foram separados de seus pais e familiares.
Elise Stefanik, embaixadora dos EUA na ONU
A parlamentar republicana Elise Stefanik foi escolhida por Trump para ser a embaixadora dos EUA na ONU. "Elise é uma lutadora incrivelmente forte, dura e inteligente do (movimento) America First (América em Primeiro Lugar)", disse Trump em comunicado.
Stefanik vem sendo uma forte aliada de Donald Trump. Em 2019, o defendeu veementemente durante seu primeiro processo de impeachment.
A nomeação de Elise Stefanik depende da aprovação do Senado.
Lee Zeldin, administrador da Agência de Proteção Ambiental
Ex-congressista republicado, Lee Zeldin será o chefe da EPA (Agência de Proteção Ambiental). No anúncio em sua rede social, Truth Social, Trump disse que "[Lee Zeldin] vai tomar decisões de desregulação rápidas e justas, implementadas de forma a potencializar as empresas americanas, ao mesmo tempo em que mantém os mais altos padrões ambientais, incluindo a água e ar mais limpos do planeta".
Zeldin tomará decisões para reverter as proteções promulgadas pelo governo de Joe Biden. Trump o definiu como um grande defensor das políticas "America First" (América em Primeiro Lugar).
Marco Rubio, secretário de Estado
Trump oficializou nesta quarta-feira (13) o senador Marco Rubio como secretário de Estado. O cargo é equivalente ao de ministro das Relações Exteriores no Brasil. Nascido na Flórida, ele é filho de imigrantes cubanos e está envolvido na política norte-americana há 25 anos.
Caso os rumores se confirmem, Rubio será o primeiro latino a ocupar esse cargo. "Este é o momento em que a América Latina estará mais presente no mapa na história de qualquer Presidência dos EUA. É histórico. Não há outra maneira de dizer isso", afirmou Mauricio Claver-Carone, aliado de Rubio, à Reuters.
Rubio é defensor de Israel, é favorável ao fim da guerra na Ucrânia e defende exercer máxima pressão sobre a China. Na América Latina, ele critica duramente o governo cubano, o presidente venezuelano Nicolás Maduro e o nicaraguense Daniel Ortega.
"Ele será um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante dos nossos adversários. Estou ansioso para trabalhar com Marco para tornar a América e o mundo seguros e grandes novamente", escreveu Trump.
Kristi Noem, secretária de Segurança Interna
Fontes informaram à Reuters que Kristi Noem, governadora da Dakota do Sul, será a próxima secretária do Departamento de Segurança Interna no governo Trump. O presidente eleito, entretanto, ainda não confirmou a informação.
Noem chegou a ser cotada para ser a vice-presidente na chapa de Trump, o que não aconteceu. Em abril, ela escreveu em um livro de memórias que matou a tiros um cachorro na fazenda de sua família. Ela o classificou como "intreinável", "perigosa para qualquer pessoa com quem ela entrasse em contato" e "menos que inútil" como cão de caça. Essa fala causou reações negativas à população.
Como governadora, ela ganhou destaque durante a pandemia, quando se recusou a impor a obrigatoriedade de máscaras no estado da Dakota do Sul. Em 2022, ela foi reeleita com uma grande margem de votos.
Tulsi Gabbard: Ex-democrata como diretora de inteligência
Tulsi Gabbard será diretora de inteligência nacional. A ex-democrata se opôs ao apoio americano à Ucrânia e já se reuniu com o presidente da Síria, Bashar al Assad.
Trump disse que Gabbard contribuirá com "o espírito intrépido que definiu sua ilustre carreira". A veterana e ex-candidata democrata à Casa Branca, agradeceu "a oportunidade de servir como membro de seu gabinete para defender a segurança e a liberdade do povo americano".
Ela mudou de lado para apoiar Trump no início deste ano. Durante muito tempo, ela manteve opiniões isolacionistas sobre política externa e abraçou uma série de teorias conspiratórias.
Mike Huckabee, embaixador em Israel
O ex-governador do Arkansas irá representar os EUA em Israel em meio à guerra no Oriente Médio. "Tem sido um grande servidor público, governador e líder de fé por muitos anos", escreveu Trump no comunicado.
"Ele ama Israel e o povo de Israel e, da mesma forma, o povo de Israel o ama", disse o republicano. "Mike trabalhará incansavelmente para trazer a paz no Oriente Médio!", acrescentou.
John Ratcliffe como chefe da CIA
John Ratcliffe, que foi diretor de Inteligência Nacional durante o primeiro mandato de Trump, será o próximo diretor da CIA.
O republicano falou em "paz através da força". "Ele será um combatente destemido pelos direitos constitucionais de todos os americanos, ao mesmo tempo em que garantirá os mais altos níveis de Segurança Nacional e a PAZ ATRAVÉS DA FORÇA", informou o presidente eleito em um comunicado.
Pete Hegseth, secretário de Defesa
"Pete é duro, inteligente e acredita verdadeiramente no America First", disse Trump em um comunicado. "Com Pete no comando, os inimigos dos Estados Unidos estão avisados - nossas Forças Armadas serão grandes novamente, e os Estados Unidos nunca recuarão", afirmou o presidente eleito.
Hegseth já fez parte da Guarda Nacional do Exército e serviu no Afeganistão, no Iraque e na Baía de Guantánamo, em Cuba. A Fox News foi um dos braços da campanha de Trump na eleição.
Doug Burgum, secretário do Interior e 'czar' da Energia
O governador da Dakota do Norte ocupará os dois cargos no governo, anunciou Trump na sexta-feira (15). Ele desempenhará um papel de "czar da energia" nos EUA, comandando o novo Conselho Nacional de Energia.
A nova entidade reunirá todos os departamentos e agências relacionados ao tema. "Esse conselho supervisionará o caminho para o domínio energético dos EUA, reduzindo a burocracia, melhorando os investimentos do setor privado em todos os setores da economia e concentrando-se em inovação", escreveu o republicano.
Burgum era o favorito da indústria petrolífera para ocupar a posição, segundo o Financial Times. O governador chegou a ser cogitado a ocupar o cargo de vice na chapa de Trump.
Karoline Leavitt, secretária de imprensa
Karoline Leavitt, porta-voz da campanha do republicano, será a nova secretária de imprensa da Casa Branca. Leavitt, de 27 anos, "é inteligente, firme e provou ser uma comunicadora altamente eficaz. Tenho a máxima confiança de que ela irá se destacar no cargo e ajudar a transmitir nossa mensagem ao povo americano", afirmou Trump em um comunicado.
Durante a campanha, ela serviu como secretária de imprensa nacional de Trump. Antes, Leavitt trabalhou como assistente de imprensa de Trump durante seu primeiro mandato e, em 2022, candidatou-se sem sucesso a um assento na Câmara dos Representantes por seu estado natal, New Hampshire.
Brendan Carr, diretor da Comissão Federal de Comunicações
Nome apoiado por Musk, Carr é considerado por Trump um "defensor da liberdade de expressão". O nome dele foi indicado em comunicado nas redes sociais em 17 de novembro.
Crítico a grandes empresas de tecnologia, ele é comissário do órgão desde 2017. Nas redes sociais, ele tem ecoado discursos de Trump sobre "censura" nas grandes plataformas de mídia e ressaltado a "importância da liberdade de expressão dos americanos".
Críticas à participação de Kamala em programa de comédia. Dias antes da eleição, Carr foi até o canal Fox News para pedir que o canal NBC fosse investigado por violar a regra de "tempo igual" na TV após a participação da candidata democrata no programa Saturday Night Live. "Não importa se é democrata ou republicana, nós temos regras que devem ser seguidas", afirmou Carr.
Scott Bessent, secretário do Tesouro
Trump escolheu o gestor de fundos de investimento Bessent como secretário do Tesouro, um cargo-chave para a execução da sua política fiscal.
Bessent, CEO do Key Square Group, defende uma extensão dos cortes de impostos do primeiro governo Trump, a reafirmação do domínio energético americano e o enfrentamento do déficit orçamentário, segundo o jornal norte-americano New York Times. O investidor virou conselheiro econômico de Trump no ano passado.
Ele também defende a desregulamentação da economia e o aumento de tarifas sobre importações. Essas ações estão em sintonia com o plano econômico do presidente eleito, que combina cortes de impostos e estímulos à produção doméstica.
Formado em Yale, Bessent lecionou sobre fundos de hedge e crises financeiras. Ele também desempenhou um papel importante na arrecadação de fundos para a campanha de Trump.
Mesmo sendo republicano, Bessent foi o principal gestor de investimentos de George Soros, filantropo democrata e crítico da direita.
Jay Bhattacharya, diretor do Instituto Nacional de Saúde
Bhattacharya, professor de Política de Saúde e médico de Stanford, foi um crítico declarado das políticas do governo dos EUA para a Covid-19 durante a pandemia. Junto com outros dois acadêmicos, ele publicou a Declaração de Great Barrington em outubro de 2020, que pedia o retorno à vida normal para aqueles que não eram vulneráveis ao vírus.
*Com AFP, DW, Reuters e RFI
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