Lula faz bem ao não falar sobre Assad, diz presidente de comissão da ONU
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz bem ao não se manifestar publicamente sobre a derrubada do ditador da Síria, Bashar al-Assad, opinou Paulo Sérgio Pinheiro, presidente de comissão independente da Organização das Nações Unidas, no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (9).
Eu não tenho nada a ver com o governo brasileiro, mas sigo com muito interesse a política externa do Brasil, com a qual eu concordo integralmente. O presidente Lula não tem que falar nada, porque o Brasil não é preciso fazer reconhecimento de um novo governo. Paulo Sérgio Pinheiro, presidente de comissão independente da ONU
No fim de semana, rebeldes surpreenderam ao chegar até Damasco e tomar o poder de al-Assad, que comandava o país desde 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. Ele fugiu e recebeu asilo político da Rússia, seu aliado, segundo a mídia local.
Diferentemente de outros líderes mundiais, como o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o presidente da França, Emannuel Macron, Lula não se manifestou publicamente sobre a mudança de comando na Síria. O governo brasileiro apenas pediu respeito aos direitos humanos.
O Palácio do Planalto ordenou que a embaixada brasileira em Damasco, capital da Síria, seja evacuada. Os funcionários foram informados que devem deixar o local e o processo já está em andamento, segundo apurou a reportagem do UOL. A medida do Itamaraty tem como objetivo proteger o corpo diplomático.
Os funcionários da embaixada serão levados em comboio até o Líbano. Existe a possibilidade de que um funcionário local permaneça na embaixada, mas os detalhes continuam sendo definidos. O embaixador André Luiz Azevedo dos Santos está entre os que devem evacuar a embaixada nesta segunda.
O que o embaixador e o ministro [da Relações Exteriores] Mauro Vieira fez é de bom senso, é o que o Brasil sempre faz. Você tem algum governo que vem abaixo, tem uma revolução, uma rebelião, e você retira os brasileiros. Paulo Sérgio Pinheiro, presidente de comissão independente da ONU
Paulo Sérgio Pinheiro —chefe da pasta de Direitos Humanos no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)— foi escolhido em 2011 para comandar a comissão de inquérito da ONU sobre os crimes cometidos na Síria, depois da eclosão do conflito no país. Sua nomeação era considerada como estratégica.
O que aconteceu na Síria?
Líderes rebeldes derrubaram estátuas de Hafez al-Assad, pai de Bashar al-Assad que deu origem a uma ditadura de mais de cinco décadas, e anunciaram a libertação de ao menos 3,5 mil prisioneiros na cidade de Homs em meio ao anúncio de deposição do governo.
Bashar al-Assad fugiu do país de avião e recebeu asilo político de Moscou, conforme anunciou a mídia estatal local.
O principal grupo rebelde surgiu de uma dissidência da Al Qaeda. Foi ele quem anunciou a deposição do governo Bashar al-Assad na Síria e avançou para a capital Damasco.
A Síria vive guerra civil há 13 anos após repressão aos protestos durante a Primavera Árabe. O movimento contestava os regimes autoritários. Em uma primeira fase, o conflito envolveu terroristas ligados ao Estado Islâmico e à Al Qaeda, com apoio dos Estados Unidos e da Turquia.
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