Caixões e cabeça de Cristo: tesouros revelados pelo incêndio de Notre-Dame
Colaboração para Internacional, em São Paulo
11/12/2024 13h59
Foram necessários anos para que a Catedral de Notre-Dame, em Paris, se recuperasse de um devastador incêndio, ocorrido em 2019. Durante o trabalho de escavação e retirada de escombros, foram encontrados ícones artísticos valiosos e surpreendentes até mesmo para quem conhecia o local a fundo.
O que aconteceu
O Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica da França (INRAP) foi o responsável por realizar escavações em Notre-Dame. O trabalho da equipe foi revelador: por baixo dos escombros estavam 1.035 fragmentos de obras de arte, além de informações históricas sobre a catedral. Inicialmente, o trabalho duraria apenas cinco semanas, mas acabou sendo estendido por mais dois meses.
Os arqueólogos encontraram esculturas que estavam perdidas por séculos. Algumas delas foram expostas no Musée de Cluny. A exposição está em cartaz até março de 2025.
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Outros itens impressionantes foram descobertos, como diversos caixões de chumbo. Suspeita-se que um deles pode ser do poeta Joachim du Bellay (1522 - 1560).
Um biombo de três metros do século XIII também compõe a lista. A peça era responsável por separar o coro e o santuário da catedral da vista do público. Ela foi desmontada e parcialmente destruída no século XVIII e, com isso, praticamente desapareceu.
Estátuas de calcário de cabeças e troncos que pertenciam ao biombo chamaram a atenção. Inclui-se nesse conjunto de peças uma escultura da cabeça de Jesus Cristo 'adormecido'.
Atualmente, quem entra pelo portão central da Notre Dame consegue ver o altar e o coro ao fundo. Mas no século XVIII, a visão era tapada pelo biombo e por um enorme crucifixo.
Christophe Besnier, chefe de pesquisa arqueológica do INRAP, revelou a descoberta de demais elementos esculpidos na seção transversal. "Eles estão lá, adormecidos. O importante agora é garantir que esses fragmentos não sejam destruídos", disse ao jornal Libération.
A Catedral de Notre-Dame foi reaberta no último sábado (7). Ainda não se sabe quando os trabalhos para encontrar mais peças históricas serão retomados.