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Amigos de suspeito de matar CEO dizem que ele vivia com dor e era solidário

Luigi Nicholas Mangione foi preso na segunda-feira (9), suspeito de assassinar CEO de seguradora de saúde Imagem: Reprodução/Instagram/@luigi.from.fiji

Do UOL, em São Paulo

11/12/2024 12h24

Luigi Mangione, suspeito no assassinato do CEO da seguradora de saúde UnitedHealthcare, foi descrito por amigos como uma pessoa "atenciosa" e "solidária". Várias pessoas que conviveram com o jovem de 26 anos disseram ter ficado chocadas com a prisão dele, na segunda-feira (9), mas destacaram ter perdido contato com ele há meses.

O que aconteceu

Pessoa "atenciosa" e "solidária". "Ele era uma pessoa atenciosa e profundamente solidária em tudo que ele fazia. Fico triste de pensar no quanto ele deve estar se sentindo sozinho", disse Jackie Wexler, que morou com Mangione e até frequentou a Universidade da Pensilvânia com ele, ao jornal The New York Times.

Dedicado à leitura e a exercícios. Segundo a descrição de ex-colegas, o suspeito era um jovem dedicado à leitura e aos exercícios físicos, e costumava transitar pela ilha de O'ahu, onde vivia, no Havaí, apenas de bicicleta. Em 2022, ainda como parte de um clube de leitura com os colegas de ilha, ele leu o manifesto de Ted Kaczynski, o terrorista Unabomber, que teria inspirado seu crime.

Vivia com dor crônica. Outro amigo havaiano de Mangione destacou que, apesar de ativo, o rapaz convivia com dor crônica, que o impedia de viver normalmente. O problema teria surgido graças a um nervo comprimido por uma vértebra. "Ele sabia que namorar e ter relações íntimas não era possível graças ao problema que ele tinha nas costas", contou RJ Martin, dono de uma das casas em que Mangione morou no Havaí, ao The New York Times.

Parou de responder mensagens de amigos. Martin e Mangione não dividiam a mesma casa desde 2022, mas perderam contato apenas em junho desse ano, quando o suspeito parou de responder mensagens. No final de 2023, Mangione chegou a enviar fotos tiradas depois de fazer a cirurgia para tentar resolver a dor nas costas, mas disse que falaria sobre o resultado "pessoalmente", pois a história era longa. O reencontro nunca aconteceu.

No ensino médio, inteligência de Mangione marcou colegas

"Especialmente inteligente". Aaron Cranston, um amigo de ensino médio de Mangione, descreveu o colega como "especialmente inteligente". Segundo Cranston, também ouvido pelo The New York Times, o suspeito desenvolvia aplicativos de celular antes mesmo de entrar na Universidade da Pensilvânia, uma das mais importantes dos Estados Unidos, onde se formou bacharel e mestre em ciência da computação.

"Nunca pareceu se interessar por política". Cranston ainda disse que Mangione era sociável, amigável e "nunca pareceu se interessar muito por política". "Ele acreditava muito no poder da tecnologia para mudar o mundo", disse ao jornal.

Ainda na escola, Mangione também jogava futebol e fazia atletismo. "Ele era muito inteligente, amante de matemática, culto e bastante popular. Eu não me lembro de coisas ruins, ele tinha um círculo social bastante saudável", avaliou Freddie Leatherbury, outro ex-colega do rapaz, ao jornal.

Suspeito ganhou defesa pública de alguns amigos

Longe da imprensa, ao menos dois amigos de Mangione fizeram posts com mensagens carinhosas sobre ele. "Ele não é um monstro. Não consigo colocar em palavras o quão preocupado com você eu estou. Distorceram essa história", escreveu no Instagram um rapaz identificado como "gbenlafkih", que deixou o perfil privado depois da repercussão.

Mulher compartilhou vídeo fazendo compras com Mangione. O vídeo da mulher identificada como Tracy L. alcançou mais de 10 milhões de visualizações no TikTok. "Luigi Mangione é provavelmente um dos nomes mais pesquisados hoje, mas antes de tudo isso, por um tempo, ele também era o único pelo qual eu atenderia ligações. Ele era um dos meus melhores, mais próximos e mais confiáveis amigos. E também a única pessoa que à 1h da manhã, em um dia útil, concordou em ir comigo a um mercado para procurar sorvete", escreveu a mulher, que mantém o post público.

Relembre o crime

Brian Thompson, CEO assassinado da UnitedHealth Group Imagem: Divulgação/UnitedHealth Group

No dia 4 de dezembro, Brian Thompson, 50, estava em frente ao Hilton, em Nova York, quando foi alvo de tiros. Ele faria uma apresentação em uma conferência de investidores, mas foi atingido pouco antes das 7h (9h, no horário de Brasília).

Policiais tentaram reanimar Thompson, mas morte foi confirmada no hospital. "Estamos profundamente tristes e chocados com o falecimento de nosso querido amigo e colega Brian Thompson, diretor-executivo da UnitedHealthcare", disse a empresa em comunicado.

Suspeita é de crime premeditado. O chefe dos detetives da Polícia de Nova York, Joseph Kenny, informou que o atirador chegou a pé cinco minutos antes de Thompson, que aparentemente caminhava sem seguranças em frente ao hotel. A esposa dele afirmou à TV NBC que o marido tinha recebido ameaças recentes.

Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinham acesso pleno à saúde em 2023.

UnitedHealth Group faturou 100 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2024. A UnitedHealthcare, administrada pela vítima, é um braço da companhia que administra produtos de saúde, como Medicare e Medicaid, para pessoas idosas e de baixa renda, financiados pelos orçamentos estatais.

Seguradora de saúde é a que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.

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