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O que é o 'Eixo da Resistência' e por que queda de Assad abala a aliança?

Veículo aéreo do Hezbollah interceptado pelas forças aéreas israelenses em 25 de agosto de 2024; Hezbollah faz parte do Eixo da Resistência, aliança abalada pela derrocada de governo na Síria Imagem: Jalaa Marey / AFP

Colaboração para o UOL*

11/12/2024 05h30

A derrocada do regime de Bashar al-Assad na Síria causa impactos na geopolítica do Oriente Médio, enfraquecendo a rede de aliados do Irã, conhecida como "Eixo da Resistência".

Essa articulação, que inclui grupos como o Hezbollah e o Hamas, enfrenta um momento decisivo após a queda do governo sírio, peça-chave em sua estrutura de influência regional.

O que é o "Eixo da Resistência"

É uma aliança informal de países e milícias do Oriente Médio liderada pelo Irã. A aliança inclui a Síria, o grupo libanês Hezbollah, o palestino Hamas, os rebeldes houthis no Iêmen e milícias xiitas no Iraque, Afeganistão e Paquistão.

O que une essas organizações é sua oposição ao Ocidente. Elas se apresentam como a "resistência" à influência dos Estados Unidos e de seu aliado Israel na região. O grupo representa uma ameaça direta a Israel e é também uma maneira de o regime fundamentalista do Irã ampliar sua influência no Líbano, no Iraque, na Síria, no Iêmen e na Faixa de Gaza.

Qual o papel da Síria?

A Síria desempenhava papel estratégico para o Irã. Segundo a Deutsche Welle, o país fornecia um corredor para armamento e suporte financeiro aos aliados do Irã, especialmente o Hezbollah.

Esse apoio representou altos custos. O Irã investiu cerca de 30 bilhões de dólares para manter o regime de Assad, informa a DW. O ex-deputado iraniano Bahram Parsaei questionou recentemente: "Gastamos cerca de 30 bilhões de dólares para manter Assad no poder. Quem arcará com essa dívida agora que ele se foi?"

O que acontece no Irã

A rede de alianças do Irã está fragmentada. A queda do governo sírio interrompe o fornecimento de armas ao Hezbollah, que já enfrenta dificuldades logísticas após 14 meses de conflito com Israel. Ali Bakir, professor assistente na Universidade do Qatar, declarou ao Geopolitical Monitor: "A queda de Assad representa um golpe significativo para a influência regional do Irã e mina sua capacidade de manter a Crescente Xiita [região de maioria xiita no Oriente Médio] conectada".

Israel amplia sua presença estratégica. O exército israelense consolidou zonas de segurança no Líbano e nas Colinas de Golã, dificultando ainda mais o acesso do Irã à região, segundo a Al Arabiya, rede de televisão saudita.

O contexto interno no Irã também enfrenta desafios. A DW destaca o crescente descontentamento da população iraniana, que vê as intervenções externas como desvio de recursos necessários para demandas internas. O sociólogo Saeed Peyvandi, radicado em Paris, analisou: "A queda de Assad pode expor a erosão do contrato social entre o Estado iraniano e seus cidadãos".

Riscos e desdobramentos futuros

Membros da comunidade síria e apoiadores se reúnem na Trafalgar Square para celebrar a queda do regime de Bashar al-Assad Imagem: SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett

A instabilidade síria pode abrir espaço para o extremismo. A Al Arabiya alerta que a queda de Assad, embora enfraqueça o Irã, também aumenta o risco de grupos radicais retomarem influência.

O Irã abriu canais de comunicação com a nova liderança síria, na tentativa de evitar uma postura hostil, mas especialistas avaliam que reconstruir o "Eixo da Resistência" será um desafio, considerando o enfraquecimento logístico e militar de seus aliados. O futuro político da Síria também permanece incerto. A coalizão rebelde discute a formação de um governo inclusivo, mas enfrenta desafios para unir facções diversas e evitar a fragmentação, segundo a Al Arabiya. Líderes curdos e cristãos foram procurados para diálogo, mas a legitimidade do HTS, o grupo que anunciou a deposição de Assad, continua sendo uma questão crítica.

*Com informações da Deutsche Welle

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