Conteúdo publicado há 1 mês

Falso piloto recrutava profissionais e vendia passagens falsas na Europa

Homem teria vendido falsos cursos para pilotos e comissários de bordo, além de passagens falsificadas, se passando por piloto das empresas aéreas British Airways e da TAP. Esquema foi revelado pela emissora portuguesa SIC em outubro, mas novas informações foram divulgadas nesta quarta-feira (11).

O que aconteceu

Várias pessoas ouvidas pela SIC relataram ter sofrido golpes do português Helmar Fernando Correia Tavares. Ele fingia ser piloto, mas chegou a, de fato, trabalhar em uma empresa terceirizada no aeroporto de Lisboa.

No primeiro esquema descoberto pela emissora, o homem vendia passagens mais baratas. Como ele se dizia piloto da TAP, convencia as pessoas de que comprava as passagens com desconto de funcionário.

Helmar andava pelo aeroporto de Lisboa com uniforme e credenciais da TAP. Ele, inclusive, se encontrava com alguns clientes no saguão e chegava até a ajudar no check-in.

O principal destino das vítimas era o Brasil. Uma delas, a brasileira Michelle Silveira, disse que comprou bilhetes de ida e volta para os filhos visitarem o Rio de Janeiro por metade do preço. Porém, eles descobriram já no Brasil que apenas as passagens de ida eram verdadeiras.

Segundo as investigações da emissora, algumas passagens eram verídicas e outras, falsas. Tuany Rodrigues, também brasileira, comprou passagens de ida e volta por 600 euros (R$ 3.795, na cotação atual) por pessoa. Ao chegar no aeroporto, não conseguiram embarcar.

O homem chegou, inclusive, a vender passagens para agências de viagem e influenciadores digitais, que as revendiam. Iara Alves foi uma dessas pessoas. Ela chegou a comprar passagens de Helmar e conseguiu embarcar normalmente. Eles negociaram para que Iara revendesse as passagens por meio de sua rede social.

Os primeiros clientes de Iara conseguiram utilizar as passagens normalmente. Em certo momento, a empresa começou a negar os bilhetes e as pessoas não conseguiam mais viajar. Helmar enviava reservas como se fossem as passagens, mas como não eram pagas, os bilhetes não eram emitidos.

A SIC conseguiu conversar com o falso piloto em outubro. Ele disse que usava o dinheiro de alguns clientes para conseguir comprar a passagem para outros e o esquema acabou colapsando. A emissora contabilizou que o homem teve cerca de 100 clientes.

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Eu peço imensas desculpas a essas pessoas. Não desapareci para lado nenhum. Não fugi. Simplesmente precisava de um tempo para resolver isso da melhor forma. Helmar Fernando Correia Tavares, em entrevista à SIC

De acordo com a emissora, a Polícia de Segurança Pública e a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária investigam o caso. A TAP e a Groundforce apresentaram queixa contra Helmar.

Homem também aplicou golpes em Londres

Antes de fazer vítimas em Lisboa, o homem aplicou um esquema diferente em Londres, revelou a SIC nesta quarta-feira (11). Ele se dizia piloto da British Airways e começou a recrutar pessoas para trabalharem na companhia.

Essas pessoas eram contactadas por um suposto funcionário da British Airways chamado John Collet. As vítimas deveriam passar por um curso e exames médico e psicotécnico. John cobrava 480 libras (R$ 3.674, na cotação atual) para a realização dos exames para os candidatos a comissário e 1000 libras (R$ 7.654) para candidatos à piloto. Ele garantiu, porém, que a companhia iria reembolsá-los.

Na mensagem de e-mail, ele dizia que a conta era da British Airways. Os sistemas bancários britânicos, entretanto, não mostram o verdadeiro dono da conta ao preencher os dados. Quem realiza a transação precisa escrever o nome do recebedor. O sistema até indica quando os dados são incompatíveis, mas o suposto piloto convencia as pessoas de que as informações estavam corretas e elas efetivavam a transação.

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Investigação da emissora revelou que a suposta conta atribuída à companhia, na verdade, era em nome de Helmar. As vítimas nunca receberam o dinheiro de volta.

Helmar conseguia ganhar a confiança das pessoas, que indicavam amigos e familiares para o "trabalho". Nesse esquema, ele fez cerca de 20 vítimas. A Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido afirmou que não tem registro de licença de piloto atribuída a Helmar Fernando Figueiredo Correia Tavares.

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