François Bayrou é escolhido como novo primeiro-ministro da França
O presidente Emmanuel Macron anunciou o líder do partido Movimento Democrático (MoDem), François Bayrou, como o novo primeiro-ministro da França.
O que aconteceu
Bayrou vai ocupar o cargo de Michel Barnier, que se demitiu na quinta-feira (5). O anúncio à imprensa foi feito na tarde desta sexta-feira (13) pelo Eliseu, após reunião de quase duas horas entre o político e o presidente Emmanuel Macron.
Transferência de poder está marcada para esta sexta. Segundo o Matignon, residência do primeiro-ministro, um evento às 17h (13h30 no horário de Brasília) deverá consolidar o nome do novo premiê e marcar a passagem de cargo.
Nomeação foi feita após "trabalho para convencer" Macron e ameaça de romper relações políticas, diz jornal. Segundo o Le Monde, a reunião que o presidente teve com o novo primeiro-ministro nesta manhã foi para informar que ele não seria indicado para o cargo e para oferecer uma posição de "número dois" em um governo liderado por Roland Lescure.
Bayrou teria ameaçado deixar a coalizão governamental da já fragilizada presidência. O centrista ocupava o cargo de Alto Comissário do Planejamento, encarregado de liderar e coordenar o trabalho de reflexão e planejamento das políticas públicas, levando em consideração aspectos demográficos, econômicos, sociais, ambientais, de saúde, tecnológicos e culturais.
"Um homem de equilíbrio e diálogo", diz partido. Em publicação nas redes sociais, o Partido Democrata Europeu, fundado por François, parabenizou o político. Além de fundador da legenda, ele ocupa o cargo de prefeito da comuna de Pau.
Líderes de esquerda criticaram a decisão. O deputado François Ruffin, fundador do partido de extrema esquerda Picardie debout, afirmou que Macron "faz piada com os franceses" ao indicar Bayrou ao cargo. Mathilde Panot, do França Insubmissa, afirmou que o partido vai fazer uma moção de censura contra o novo primeiro-ministro.
Quem é François Bayrou
O líder centrista já foi ministro da Segurança de Macron. Ele decidiu se demitir em 2017 após investigações contra o partido criado por ele. Na ocasião, legenda era suspeita de utilizar dinheiro recebido por eurodeputados para contratar assistentes parlamentares que trabalhavam para o próprio grupo. Bayrou também já foi líder da pasta de Educação.
Político disputou eleições presidenciais três vezes - em 2002, 2007 e 2012. Com posicionamento "moderado", ele é considerado um nome apreciado pelos franceses, com uma série de mandatos parlamentares e uma passagem como deputado do Parlamento Europeu.
Atualmente, Bayrou é prefeito da comuna de Pau. O político ocupa o cargo há 10 anos na região dos Pirineus, no sudoeste da França, onde também ocupou vários cargos na administração regional nas últimas décadas.
Vida pessoal. Aos 73 anos, o novo primeiro-ministro é casado, tem seis filhos e 21 netos.
Queda do premiê
Michel Barnier perdeu o cargo após deputados aprovarem uma moção de censura contra ele. Questão uniu deputados da esquerda e da extrema direita e teve 331 votos a favor - a aprovação dependia do apoio de pelo menos 288 deputados.
A moção foi apresentada após o primeiro-ministro aprovar parte do orçamento sem o submeter a votação. O fato desagradou tanto a esquerda quanto a extrema direita, que se aliaram.
Barnier deixou o cargo após menos de 100 dias no poder. Como resultado, o governo é derrubado e a lei de financiamento da Segurança Social para 2025 é rejeitada.
"Tive e tenho orgulho de agir para construir e não para destruir", disse Barnier em discurso. O primeiro-ministro ainda acrescentou: "não posso resignar-me à ideia de que a desestabilização institucional possa ser o objetivo que reuniria aqui uma maioria de deputados."
Próximos passos
Como o país não pode convocar novas eleições legislativas até julho de 2025, Macron precisou nomear um novo primeiro-ministro. O presidente poderia nomear Barnier novamente. Isso aconteceu em 1962, quando o então presidente Charles de Gaulle nomeou George Pompidou após ele cair em uma moção de censura. Porém, na ocasião houve novas eleições entre a queda e a nomeação.
Barnier descartou a possibilidade de ser renomeado. "Quero servir. Disse a vocês que é uma grande honra. Mas que sentido tem [uma nova nomeação como primeiro-ministro]?"
O atual ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, o deputado de esquerda, Bernard Cazeneuve, e o ex-ministro conservador, Xavier Bertrand, eram nomes cotados para substituir Barnier. Outros parlamentares afirmavam que a única saída para a crise inclui a renúncia de Macron e a antecipação da eleição presidencial.
Com informações da RFI