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'Simpatia' por assassino de CEO gera risco de anular júri, diz ex-promotor

Luigi Mangione pode ser ajudado pela opinião pública em seu julgamento Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/12/2024 12h00

A defesa de Luigi Mangione, preso por suspeita de assassinar Brian Thompson, CEO da empresa de plano de saúde UnitedHealthcare, pode ser ajudada pela simpatia gerada em torno dele.

O que aconteceu

Os jurados podem absolver Mangione mesmo que o considerem culpado, disse o ex-promotor federal Neama Rahmani à revista norte-americana Newsweek. Segundo ele, os jurados podem ser influenciados por uma onda de simpatia pública.

As evidências contra ele "são fortes", mas o caso gerou "muita simpatia", representando um risco para a anulação do júri, explica Rahmani. Mas sem a anulação do júri, será difícil que Mangione consiga uma absolvição.

A anulação do júri ocorre quando um júri sabe que há evidências suficientes para condenar um acusado, mas o absolve porque sente simpatia pelo acusado ou por sua causa.

A advogada Colleen Kerwick também considera que a defesa poderia adotar uma estratégia para permitir a anulação do júri. "A equipe de defesa poderia evitar fazer qualquer admissão negando que era ele, negando que era sua arma, negando que era seu manifesto e trabalhando com dúvida razoável".

Relembre o crime

No dia 4 de dezembro, Brian Thompson, 50, estava em frente ao Hilton, em Nova York, quando foi alvo de tiros. Ele faria uma apresentação numa conferência de investidores. Conforme a polícia, o atirador chegou ao local a pé cinco minutos antes de Thompson, que caminhava sem seguranças em frente ao hotel.

Brian Thompson era diretor-executivo da UnitedHealthcare, uma das maiores companhias de seguros médicos privados dos Estados Unidos Imagem: Reprodução/LinkedIn

Mangione foi preso na última segunda-feira (9). O suspeito estava em uma unidade do McDonald's na região de Altoona, Pensilvânia, a 375 quilômetros de distância de Nova York. Embora tenha sido denunciado por semelhança com as fotos divulgadas pela polícia, Mangione foi detido por apresentar um documento falso de Nova Jersey e por posse ilegal de arma.

A polícia encontrou um caderno em que ele escreveu sobre o plano de matar o diretor-executivo de uma empresa. Segundo o New York Times, um dos trechos indicava a intenção de atacar um CEO durante convenção de "contadores parasitas". "É direcionado, preciso e não coloca inocentes em risco", teria escrito.

Os agentes encontraram também uma nota manuscrita em que Mangione assume a responsabilidade pela morte do CEO. Ainda nas anotações, o jovem escreveu sobre Ted Kaczynski, conhecido como "Unabomber", um dos mais conhecidos serial killers dos EUA.

O jovem teve a fiança negada. As impressões digitais dele foram encontradas em uma garrafa de água e em uma barra de cereal encontradas na cena do crime. Segundo o The New York Times, também foram encontradas impressões digitais em evidências balísticas no local.

Luigi Mangione, 26, preso pelo assassinato de Brian Thompson Imagem: HANDOUT/AFP

Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinham acesso pleno à saúde em 2023.

UnitedHealth Group faturou US$ 100 bilhões no terceiro trimestre de 2024. A UnitedHealthcare, que era administrada pela vítima, é um braço da companhia que administra produtos de saúde, como Medicare e Medicaid, para pessoas idosas e de baixa renda, financiados pelos orçamentos estatais.

Seguradora de saúde é a que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.

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