FBI investiga atropelamento como 'terrorismo': 'Queria causar carnificina'
O FBI - a polícia federal norte-americana - investiga como terrorismo o atropelamento em massa que matou ao menos dez pessoas e feriu 35 na madrugada desta quarta-feira (1º) em Nova Orleans, cidade no estado de Luisiana (EUA). O motorista foi morto pela polícia.
O que aconteceu
Primeiro, o FBI negou que o incidente tenha sido terrorista, mas depois mudou o posicionamento. Inicialmente, a agente do FBI Alethea Duncan afirmou que "isso não foi um evento terrorista". Depois, o FBI divulgou outra versão, em nota publicada em uma rede social:
O FBI é a principal agência de investigação e estamos trabalhando com nossos parceiros para investigar o caso como um ato de terrorismo.
FBI, em nota
Fontes policiais disseram à CNN Internacional que a caminhonete ostentava uma bandeira do grupo terrorista Estado Islãmico. O motorista —identificado como Shamsud Din Jabbar pelos veículos de comunicação BBC e CBS— era um cidadão americano, segundo essas fontes.
Agora, os investigadores procuram saber se o autor mantinha ligações políticas ou religiosas com a organização terrorista. Uma dessas fontes também afirmou que havia explosivos em uma caixa térmica dentro do veículo usado no ataque.
A prefeita Latoya Cantrell já havia classificado o atropelamento como terrorismo. "Sabemos que a cidade de Nova Orleans foi afetada por um ataque terrorista", disse ela ao lembrar que o incidente ainda está sob investigação.
Já o governador da Louisiana, Jeff Landry, chamou o incidente de um "horrível ato de violência". "Por favor, junte-se a mim em orações por todas as vítimas e socorristas no local", escreveu no X (antigo Twitter).

Explosivos também foram identificados nas imediações. "Foram encontrados dispositivos explosivos improvisados, e estamos trabalhando para confirmar se é um dispositivo viável ou não", disse Duncan, do FBI.
Antes de repassar o caso para o FBI, os investigadores locais afirmaram que o atropelamento foi "intencional". "[O atropelamento] Envolveu um homem dirigindo uma caminhonete pela Bourbon Street em um ritmo muito rápido, e foi um comportamento muito intencional", afirmou a superintendente de polícia, Anne Kirkpatrick. "Este homem estava tentando atropelar o máximo de pessoas possível."
O atropelamento
O incidente ocorreu às 3h15 de hoje —6h15 no horário de Brasília. "Há [cerca de] 30 pacientes feridos que foram transportados pelo NOEMS (Serviço Médico de Emergência de Nova Orleans, em tradução livre) e [houve ao menos] 10 fatalidades", informou a NOLA Ready, agência oficial de preparação para desastres da cidade, segundo a CNN Internacional.
Após o incidente, o motorista atirou contra a polícia, atingindo dois oficiais. Ambos passam bem, informou Kirkpatrick. "Ontem à noite, tivemos mais de 300 policiais aqui (...) ele [motorista] estava decidido a provocar uma carnificina", afirmou.
Em seguida, o condutor foi morto pela polícia. "Depois que o veículo parou, o suspeito teria aberto fogo contra os policiais que responderam, que revidaram", afirmou o Departamento de Polícia de Nova Orleans. O FBI confirmou. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
Moradores locais e turistas se reuniam na avenida para assistir a um concerto ao ar livre e à contagem regressiva para o Ano-Novo. A região também estava lotada porque os restaurantes ofereciam promoções e apresentações especiais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompeu sua agenda para lidar com a crise. "Não há justificativa para nenhum tipo de violência e não toleraremos nenhum ataque a nenhuma das comunidades de nosso país", disse o presidente. "Biden entrou em contato com a prefeita de Nova Orleans, Cantrell, para oferecer apoio", informa um comunicado da Casa Branca. "O presidente continuará a ser informado ao longo do dia."
Donald Trump, que assume a presidência em 20 dias, usou o caso para reforçar seu discurto contra imigração, embora o homem seja um cidadão americano. "Quando eu disse que os criminosos que chegam são muito piores do que os criminosos que temos em nosso país, essa afirmação foi constantemente refutada pelos democratas e pela mídia fake news, mas acabou sendo verdade. A taxa de criminalidade em nosso país está em um nível que ninguém jamais viu antes", atacou Trump.
O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, chamou o ataque de "um ato de pura maldade". "A justiça deve ser rápida para qualquer um que esteja envolvido", afirmou no X. "Por favor, junte-se a nós em oração pelas vítimas, suas famílias e os primeiros socorristas e investigadores."
Pânico

"Tudo o que vi foi um veículo atropelando todo mundo no lado esquerdo da calçada da Bourbon [Street]". A testemunha foi Kevin Garcia, 22, que afirmou à CNN também ter ouvido tiros.
Após o atropelamento, houve pânico. "Todo mundo começou a gritar, berrar e correr para os fundos [de uma casa noturna], e então fomos confinados por um tempo até que tudo se acalmasse, mas eles [da boate] não nos deixaram sair", afirmou Whit Davis, 22, que saía do local quando testemunhou o incidente.
Vi alguns corpos que eles nem conseguiram cobrir e toneladas de pessoas recebendo primeiros socorros.
Whit Davis, testemunha
A NOLA Ready pediu que ninguém se aproxime do local. "Afaste-se da área", disse a agência em um post no X.
O incidente no popular French Quarter ocorreu poucas horas antes da cidade sediar o The Sugar Bowl. O jogo anual de futebol americano será disputado entre a Universidade da Geórgia e a de Notre Dame.

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