Ministro israelense renuncia após acordo de cessar-fogo em Gaza

Israel passa por um momento político turbulento, com o acordo de cessar-fogo, interrompido horas antes de ser aplicado na prática e a renúncia do ministro de Segurança Interna de, Itamar Ben-Gvir, que tomou a decisão em protesto à trégua na guerra (18).
O que aconteceu
Itamar Ben-Gvir classificou o pacto de cessar-fogo como imprudente. O ministro da Segurança Interna, membro do partido de extrema direita Poder Judaico, renunciou neste sábado em oposição ao acordo de cessar-fogo com o Hamas. Ele classificou o pacto como "imprudente" e anunciou que deixará o cargo, embora tenha afirmado que não derrubará a coligação.
Ameaças prévias aconteceram na semana. Na quinta-feira, Ben-Gvir já havia ameaçado renunciar, mas recuou, condicionando sua saída ao andamento das negociações e à trégua.
Possibilidade de retorno ao governo está atrelada a volta da guerra. O ex-ministro indicou que pode voltar ao governo de Netanyahu caso a guerra contra o Hamas seja retomada "com intensidade" após a primeira fase do acordo.
Críticas ao cessar-fogo e libertação de reféns. Em entrevista coletiva, Ben-Gvir destacou que o pacto não inclui a libertação de todos os reféns, fato central que fez com que o próprio acordo não fosse efetivado hoje. O ministro criticou os objetivos do acordo.
Ministros votando contra e bombardeio
Ministros votaram contra o acordo. Segundo o jornal Times of Israel, 24 ministros votaram a favor, enquanto oito votaram contra a aprovação do acordo de cessar-fogo. O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, não estava presente. Uma nota publicada pelo escritório do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informa que "o governo aprovou a estrutura para o retorno dos reféns", que entraria em vigor no domingo (19).
Mesmo após acordo, Israel bombardeou Gaza, matando 101 pessoas entre quinta (16) e sexta (17). Entre as vítimas, estão 31 mulheres e 27 crianças. Embora o pacto tivesse sido assinado, estava previsto para entrar em vigor apenas no domingo — dessa maneira, Israel não violou o acordo de cessar-fogo.
Acordo de cessar-fogo foi discutido no Qatar
Pacto foi negociado no Qatar entre Israel e Hamas. O pacto prevê a troca de reféns e prisioneiros em diferentes etapas, assim como a desocupação gradual da Faixa de Gaza por parte das tropas israelenses.
Premiê do Qatar pediu compromisso das partes. Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse que a primeira fase durará 42 dias. Os detalhes dos procedimentos para a segunda e terceira fases serão finalizados durante a implementação da primeira fase. Ele ressaltou a "necessidade de ambas as partes se comprometerem com a implementação de todas as três fases do acordo" para evitar "derramamento de sangue civil".
Joe Biden disse que americanos serão parte da primeira onda de reféns libertos. Atual presidente dos Estados Unidos afirmou que o interesse de Israel é encontrar um fim definitivo para a guerra nas próximas seis semanas, mas que o cessar-fogo seguirá mesmo se os envolvidos no conflito não chegarem a um meio-termo neste período.
Pacto quebra promessa de aniquilação do Hamas por primeiro-ministro. Netanyahu tinha prometido que a guerra só acabaria quando o movimento extremista tivesse sido exterminado.
Comissária da União Europeia para o Mediterrâneo confirmou acordo. Apesar da postura de Netanyahu, Dubravka Suica indicou que "saúda o acordo de cessar-fogo e o acordo de reféns entre Israel e o Hamas, que trará o alívio tão necessário para as pessoas afetadas pelo conflito devastador". A União Europeia afirma que "continua empenhada em apoiar todos os esforços no sentido de uma paz e recuperação duradouras".
ONU ordenou entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza. Além de bombas, os civis foram afetados por fome e frio.
Israel divulgou fotos de reféns, mas afirmou que 98 continuam em Gaza. No X (antigo Twitter), a conta oficial do governo publicou: "Não os abraçamos há 467 dias". Entre os reféns, estão duas crianças, mulheres, idosos, adolescentes e jovens. O governo israelense acredita que todos os reféns ainda estão vivos, mas não tem a confirmação do Hamas sobre isso.
Hamas queria mapa da retirada de israelenses. Tel Aviv enviou ao grupo palestino os mapas dos locais que planeja realizar a evacuação das tropas e foi a resposta aceitando o plano que faltava para o pacto ser anunciado. O Hamas queria garantias de retiradas principalmente na região de fronteira entre Gaza e o Egito.
*Com informações de matéria publicada em 17/01/2025.
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