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Por que casas nos EUA queimam tão rápido quando ocorrem incêndios?

Fumaça e chamas sobem de uma casa em chamas, enquanto ventos fortes alimentam incêndios florestais devastadores na área de Los Angeles e forçam as pessoas a evacuar, em Malibu, Califórnia, EUA, 8 de janeiro de 2025 Imagem: Daniel Cole/REUTERS

Colaboração para o UOL

19/01/2025 05h30

As construções nos Estados Unidos frequentemente se tornam alvos fáceis para o fogo, como o incêndio que consome diversas regiões da Califórnia desde o início de janeiro, devido ao uso de drywall, madeira e materiais isolantes inflamáveis.

O que aconteceu

O drywall para a construção de paredes e divisórias é uma das principais escolhas na construção civil nos EUA. O material é composto por gesso revestido com papel cartão, proporcionando leveza e facilidade de instalação, custo reduzido e aproveitamento de espaço interno.

Porém, sua resistência ao fogo é limitada. A composição do drywall permite resistência inicial, mas a exposição prolongada a altas temperaturas causa sua degradação. Versões mais robustas, como as placas resistentes ao fogo (RF), são menos comuns em residências devido ao custo mais elevado.

Por outro lado, o drywall apresenta limitações significativas, especialmente em termos de resistência a impactos e fogo. Em incêndios de larga escala, a combinação de drywall, madeira e materiais isolantes pode levar à destruição rápida de estruturas, segundo os pesquisadores.

Historicamente, o material foi introduzido como uma solução para substituir a madeira após grandes incêndios no final do século XIX. Dois desses eventos foram particularmente marcantes:

  • Grande Incêndio de Chicago (1871): o fogo devastou cerca de 9 km² da cidade, destruindo mais de 17 mil edifícios e deixando cerca de 100 mil pessoas desabrigadas. A predominância de madeira nas construções e ruas facilitou a propagação das chamas. Essa tragédia levou à adoção de materiais mais resistentes, como tijolos e drywall, em construções futuras.
  • Incêndio em Nova York (1890): outro desastre em larga escala que destacou a vulnerabilidade das construções em madeira. Foi após esse evento que o material começou a ser desenvolvido, com foco em maior resistência ao fogo e custo acessível.

Madeira na estrutura

Mesmo após passar por vários incêndios catastróficos, estruturas e alicerces das casas americanas permanecem de madeira. Desde os primórdios da colonização, a madeira foi amplamente adotada como material de construção devido à abundância de florestas na região. Os colonos precisavam construir rapidamente e de forma econômica, e a madeira era facilmente acessível e simples de trabalhar.

Disponibilidade e praticidade da madeira, além do baixo custo, tornou a escolha viável até hoje. Um relatório da Associação Nacional de Construtores de Casas divulgado pela revista Time mostrou que 90% dos imóveis construídos em 2019 eram de madeira. Em um artigo publicado no site da organização Best Diplomats, Oleksandra Mamchii lembra que a madeira também é um material leve, permitindo construções rápidas e de fácil manutenção, ideal para um país onde a mobilidade residencial é alta. Além disso, algumas regiões oferecem incentivos fiscais para construções com madeira, reforçando a escolha desse material.

Além das paredes de drywall e colunas e vigas de madeira, os americanos forram as casas para suportar o inverno com substâncias combustíveis. Para garantir um mínimo de conforto térmico, os norte-americanos utilizam isolantes no interior das paredes, como espumas plásticas, com polímeros altamente inflamáveis, que aumentam o risco de propagação de chamas.

Incêndios na Califórnia

A Califórnia enfrenta anualmente incêndios florestais, agora intensificados pelas mudanças climáticas, aumento das temperaturas e condições de seca extrema. Em 2020, a temporada de incêndios foi uma das mais graves já registradas, com mais de 4 milhões de acres queimados e cerca de 10 mil estruturas destruídas. Esses eventos forçaram evacuações em massa e resultaram em prejuízos de bilhões de dólares.

Entre os incêndios mais recentes, destaca-se o Dixie Fire, ocorrido em 2021, que consumiu mais de 390 mil hectares, destruindo cidades inteiras, como Greenville. A combinação de vegetação seca, ventos fortes e construções predominantemente de madeira intensificou os danos e evidenciou a vulnerabilidade das habitações californianas.

Desde o início de janeiro deste ano, a Califórnia vem enfrentando incêndios florestais devastadores, principalmente nas regiões de Pacific Palisades e Altadena. Até 13 de janeiro, os incêndios resultaram em pelo menos 25 mortes e destruíram ou danificaram mais de 12.400 estruturas, forçando a evacuação de quase 180.000 pessoas.

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