Entre ruínas e reencontros: como está Gaza no 2º dia de trégua; veja fotos

Após o primeiro dia do cessar-fogo entre Israel e Hamas, que culminou na libertação de três reféns israelenses e 90 prisioneiros palestinos, imagens registradas nesta segunda-feira (20) mostram a Faixa de Gaza como cenário de comemorações, reencontros e ruínas após 15 meses de conflito e mais de 46 mil mortos na região.
O que aconteceu
Israel libertou 90 prisioneiros palestinos nesta segunda, após o Hamas entregar três reféns israelenses. As trocas são parte do acordo de cessar-fogo, iniciado no domingo (19), que prevê que as libertações dos dois lados ocorrerão em três etapas. A primeira delas está prevista para durar seis semanas, com a soltura de cerca de 1.900 palestinos presos por Israel em troca de 33 reféns israelenses sequestrados pelo Hamas.

Negociações de trégua também incluem a desocupação de territórios em Gaza. Além da libertação de prisioneiros palestinos, o acordo prevê a retirada do exército israelense de áreas densamente povoadas no território árabe, amplamente devastado pelos bombardeios israelenses, e para onde famílias palestinas estão retornando gradualmente.

A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou que 92% das casas na Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas ao longo dos 15 meses de conflito. Os dados divulgados nesta segunda mostram que cerca de 436.000 moradias foram afetadas. Destas, 160.000 foram completamente destruídas e outras 276.000 severamente ou parcialmente danificadas, segundo o OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Internacionais).

Com a trégua, milhares de palestinos deslocados tomaram as estradas em Gaza na esperança de voltar para casa. O conflito deslocou a grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes do território, que ficou em ruínas após os confrontos e bombardeios desencadeados pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.


"Não sobrou nada da nossa casa, apenas escombros, mas é o nosso lar", disse à AFP Rana Mohsen, de 43 anos, ao retornar a Jabaliya, no norte de Gaza.

Caminhões de ajuda humanitária
O acordo também prevê a entrada de mais ajuda humanitária para a população de Gaza. Autoridades egípcias preveem que, agora, 600 caminhões com mantimentos, remédios e outros itens essenciais possam entrar no território diariamente, conforme apuração da AFP.
Os primeiros caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar no território palestino logo após a trégua entrar em vigor no domingo. Ao menos 630 veículos entraram em Gaza desde o primeiro dia do cessar-fogo, segundo a ONU.

Reencontros em Gaza
Acordo entre Israel e Hamas determinou números exatos para as trocas de prisioneiros. Para cada refém civil, Israel precisa liberar 30 prisioneiros palestinos. Para cada refém soldado, são 50 detidos. Não entram no acordo os combatentes do Hamas que participaram dos ataques de 7 de outubro de 2023.
Após 471 dias de cativeiro, as três reféns israelenses libertadas já estão com suas famílias e foram hospitalizadas em "condições estáveis", de acordo com fontes médicas ouvidas pela AFP. Poucas horas depois que o trio cruzou a fronteira, Israel libertou 90 palestinos da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada, e de um centro de detenção em Jerusalém.

Entre os prisioneiros libertados estão mulheres, ativistas e mães palestinas consideradas "terroristas" pelo governo de Israel. É o caso Khalida Jarrar, presa por forças israelenses em sua casa, na Cisjordânia, em 26 de dezembro de 2023. Ela é pesquisadora da Universidade Birzeit e uma das líderes do grupo de esquerda Frente Popular para a Libertação da Palestina, considerado terrorista por Israel e pelos Estados Unidos. Eleita para o parlamento palestino nas eleições de 2006, ela estava detida em Israel sob prisão administrativa, ou seja, sem acusação formal.

Prisioneiras palestinas reencontraram familiares em Gaza


Próximas libertações devem ocorrer no próximo sábado. Sob condição de anonimato, um alto funcionário do Hamas disse à AFP que a próxima soltura de reféns israelenses ocorreria "no próximo sábado".
Cessar-fogo aumenta a expectativa de trégua duradoura em Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no último sábado (18), porém, que Israel se reserva "o direito de retomar a guerra". Do outro lado, o braço armado do Hamas afirmou que a trégua dependia de Israel "cumprir seus compromissos".
*Com AFP.
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