'Quem pagou a festa, vai cobrar', diz professor sobre promessas de Trump

É difícil imaginar como as promessas feitas pelo presidente americano, Donald Trump, serão colocadas em prática, afirmou o professor de Relações Internacionais Leonardo Trevisan no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (20).

Esta promessa de agora [sobre os anos dourados dos Estados Unidos] não fala em momento nenhum em distribuir, fala em concentrar. É muito difícil a gente entender como é que esse discurso de Trump vai virar promessa realizada. Vai ser difícil. Quem pagou a festa, uma hora vai cobrar. Professor Leonardo Trevisan

Em seu primeiro discurso, o novo presidente declarou que o declínio dos Estados Unidos chegou ao fim e que "a era dourada da América começa agora", prometendo medidas polêmicas desde o início de sua administração. Entre as ações esperadas estão o reforço da fronteira com o México e a sugestão de retomar o controle do Canal do Panamá.

Quando a gente olha para esse discurso, ele é mais ou menos o esperado. Ele repetiu algumas das ameaças de campanha e ele sistematizou, de algum modo, aquilo que são as suas promessas para o eleitor médio que votou nele.

Será um processo complexo o perfil que o seu governo está estruturando. Quando a gente olha para o governo Trump, a gente tem que entender que ele tem uma ciência interna muito poderosa. Por um lado, ele fez promessas muito concretas de desregulamentação, principalmente para as Big Techs. Ele fez promessas muito concretas de baixar impostos e de, de alguma forma, aderir a todos os pedidos dos grandes bancos. Ele prometeu desregulamentar, ele prometeu que a economia norte-americana não teria freios. Daí a chamada 'idade do ouro'.

Se ele fizer exatamente isso, quem é que vai pagar? O que ele fará com a outra parte da América que o vice dele [JD Vance] tanto representa? Que é a parte da América que não tem diploma universitário, não consegue trabalhar na economia digital, está excluída disso... Professor Leonardo Trevisan

Mantega: Trump faz jogo inteligente e estabelece nova 'política do porrete'

No UOL News, o economista e ex-ministro Guido Mantega disse que Trump faz um jogo duro, mas inteligente, e relembrou da chamada política de Big Stick (ou "Grande Porrete", na tradução livre).

Essa política foi aplicada pelo presidente Theodore Roosevelt, que governou o país entre 1901 e 1909. Ela tinha como objetivo expandir a influência econômica e política dos EUA, muitas vezes utilizando a força militar. Foi nessa época, por exemplo, que os americanos apoiaram a independência do Panamá da Colômbia e garantiram o controle sobre a construção e operação do Canal do Panamá.

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Ele não vai anexar o Canadá, quer dizer, ele ameaçou. Ele está fazendo uma política praticada pelo governo do Theodore Roosevelt, que se chamava Big Stick. E a política dele era essa, mostrar um grande porrete, Big Stick, para defender os interesses americanos... Expandir as ações da marinha americana no exterior e tudo mais.

Então, acho que o Trump está inaugurando uma nova política do Big Stick. Mas o Big Stick também com uma mão mostra o porrete e com a outra mão mostra a cenoura. Você tem que escolher o que você vai aceitar... Economista e ex-ministro Guido Mantega, nos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT)

Professor: 'Desafio de Trump será cumprir promessas de campanha'

No UOL News, o professor Maurício Moura, especialista em política americana, da Universidade George Washington, afirmou que um dos grandes desafios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será cumprir as suas promessas de campanha.

Em primeiro lugar já foi feita uma estimativa aqui em Washington que, para deportar os 11 milhões de [imigrantes] ilegais, o custo unitário é de US$ 14 mil. Esse, obviamente, que é um valor que vira um valor bilionário, que não está em nenhuma linha do orçamento americano. Então, a primeira pergunta prática é onde é que vão sair os recursos para uma movimentação dessa.

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Obviamente, deve haver muitos atos simbólicos de deportação nessa primeira semana aí. Então, muita coisa vai acontecer, mas o ponto de vista de escala, de volume, é bastante incerto como é que eles vão fazer isso. E também tem o fato que eles dependem dos outros países, dos países aceitarem de volta as pessoas que estão sendo deportadas.

Se isso se materializar vai ter uma pressão no mercado de trabalho, obviamente isso vai bater nos preços. Professor Maurício Moura

A posse de Donald Trump para o seu segundo mandato na presidência dos EUA está prevista para o longo do dia de hoje (20). A programação começou a partir das 8h (de Brasília). Os ventos árticos esperados deixaram as temperaturas abaixo de 0°C e, por questões de segurança, Trump ordenou que o discurso de posse, orações e outros pronunciamentos fossem realizados na Rotunda do Capitólio dos EUA.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

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