Trump tentou desqualificar bispa após fala potente, diz reverendo de SP
A bispa Mariann Edgar Budde teve fala potente ao pedir misericórdia para minorias, e o presidente americano Donald Trump tentou desqualificá-la, opinou o reverendo Arthur Cavalcante, deão da Catedral Anglicana de São Paulo, UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (22). O religioso pertence à mesma denominação da bispa.
Ela teve uma fala potente, trouxe elementos bastante fortes e mexeu com o que é mais sagrado dentro do povo americano, que é essa questão da Bíblia. Reverendo Arthur Cavalcante, deão da Catedral Anglicana de São Paulo
O presidente participou de uma missa na Catedral Nacional de Washington em celebração à sua posse. A cerimônia foi liderada pela bispa Mariann Edgar Budde, membro do alto escalão da Igreja Episcopal - uma vertente do protestantismo.
Em seu discurso, a bispa repreendeu o novo líder sobre os decretos que ele assinou contra pessoas LGBTQ+ e migrantes. Após repercussão, Trump reagiu dizendo que a religiosa foi "desagradável", "esquerdista radical" e que deveria um "pedido de desculpas".
Durante entrevista ao Canal UOL, o reverendo brasileiro defendeu a sua colega e refletiu sobre a reação de Trump.
A bispa estava na sua na sua prerrogativa de emitir a declaração, feita também diante de outros líderes religiosos não só da Igreja Episcopal, mas também de pessoas judias, muçulmanas, budistas, pentecostais, batistas, católicos.
A reação do Trump foi realmente uma reação de quem não suportou uma crítica, aliás, uma crítica elegante, uma fala sem afetação nenhuma, ao ser direcionada diretamente ao líder da nação, que se compromete com a Constituição, se compromete com valores daquele país, valores democráticos.
Então, quando Trump traz essa fala, desqualifica a posição dela como mulher, como líder religiosa do seu próprio país. É uma fala que tira o foco. A essência dessa fala em relação às medidas que são tomadas em relação aos migrantes e LGBTs para dizer que é uma fala de uma esquerdista, uma fala que ele não consegue qualificá-la, colocá-la num compartimento e ali isolá-la. Isso é triste. Reverendo Arthur Cavalcante, deão da Catedral Anglicana de São Paulo
Questionado sobre o pedido de desculpas exigido pelo republicano, o reverendo afirmou.
Olha, pedir desculpas não é algo que venha a humilhar qualquer pessoa, qualquer entidade, qualquer representação. Pedir desculpas faz parte da espiritualidade nossa, pelo menos no segmento cristão. Contudo, claro, as pressões existem.
Se essa bispa recebe pressões de colegas, pode receber pressões do seu próprio rebanho, mas como eu disse, é uma decisão que ela está sendo respaldada internacional, ou seja, pela igreja, por algo muito maior do que ela, que é a tradição das episcopais anglicanas. Reverendo Arthur Cavalcante, deão da Catedral Anglicana de São Paulo
Mas, afinal, quem é a bispa?
Mariann tem 65 anos e é bispa episcopal de Washington. A sua biografia, que consta no site da diocese, diz que ela atua como líder espiritual de 86 congregações episcopais e dez escolas episcopais no Distrito de Columbia e quatro condados de Maryland.
A religiosa foi a primeira mulher a ser eleita como diocesana de Washington, em 2011. A líder religiosa também atua como presidente da Protestant Episcopal Cathedral Foundation, que supervisiona os ministérios da Washington National Cathedral e da Cathedral schools.
Mariann é casada, mãe de dois filhos adultos e avó. ''Quando não está trabalhando, você frequentemente a encontrará andando de bicicleta, passando tempo com a família ou cozinhando o jantar para amigos'', relata sua biografia.
Pontes sobre Bolsonaro: 'amigo não concorda com tudo, senão seria puxa-saco'
No UOL News, o senador Marcos Pontes confirmou a manutenção de sua candidatura à presidência do Senado e negou que esteja chateado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após troca de farpas.
Eu sou amigo do Bolsonaro há muito tempo, e amigo é assim mesmo: às vezes concorda, às vezes não. Faz parte. Aquela manifestação dele também foi num dia em que ele estava chateado porque gostaria de estar na posse do Trump. Mas não tem problema, a gente segue.
Essa minha candidatura é uma candidatura independente do partido, o que deixa o partido numa situação muito tranquila de fazer os acordos que quiser, seja com Davi Alcolumbre ou qualquer outro candidato que desejarem. Mas eu continuo [nessa campanha]. Senador Marcos Pontes
A disputa entre os dois teria ocorrido após o senador rebater o ex-presidente, seu antigo aliado, e reiterar a sua pré-candidatura à presidência do Senado. Sem citar o nome de Bolsonaro, o político paulista afirmou no X (antigo Twitter) que "a arrogância pode fechar portas".
O ex-presidente apoia o nome de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se queixou publicamente da "disciplina" de seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia e falou em "honrar a palavra dada".
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