O mistério da 'ilha fantasma' que apareceu no Mar Cáspio e depois sumiu

Satélites da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, registraram o aparecimento de uma ilha próximo à costa do Azerbaijão. Meses depois, as imagens mostraram que a ilha havia desaparecido. A atividade de um vulcão na região explica o fenômeno, que fez com a ilha fosse apelidada de "fantasma" pelos especialistas.

O que aconteceu

Ilha emergiu do Mar Cáspio depois da erupção de um vulcão de lama. As imagens registradas pela Nasa em novembro de 2022 não indicam a presença de ilhas na região, e a superfície do vulcão permanecia embaixo d'água. Segundo a agência, o vulcão Kumani Bank, também conhecido como Chigil-Deniz, entrou em erupção no início de 2023, e a explosão fez com que uma porção de terra emergisse no local. Em fevereiro daquele ano, a ilha estava visível aos satélites, com uma "pluma de sedimentos" se dispersando a partir do vulcão.

Em dezembro de 2024, no entanto, a ilha havia praticamente desaparecido novamente. Imagens da mesma região em que a ilha havia sido detectada mostram que ela desapareceu de vista, segundo o site oficial da Nasa. O sumiço da ilha fez com que o pedaço de terra fosse apelidado de "fantasma" pela própria agência.

Observações adicionais de satélite sugerem que a ilha surgiu entre 30 de janeiro e 4 de fevereiro [de 2023] e media aproximadamente 400 metros de diâmetro. Mark Tingay, geólogo, à Nasa

Vulcão provoca ilhas transitórias na região

De acordo com a Nasa, as erupções do vulcão costumam formar ilhas temporárias no Mar Cáspio. Situado a cerca de 25 quilômetros da costa do Azerbaijão, o Kumani Bank produz este tipo de fenômeno desde a primeira erupção, registrada em 1861. Após a explosão, parte do vulcão fica acima da superfície do mar, formando as chamadas ilhas. Com a erosão causada pela água e pelos ventos, a porção de terra volta a ficar submersa, fazendo com que a ilha desapareça.

Imagens de satélites mostram a mesma região, porém em diferentes datas. À esquerda, no final de 2022; ao centro, em fevereiro de 2023, com o aparecimento da ilha; e à direita, no final de 2024
Imagens de satélites mostram a mesma região, porém em diferentes datas. À esquerda, no final de 2022; ao centro, em fevereiro de 2023, com o aparecimento da ilha; e à direita, no final de 2024 Imagem: Divulgação/Earth Observatory/Nasa

Os registros indicam que as explosões do Kumani Bank produzem ilhas de diferentes tamanhos. Segundo a Nasa, uma erupção detectada em maio de 1861 resultou em uma ilha de 87 metros de diâmetro e 3,5 metros acima da água. Neste caso, a erosão aconteceu no início de 1862. "A erupção mais forte, em 1950, produziu uma ilha de 700 metros de diâmetro e 6 metros de altura", relata a agência.

Além de lama, vulcões do tipo cospem gases inflamáveis

Os vulcões de lama são geralmente encontrados em áreas com atividade tectônica ativa ou altas taxas de sedimentação. De acordo com a agência norte-americana, nesses locais o aumento da pressão subterrânea pode levar a mistura de fluidos, gases e sedimentos para a superfície.

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As explosões desse tipo de estrutura podem causar "torres de chamas a centenas de metros de altura". Em um curto período, os vulcões de lama podem expelir, além do fogo, materiais como gases inflamáveis. As estruturas geológicas situadas perto do Azerbaijão são conhecidas por emitir gases como o metano.

O Azerbaijão tem uma alta concentração de vulcões de lama. A região está em uma zona de convergência em que as placas tectônicas da Arábia e da Eurásia estão colidindo, conforme a Nasa. No leste do país e no Mar Cáspio, os geólogos registraram mais de 300 vulcões de lama, sendo que a maioria está localizada em áreas terrestres.

Segundo a Nasa, essas estruturas podem não ser exclusivas do planeta Terra. Os cientistas acreditam que esse tipo de vulcão pode existir no norte de Marte, tendo se formado quando "sedimentos ricos em gás e líquido foram expelidos para a superfície".

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