Josias: 'Riviera' em Gaza combina interesse econômico e familiar de Trump
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As declarações de Donald Trump sobre a Faixa de Gaza revelam os interesses econômicos e familiares do presidente norte-americano na região, acima de qualquer plano humanitário, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta quinta (6).
Trump afirmou que os EUA querem assumir o controle da Faixa de Gaza, realocar os palestinos para países vizinhos e criar uma "Riviera do Oriente Médio" no território.
O que há nas entrelinhas de tudo o que Trump falou é um extraordinário interesse econômico em relação que está por vir na Faixa de Gaza. O interesse econômico dos EUA está presente na fase de destruição, quando a indústria bélica faturou muito fornecendo armamento e munição que Israel usou para destruir a região, e também na reconstrução de Gaza.
Gaza se tornou um aglomerado de escombros e sua reconstrução exigirá um grande esforço. O que está subentendido nos planos de Trump é que os EUA participarão desse esforço e Trump não quer colocar dinheiro do contribuinte norte-americano nisso. Ele fala em reunir 'parceiros'; o grande construtor americano e o interesse imobiliário dos EUA estarão representados aí.
Trump fala em colocar os palestinos para fora e construir uma 'Riviera do Oriente Médio'. Ele não está preocupado com a soberania de um futuro Estado palestino, com o direito internacional e nem dando a mínima para o apreço e ao direito histórico que os palestinos têm de continuar naquela faixa de território. Interessa a ele a reconstrução do ponto de vista econômico. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias citou matérias publicadas pela imprensa norte-americana que mostram os negócios mantidos por Trump em diversos países do Oriente Médio. Para o colunista, isso reforça que o interesse do republicano por Gaza tem apenas a intenção de reforçar seus próprios investimentos na região.
O [jornal] The New York Times apresenta uma reportagem muito detalhada com todos os interesses imobiliários e no setor de turismo que a família Trump cultiva no Oriente Médio. Há investimentos em Omã, Arábia Saudita, Dubai [Emirados Árabes Unidos], Qatar. Essa matéria mostra que Trump não é um ator isento.
Ele está pensando em primeiro lugar nos interesses empresariais da sua própria família e dos seus parceiros na economia americana. Não se pode olhar de forma inocente e ingênua para o que está acontecendo a partir das revelações dos planos de Trump sobre a Faixa de Gaza.
Há muitos interesses econômicos por trás disso e é preciso que eles venham à tona até para desmoralizar um pouco essa pretensão de Trump. Aqui, não há um interesse de Estado, mas uma combinação entre interesse econômico e familiar. Isso já está claro e ficará ainda mais se Trump insistir nesse caminho. Josias de Souza, colunista do UOL
Maierovitch: Lula cai de cabeça em erro de falar em genocídio em Gaza
O presidente Lula (PT) comete um grande equívoco ao insistir nas declarações de que Israel está promovendo um genocídio palestino, afirmou o colunista e jurista Wálter Maierovitch.
À luz do direito internacional, se Trump realizar aquilo que falou vai tipificar crime contra a humanidade. Quando a convenção das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional tratam dessa questão, há uma tipificação que fala exatamente de deslocamentos coercitivos, obrigatórios. Isso já veio à luz quando Israel impôs um deslocamento de palestinos do norte para o sul da Faixa de Gaza.
Essa questão volta em cima dessa barbaridade dita pelo Trump. Se ele executar ou entrar no campo da tentativa, é crime contra a humanidade na modalidade de limpeza étnica.
Isso colocado, Lula reagiu como vários outros líderes, mas a resposta não pode ficar em multiplicação. Lula vem reiterando isso e fora de tempo. Ele compra uma briga quando tipifica como genocídio, algo sobre o qual o Tribunal Internacional e a Corte de Justiça Internacional ainda não se manifestaram.
Pela definição [de genocídio], colocou-se a necessidade de intenção. Vários juristas apontam que Israel não está promovendo genocídio na Cisjordânia, que é terra palestina e interrompeu combates para a vacinação de crianças palestinas. Isso é uma discussão e Lula cai de cabeça e erradamente nisso. Ele volta a bater nessa tecla, arrumando uma briga de graça. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
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