Maierovitch: Lula cai de cabeça em erro de falar em genocídio em Gaza

O presidente Lula (PT) comete um grande equívoco ao insistir nas declarações de que Israel está promovendo um genocídio palestino, afirmou o colunista e jurista Wálter Maierovitch no UOL News desta quinta (6).

Em entrevista a rádios da Bahia hoje, Lula voltou a criticar Donald Trump pelas declarações de que os EUA assumirão o controle da Faixa de Gaza. O petista também repetiu as acusações de que Israel promove um genocídio palestino.

À luz do direito internacional, se Trump realizar aquilo que falou vai tipificar crime contra a humanidade. Quando a convenção das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional tratam dessa questão, há uma tipificação que fala exatamente de deslocamentos coercitivos, obrigatórios. Isso já veio à luz quando Israel impôs um deslocamento de palestinos do norte para o sul da Faixa de Gaza.

Essa questão volta em cima dessa barbaridade dita pelo Trump. Se ele executar ou entrar no campo da tentativa, é crime contra a humanidade na modalidade de limpeza étnica.

Isso colocado, Lula reagiu como vários outros líderes, mas a resposta não pode ficar em multiplicação. Lula vem reiterando isso e fora de tempo. Ele compra uma briga quando tipifica como genocídio, algo sobre o qual o Tribunal Internacional e a Corte de Justiça Internacional ainda não se manifestaram.

Pela definição [de genocídio], colocou-se a necessidade de intenção. Vários juristas apontam que Israel não está promovendo genocídio na Cisjordânia, que é terra palestina e interrompeu combates para a vacinação de crianças palestinas. Isso é uma discussão e Lula cai de cabeça e erradamente nisso. Ele volta a bater nessa tecla, arrumando uma briga de graça. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

Para Maierovitch, as declarações de Trump têm alto poder para atrapalhar o acordo de trégua entre Israel e Hamas, acirrando a tensão em uma área onde a paz caminha sobre uma linha tênue.

O Hamas mostra músculos. A última entrega de reféns foi no sul, na terra em que foi executado o comandante da força armada do Hamas. Foi feito ali, com um palanque, um show. Isso fez com que houvesse uma reunião enorme de palestinos, que se mostraram solidários.

O Hamas continua com força na região e continua fazendo a unificação do povo, chamando-o para reuniões. Isso preocupou sobremaneira Benjamin Netanyahu, que deve ter chorado as mágoas para Trump porque os palestinos estão resistindo e se manifestando.

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Trump entra no meio e cria uma confusão, que é muito própria para a trégua ser rompida após a devolução dos últimos reféns vivos. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

Josias: 'Riviera' em Gaza combina interesse econômico e familiar de Trump

As polêmicas declarações de Donald Trump sobre a Faixa de Gaza revelam os interesses econômicos e familiares do presidente norte-americano na região, acima de qualquer plano humanitário, disse o colunista Josias de Souza.

O que há nas entrelinhas de tudo o que Trump falou é um extraordinário interesse econômico em relação que está por vir na Faixa de Gaza. O interesse econômico dos EUA está presente na fase de destruição, quando a indústria bélica faturou muito fornecendo armamento e munição que Israel usou para destruir a região, e também na reconstrução de Gaza.

Gaza se tornou um aglomerado de escombros e sua reconstrução exigirá um grande esforço. O que está subentendido nos planos de Trump é que os EUA participarão desse esforço e Trump não quer colocar dinheiro do contribuinte norte-americano nisso. Ele fala em reunir 'parceiros'; o grande construtor americano e o interesse imobiliário dos EUA estarão representados aí.

Trump fala em colocar os palestinos para fora e construir uma 'Riviera do Oriente Médio'. Ele não está preocupado com a soberania de um futuro Estado palestino, com o direito internacional e nem dando a mínima para o apreço e ao direito histórico que os palestinos têm de continuar naquela faixa de território. Interessa a ele a reconstrução do ponto de vista econômico. Josias de Souza, colunista do UOL

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