Mais forte que heroína: o que é fentanil, droga pivô das taxações de Trump

Ler resumo da notícia
O presidente norte-americano Donald Trump afirmou que quer obrigar a Canadá, o México e a China a reduzir o tráfico de fentanil, um opioide responsável por uma grave crise sanitária nos Estados Unidos. A China, cujos produtos terão uma taxa suplementar de 10%, é acusada de passividade frente ao tráfico dos componentes do fentanil, droga que, segundo autoridades americanas, provocou mais de 70.000 mortes por overdose no país.
O que é fentanil
É um ópio sintético 50 vezes mais potente que a heroína e muito mais fácil e barato de produzir. Ele é mais forte e eficaz do que outros analgésicos opioides, como morfina, oxicodona e hidromorfona.
Medicamento pode reduzir a dor, mas a ingestão deve ser rigorosamente monitorada. Tomado de forma descontrolada como entorpecente, pode comprometer a percepção, reduzir o ritmo respiratório, provocar estados de coma e, no pior dos casos, morte.
Pode ser ministrado para câncer em estágio terminal ou após um procedimento cirúrgico mais grave. Pertencente à classe dos opioides sintéticos, é conhecido por sua potência excepcionalmente alta.
Fentanil é utilizado também como anestésico. Substância atua no sistema nervoso central, colocando o paciente em estado de sono profundo, sem sentir dor. A dosagem depende do estado geral e da gravidade e duração da intervenção.
Ministração deve ser cuidadosamente monitorada por profissionais de medicina ou outros. Eles devem garantir que o paciente receba oxigênio suficiente, porque mesmo pequenas quantidades de fentanil podem causar depressão respiratória, com risco de vida por falta de oxigenação, sobretudo do cérebro e do coração.
Droga pode ser administrada por via intravenosa. Dessa forma, age muito rápido, pois vai direto para a corrente sanguínea. Consumido de forma descontrolada como entorpecente, há risco de overdose e consequente morte.
Substância também é vendida em pó. Muitos dependentes inalam ou ingerem comprimidos, feitos a partir do pó prensado em fábricas clandestinas de medicamentos, especialmente na América Latina. A dosagem também é difícil, e mesmo dois miligramas podem ser letais.
Adesivos da droga são conhecidos como fentanil transdérmico. Consultórios médicos e farmácias agora costumam prestar muita atenção ao descarte adequado e seguro dos adesivos de fentanil, porque dependentes continuam tentando obter unidades descartadas na lata de lixo.
Fentanil também pode ser vaporizado e inalado. Essa forma de ministração também pode facilmente resultar em overdose.
Droga nos EUA
Fentanil é a principal causa de morte entre norte-americanos de 18 a 45 anos. O departamento de controle de drogas dos EUA diz que a China é "a maior fonte de produtos químicos relacionados ao fentanil contrabandeados para os Estados Unidos". Em 2019, a China reforçou os controles, reduzindo o tráfego direto para os Estados Unidos.
Segundo EUA, componentes químicos são enviados para o México — onde seriam transformados em fentanil. As substâncias químicas são, em sua maioria, legais na China, onde são usadas como analgésicos. O país diz que não há "tráfico ilegal de fentanil" de seu território para o México e promete fortalecer os controles.
Aumento das tarifas será eficaz?
Não há garantia de que medidas terão o efeito desejado. "A China está ampliando sua cooperação na aplicação da lei e no combate ao tráfico de drogas com países com os quais mantém boas relações", disse Felbab-Brown, do laboratório Brookings Institution. No entanto, "países com os quais mantém relações ruins ou que estão enfraquecendo, recusa qualquer cooperação", acrescentou.
Há também o problema da lavagem de dinheiro. "Os cartéis internacionais cada vez mais recorrem a grupos chineses especializados em serviços de lavagem de dinheiro rápidos, baratos e seguros", disse a pesquisadora Zongyuan Zoe Liu em um relatório publicado em setembro pelo grupo americano Council on Foreign Relations. "Obter o apoio de Pequim para interromper o fluxo ilícito de fentanil e suas substâncias químicas é um primeiro passo crucial para conter a oferta" do tráfico, enfatiza.
* Com informações da AFP e da DW.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.