'Está com corpo machucado', diz pai de brasileiro vítima de tráfico humano
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O pai de um dos jovens brasileiros, vítimas de tráfico humano em Mianmar, após receberem propostas de emprego pelo Telegram, disse que o filho dele foi espancado e eletrocutado enquanto era mantido no cativeiro. A declaração foi feita por Antonio Carlos Ferreira durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (11). Os dois brasileiros conseguiram fugir e, depois, foram resgatados no país asiático.
O meu filho falou que está com o corpo todo machucado, marcado, de choque, de pancada, que aqueles malditos fizeram com eles. O mundo tem que olhar para Mianmar. Antonio Carlos Ferreira, pai de Phelipe de Moura Ferreira, refém em Mianmar
Phelipe de Moura Ferreira, 26, e Luckas Viana dos Santos, 31, se tornaram vítimas de tráfico humano em Mianmar entre outubro e novembro, após aceitarem supostas propostas promissoras de emprego na Tailândia, por meio do aplicativo de mensagens Telegram. Os dois ficaram presos em uma fábrica em Myawaddy, onde eram forçados a trabalhar 15 horas por dia. Sob ameaças e tortura, eles eram obrigados a aplicar golpes digitais em pessoas de outros países.
No sábado (8), ambos conseguiram escapar ainda pela madrugada e, dois dias depois, foram encontrados e detidos por agentes do DKBA (Exército Democrático Karen Budista), grupo armado de rebeldes dissidentes das Forças Armadas de Mianmar, que vive sob regime ditatorial militar há quatro anos e é dominado por milícias armadas pró e contra o governo. Na sequência, Phelipe e Luckas foram levados para uma prisão, onde aguardam transferência para a Tailândia com o auxílio de uma organização civil internacional de combate ao tráfico humano.
Ao Canal UOL, Antonio contou que os dois foram parar na Ásia em busca de emprego, mas acabaram sendo sequestrados por um grupo criminoso.
O meu filho recebeu uma proposta no ano passado para trabalhar no Uruguai. Foi, mas não gostou. Depois disso, ele viu uma mensagem no Telegram para trabalhar lá na Tailândia. Ele acreditou e abraçou, porque na primeira vez [o Phelipe já tinha trabalhado no Laos tempos atrás] já havia dado certo. Aí essa suposta empresa comprou a passagem para eles até a Tailândia. Ao chegar na Tailândia, os dois foram levados para um hotel. Antonio Carlos Ferreira, pai de Phelipe, refém em Mianmar
Antonio disse que, no dia seguinte, um motorista foi até o hotel pegá-los. Os dois entraram no carro, mas perceberam algo errado após andarem cerca de duas horas e meia.
Ele percebeu algo errado ao entrar em uma mata. O meu filho mandou a localização para um amigo [aqui no Brasil]. O amigo puxou a localização e descobriu que eles estavam em Mianmar, e não na Tailândia. Antonio Carlos Ferreira, pai de Phelipe, refém em Mianmar
Já no cativeiro, os dois foram ameaçados pelo grupo. "Se não batiam a meta, eles ameaçavam tirar os órgãos do meu filho."
Pai de refém: 'ajuda zero do governo brasileiro'
O pai também afirmou que durante todo o período de angústia não obteve muita ajuda do governo brasileiro.
Ajuda, zero. Ajuda, zero. Eles [o governo brasileiro] ficavam mandando nota padrão e mentirosa para a imprensa. O Itamaraty nunca me ligou. Eu mandava mensagem para o Ministério das Relações Exteriores e me pediam, encarecidamente, para eu reportar para a Embaixada do Brasil lá em Mianmar. Parecia que não gostava das mensagens que eu mandava. Oras, bola! O Ministério das Relações Exteriores é responsável pelas embaixadas dos outros países, pô... Resumindo, nem a Embaixada do Brasil pressionava o governo lá de Mianmar e nem o Ministério de Relação fazia nada. Essa é a realidade.
Mas preciso agradecer à ONG internacional [The Exodus Road]. Eles foram um anjo que Deus colocou em nosso caminho, e, ao mesmo tempo, a Polícia Federal que nos colocou em contato [com a ONG]. A dor que a gente sentia, eles compartilhavam, ao contrário da embaixada brasileira. Antonio Carlos Ferreira, pai de Phelipe, refém em Mianmar
Especialista: 'Governo Lula não precisa responder à taxação do aço'
No UOL News, Arno Gleisner, diretor da Cisbra (Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil), afirmou que o governo Lula (PT) não precisa responder à taxação de aço imposta pelo presidente americano, Donald Trump.
A taxação não foi imposta apenas ao Brasil. Ela foi imposta a todos os fornecedores de aço importados pelos Estados Unidos. Tanto ao Brasil pode haver um favorecimento ao produto americano, mas ele não pode também reagir tão rapidamente e aumentar a sua produção de maneira que a importação global dos Estados Unidos diminuiria. Isso não pode acontecer no curto prazo, nem no médio prazo. Então, não há uma repercussão grave de maneira nenhuma. Arno Gleisner, diretor da Cisbra
Ontem, Trump anunciou tarifas contra o aço, afetando potencialmente US$ 6 bilhões em exportações brasileiras. Os problemas podem ser ampliados ainda nesta semana, diante da promessa do americano de que irá aplicar uma política de reciprocidade tarifária. As tarifas contra o aço devem chegar a até 25%.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo, o governo Lula estuda taxar plataformas digitais norte-americanas como medida de retaliação. Caso isso aconteça, serviços digitais de Amazon, Facebook, Instagram, Google e Spotify —uma empresa sueca— seriam afetados. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que era preciso aguardar o anúncio oficial dos EUA.
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